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Google vai lançar tradutor em tempo real

Apesar dos resultados ainda irregulares, ferramentas de tradução do Google e da Microsoft avançam em sofisticação e novos recursos

Por Agências
Atualização:
 

Quentin Hardy THE NEW YORK TIMES

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A indústria de tecnologia está se esforçando ao máximo para derrubar a Torre de Babel. No mês passado, o Skype, serviço de chamadas de vídeo da Microsoft, inaugurou a opção de tradução simultânea entre aqueles que falam inglês e espanhol. O Google, por sua vez, vai anunciar em breve novos recursos para seu aplicativo de tradução para celulares.

O Google Translate oferece agora traduções escritas de 90 idiomas e tem capacidade de escutar traduções faladas de alguns idiomas mais populares. Na atualização, o aplicativo vai identificar automaticamente quando a pessoa falar num idioma “popular”, convertendo-o em texto escrito.

Certamente, a tecnologia que converte uma língua em outra ainda pode apresentar resultados péssimos. Em teste feito pela reportagem, foi necessário usar um fone de ouvido, e tudo funcionou melhor quando o interlocutor fazia uma pausa para ouvir o que o outro dizia. A experiência foi como se dois operadores de telemarketing estivessem usando walkie-talkies.

Mas essas queixas são pequenas diante de algo que também parecia ser fundamentalmente um milagre: em questão de minutos, acostumei-me ao processo e conversei livremente com um colombiano a respeito de sua mulher, os filhos e a vida em Medellín (ou “mede ali”, como o Skype identificou inicialmente, corrigindo-se em seguida). A maior barreira que nos separa – nossa linguagem – começou a desaparecer.

Esses erros de idioma são uma parte central de como os produtos online são aprimorados. Os serviços melhoram com o uso, pois o chamado aprendizado mecânico dos computadores examina os resultados e ajusta o desempenho. Foi assim que o recurso de verificação de erros ortográficos online se tornou confiável e que a busca, os serviços de mapas e muitos outros produtos online avançaram.

“O programa aprende conforme usamos a conversa.” Foi assim que meu novo amigo colombiano, Sebastian Cuberos, descreveu o funcionamento durante nosso diálogo pelo Skype.

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Há apenas alguns milhares de pessoas usando o serviço no Skype. Ao aprender com eles, o programa vai oferecer o recurso a um número maior das quase 40 mil pessoas esperando para testar a tradução espanhol-inglês. Mesmo nesse momento inicial, já se vislumbra-se a possibilidade de aulas de estudos sociais com crianças nos Estados Unidos e no México, ou o jornalismo no qual se torna possível conversar ao vivo com uma família na Síria.

O Google diz que seu aplicativo Translate foi instalado mais de 100 milhões de vezes em celulares Android, e a maioria deles pôde receber a atualização. “Temos 500 milhões de usuários ativos no Translate todos os meses, somando todas as nossas plataformas”, disse Macduff Hughes, diretor de engenharia do Google Translate.

Com 80% a 90% do conteúdo da internet concentrada em apenas dez idiomas, ele acrescentou que a tradução se torna uma parte fundamental do aprendizado para muitas pessoas.

O mecanismo Bing Translation, da Microsoft, é usado no Twitter e no Facebook. Este último, que também oferece comunicação sem as barreiras dos idiomas ao operar o maior serviço de compartilhamento de fotos do mundo, também tem iniciativas de tradução próprias. A empresa incluiu milhares de pessoas numa fila de espera para oferecer outros idiomas com tradução simultânea, como chinês e russo.

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Ameaças Ainda assim, alguns especialistas questionam se as máquinas conseguirão captar os significados “escondidos” por trás de características como senso de humor e entonação de cada interlocutor – dando margem a maus-entendidos.

Uma preocupação é que os serviços de tradução possam ser usados – como já ocorre com o Google e o Facebook – como uma forma de vigiar os usuários, invadindo sua privacidade. “Há um potencial mágico na tecnologia, mas também existem perigos”, disse Kelly Fitzsimmons, cofundadora do Hypervoice Consortium, que pesquisa o futuro da comunicação.

Segundo Kelly, só 1% dos consumidores consentem ter seus dados gravados. Todas as vezes que alguém usa uma máquina para fazer para uma tradução, no entanto, é isso que as máquinas fazem. O mesmo vale para comandos de voz, como a Siri, da Apple. Para ela, caberá aos próprios usuários a preocupação de gerenciar sua privacidade, em vez de simplesmente entregá-la aos prestadores de serviços. Por enquanto, porém, para ter acesso aos serviços, o cliente não tem outra escolha senão abrir mão da privacidade. O diretor de marketing de produtos do Skype, Olivier Fontana, diz que as conversas são divididas em arquivos para ter a qualidade de tradução verificada. “É impossível saber quem disse o quê”, afirmou. Hughes, do Google, disse que sua empresa também é cuidadosa com o destino dos dados de voz.

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/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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