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Google abre vagas na China

Seis meses depois da crise com o governo, empresa parece estar voltando a investir no país

Por Agências
Atualização:

O Google está contratando dúzias de funcionários da área técnica e de marketing na China para defender sua participação cada vez menor contra os rivais no país, depois de fechar seu sistema de buscas chinês há seis meses por causa de uma disputa contra a censura.

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Usuários da China continental podem acessar o site em chinês de Hong Kong, onde não há filtros na internet. O site conseguiu manter o Google como o segundo buscador mais popular, mas o acesso aos sites de Hong Kong são bloqueados ocasionalmente e alguns usuários trocaram o Google por alternativas locais, a maior parte pelo líder de mercado Baidu.

O Google manteve as equipes de pesquisa e desenvolvimento e um escritório de vendas de anúncios no país, enquanto promove o sistema operacional Android para celulares. A empresa lançou o que chama de “campanha de recrutamento em larga escala” para pelo menos 40 vagas, desde gerente de marketing nacional a engenheiro de software.

“Nossas equipes de engenharia em Pequim e Xangai continuam focados em trazer inovações para os nossos serviços na China”, a empresa afirmou por escrito às perguntas.

As contratações atiçaram as esperanças dos fãs do Google na China de que o sistema de buscas pode voltar a funcionar, embora o Google não tenha dado indicações que isso vai ocorrer. Nenhuma das ofertas de emprego menciona o site chinês, Google.cn.

 

“As contratações podem sugerir algum movimento nas conversas com o governo”, disse Edward Yu, presidente da Analysys International, uma empresa de pesquisa de Pequim.

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O Google não respondeu imediatamente às questões sobre os contatos com o governo chinês ou se espera reabrir o Google.cn.

A China é o mercado de internet mais populoso, com mais de 420 milhões de internautas, mas o Google fala pouco sobre seus planos no país, deixando os usuários e analistas pensando o que pode acontecer.

“Acho que o Google vai voltar para a China”, disse Qiao Fan, um designer de sites de 27 anos. Ele é criador do site www.gogogoogle.com, uma página de fã para promover o Google entre os usuários chineses. “Alguns produtos do Google não podem ser encontrados em outros serviços”, disse ele, citando os recursos de e-mail de busca de amigos do Google.

Qiao tem esperanças, já que o Google se esforçou para renovar sua licença para operar o Google.cn em julho. O site atualmente traz um botão para acessar a página de Hong Kong e links para serviços não censurados. “Acho que estão se preparando para uma reestreia”, disse Qiao.

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As receitas vêm principalmente de anunciantes chineses que querem atingir consumidores do exterior, pelo site norte-americando do Google ou usuários que usam o site de Hong Kong.

No segundo trimestre, o Google tinha 24,2% do total de receitas com buscas na China, mas a participação caiu de 30,9% em relação ao trimestre anterior, de acordo com a Analysys International. Quase todo o mercado perdido foi para o Baidu, que foi de 64,2% para 70% de participação.

O  Google não quis divulgar seus resultados de vendas. Por enquanto, a China representa uma pequena parte das receitas — estimadas entre US$ 250 milhões e US$ 600 milhões do total esperado de US$ 28 bilhões para este ano. Mas a segunda economia do mundo deve se tornar mais importante conforme mais chineses passem a acessar a rede.

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“Do ponto de vista dos anúncios, temos potencial”, afirma o comunicado da empresa. “Temos uma presença local significativa na China e estamos comprometidos em ajudar os comerciantes chineses a crescer online e em atender às necessidades dos anunciantes chineses.”

Usuários da China que ainda acessam o Google têm uma formação educacional melhor, são mais ricos e mais atraentes para os anunciantes, então a receita por usuário tem uma média maior, diz Yu.

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Mesmo assim, a falta de um site da China coloca o Google em desvantagem com a concorrência, como o Baidu, Sogou e Alibaba, o gigante do comércio eletrônico chinês, que lançou um sistema de buscas.

“A tendência das receitas tem caído porque houve interrupções periódicas depois que o Google migrou para o site de Hong Kong”, disse Yu. “Usuários que não eram ‘fiéis’ ao Google estão se voltando para o Baidu e outros serviços.”

Neste mês, o Baidu, há 10 anos no mercado e por muito tempo visto como uma cópia do Google, lançou um serviço que pode hospedar games online, livros eletrônicos e outras aplicações em sua plataforma de buscas, quebrando os planos do Google de lançar um serviço parecido.

David Wolf, um consultor de marketing na área de tecnologia em Pequim, acredita que a participação do Google vai cair entre 7% e 12% em dois ou três anos — ainda na frente de rivais, mas atrás do Baidu.

O Google precisa ter permissão oficial para manter as operações de publicidade e pesquisa na China e ainda é incerto se as relações com o governo foram melhoradas, disse Wold, presidente da Wolf Group Asia. “Independentemente das mudanças que eles possam ter feito, o Google tem um desafio de relações com o governo pela frente”, disse. “Eu não sei se isso vai melhorar.”

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/ Joe McDonald (ASSOCIATED PRESS)

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