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Google Buzz é o Wave com os pés no chão

Rede social integrada ao Gmail é arma contra o Facebook

Por Rafael Cabral
Atualização:

Quando lançou o Wave, o Google queria nada menos que voltar no tempo e recriar o conceito de e-mail, fundindo-o com um comunicador instantâneo e construindo um ambiente totalmente colaborativo. A ferramenta foi vendida como uma revolução na forma como nos comunicamos na internet, mas, complexa demais, acabou não pegando. Até tentamos explicar como tudo funcionava, mas pouca gente entrou na onda. Vazio, o serviço simplesmente não faz sentido.

Com a estreia do Buzz, o Google ao mesmo tempo admite que deu um passo largo demais e volta atrás para tentar conquistar o único terreno da internet em que perde cada vez mais espaço: o da web em tempo real.

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Assim como o Wave, a nova rede social integrada ao Gmail foi pensada para tornar o estático ambiente dos e-mails em algo múltiplo. Só que, em vez de cogitar o futuro, a empresa encara o presente e ataca os seus principais adversários na briga pelo domínio da internet: Twitter e Facebook. Além disso, blinda-se contra o emergente Foursquare e se prepara para a explosão da geolocalização com um aplicativo móvel integrado ao Maps e ao Latitude.

O formato do novo projeto pode parecer conservador demais, imitando a timeline do Facebook e praticamente recriando a experiência que o Google Reader e o Gtalk, separados, já proporcionavam. A simplicidade do Buzz, no entanto, mostra uma mudança de atitude do Google, que coloca os pés no chão e aceita que tem muito a aprender com os novos serviços da web 2.0, na tentativa de se tornar mais ‘social’. Em vez de tentar recriar a roda, o Google se adapta a ela.

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Enquanto o site de Mark Zuckerberg, em um ano, praticamente dobrou de tamanho nos Estados Unidos, e um tweet parece ter sintetizado o tamanho de um pensamento, o Google não avançou muito no terreno social nos últimos anos. A companhia até tem iniciativas interessantes nesse campo, mas todas funcionam isoladamente.

Roubando a linha de atualizações do Facebook (com o botão ‘gosto’ embutido) e o sistema de respostas do Twitter (@ na frente do login), o Buzz parece ser a cola que vai unir todos eles. Por meio do serviço, será possível publicar novos conteúdos, conversar pelo Gtalk, postar fotos do Picasa, indicar artigos do Google Reader e vídeos do YouTube.

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Visualmente, o serviço lembra muito o FriendFeed (serviço social de agregamento comprado pelo Facebook no meio de 2009) e traz poucas novidades – e é por isso mesmo que ele pode decolar. Ao contrário das ondas que precisavam de um manual de instruções para surfar, o Buzz é simples, intuitivo, útil.

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O gerente de produtos Bradley Horowitz, depois de dizer que o “Buzz pegou muito do Wave”, admitiu que sua premissa é bem menos futurista que a do seu serviço-irmão. “Queremos organizar o fluxo de informações dos seus contatos”.

Depois de ver, parado, a web em tempo real explodir, o Google agora que mediá-la. Mais ou menos como já faz – por meio do seu sistema de pesquisas – com o resto da internet. Finalmente a companhia leva as redes sociais e a geolocalização a sério.

O Buzz pode não cumprir com tudo o que promete, mas ao menos não corre o risco de terminar como o Wave, um programa colaborativo quase sem colaborações. A rede contará logo de cara com os 37 milhões de usuários do Gmail. A tentativa do Google para barrar o crescimento do Facebook pode não decolar, mas já nasce gigante – do tamanho da ambição do site mais acessado do mundo.

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