Gigantes de tecnologia buscam mais mulheres

Empresas do Vale do Silício querem diversificar seus conselhos de administração

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Por Pui-Wing Tam
Atualização:
Amy recebeu cerca de vinte ofertas de emprego antes de aceitar cargo na Cisco Foto: JASON HENRY | NYT

Durante meses, empresas de tecnologia estiveram no encalço de Amy Chang. As ligações eram constantes, disse a executiva-chefe da Accompany, uma startup do Vale do Silício. Apesar de não aceitar as ofertas de trabalho, continuavam a ligar, perguntando a mesma coisa: quer fazer parte do nosso conselho?

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“Neguei de 15 a 20 ofertas”, explica Amy, de 39 anos. Ela foi executiva do Google por sete anos antes de fundar a Accompany, que produz um aplicativo de briefings para executivos. No final, ela aceitou um convite: em outubro, passou a integrar o conselho diretivo da Cisco, a gigante do Vale do Silício. O emprego garante salário anual de US$ 75 mil e milhares de dólares em ações. Agora, ela é uma das quatro mulheres do conselho da companhia.

Até para o Vale do Silício, onde guerras de recrutamento são intensas, atrair mulheres para conselhos diretivos é um desafio. Embora empresas ainda busquem as profissionais mais relevantes do setor, um novo conjunto de candidatas está sendo alvo de disputas. Essas mulheres costumam ser jovens e integraram o setor de tecnologia durante boa parte de suas carreiras.

Além disso, a disputa por elas aumenta à medida que empresas sofrem pressão para diversificar seus conselhos. Embora algumas tenham tomado medidas para acrescentar mais mulheres à diretoria, todas ainda deixam a desejar quando o assunto é diversidade. Entre as 150 gigantes do Vale do Silício, apenas 15% dos membros dos conselhos eram mulheres.

Amy, porém, é apenas uma das integrantes da nova geração de mulheres do setor de tecnologia que agora estão sendo convocadas para diminuir essa diferença. Outro exemplo deste grupo é Stacy Brown-Philpot, convocada para sua primeira diretoria de empresa de capital aberto, a HP. “As diretorias buscam diversidade em múltiplas dimensões, como gênero e idade. Se você for capaz de trazer novas perspectivas, sua demanda estará em alta”, diz David Chun, executivo-chefe da consultoria de mercado Equilar.

Mercado. A busca por essas mulheres também está se tornando desafio para startups. Glenn Kelman, executivo-chefe da imobiliária online Redfin, afirmou que às vezes precisava criar atrativos para trazer mulheres para o seu conselho, já que outros executivos de startups também estão em busca das mesmas pessoas.

Nessa empreitada para diversificar o conselho, Kelman conseguiu a executiva Julie Bornstein, fundadora da startup de personal stylist Stitch Fix. Ela disse ter recebido 40 ligações para participar de conselhos nos últimos anos, mesmo que nunca tivesse sido diretora até então. 

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Ainda assim, alguns problemas impedem as mulheres de participar de conselhos diretivo, afirmou Julie. Ela descobriu que muitos diretores ficavam presos a redes de conhecidos na hora de pesquisar candidatos. Isso geralmente leva a buscarem sempre as mesmas pessoas.

As diretorias também desejam membros experientes. Parte do que impediu Julie de conseguir outros postos era o fato de que “eles não conseguiam superar o fato de que eu não tinha sido diretora anteriormente”. “Há poucas mulheres no alto escalão da tecnologia”, diz. “É preciso apostar em pessoas novas.”

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