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Governos em busca do 2.0

Seminário discute desafios para o governo colaborativo

Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

??? Seminário discute desafios para o governo colaborativo

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SÃO PAULO – O termo 2.0, usado para definir a relação de colaboração e horizontalidade da web, não é novidade nenhuma e está até de certa forma ultrapassado — afinal, já se fala em web 3.0. Mas há uma área em que ser 2.0 ainda é pouco difundido: a política.

O governo 2.0 foi tema do Brasil Gov 2.0, seminário que ocorreu nesta quarta-feira, 8, em São Paulo, na sede da Microsoft. “O governo aberto é um conceito de mudança”, disse Rodrigo Becerra, diretor de e-Government da Microsoft no mundo. A empresa realiza eventos do tipo em todo o mundo. Esta é a primeira edição no Brasil.

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Becerra explicou que, à medida que a tecnologia muda — e o uso que fazemos de suas ferramentas — , muda também a relação dos governos com a população. O “governo 1.0″, ou “eGov”, era aquele baseado na web e centrado no governo.

“Não havia interação e nem feedback da população”, diz o executivo. Agora o mundo está passando pelo que ele chama de “governo 2.0″, a relação centrada no cidadão, na colaboração e no crowdsourcing. E, em breve, chegaremos ao governo 3.0, o “uGovernment”, aquele baseado na “real world web” com prestação de serviços customizados de maneira ampla e móvel.

Mas o que caracteriza um governo 2.0? Becerra cita três pilares: transparência (que tem a ver com a divulgação de dados públicos de maneira clara e aberta); colaboração (ouvir e contar com a participação dos cidadãos para ajudar na elaboração de políticas governamentais); e participação (permitir que os cidadãos colaborem para a solução de problemas). “Um milhão de pessoas podem ajudar a resolver um problema”, diz Becerra, apostando no crowdsourcing.

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O diretor da Microsoft lembra de uma pesquisa que fez a seguinte questão: “quem mais te inspira confiança?”. Entre opções como políticos, presidentes de empresas, atores, esportistas e analistas, a categoria mais assinalada foi “uma pessoa como você”. Ou seja: pessoas próximas têm mais poder. E é por isso que as redes sociais estão cada vez mais importantes.

Ele citou três exemplos. O Eye on Earth é um site que permite aos cidadãos europeus postar e checar dados sobre a qualidade do meio ambiente ao seu entorno (só que para rodar precisa do Microsoft Silverlight). O Join the Dialogue é um braço do Data Gov, site de dados abertos do governo dos EUA, que permite ao governo consultar a população e ouvir propostas para os problemas. E o Miami 311, que é um site em que a população relata problemas e acompanha sua solução pela web (também requer o Silverlight).

Há iniciativas parecidas em todo o mundo, incluindo no Brasil, que usam plataformas abertas. O Link já falou de algumas delas, como o Urbanias (que tem uma proposta parecida com o Miami 311), o Cidade Democrática (em que os cidadãos podem cadastrar causas e conseguir apoio) e o Vote na Web, em que os usuários podem votar nos projetos de lei propostos pelos deputados. Só que essas são todas iniciativas da sociedade civil, que ainda ficam de certa forma à margem do governo.

“O conceito de cidadania está mudando. Hoje ele tem muito mais a ver com participação”, disse Beto do Valle, sócio da consultoria Terraforum.

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“Os governos continuam trabalhando de uma forma hierarquizada. Hoje temos uma estrutura de governo que foi modelada para uma sociedade que já se foi”, disse Roberto Agune, coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Inovação do governo do Estado de São Paulo. “Os governos não estão acostumados a ouvir o cidadão”.

Para Agune, o conceito de governo 2.0 é também o de cidadão 2.0: pessoas que criam ferramentas ou participam com sua opinião, como, por exemplo: os criadores do site Para Onde Foi o Meu Dinheiro. “É preciso garantir acesso à informação. Quase toda informação é pública, as sigilosas são uma parcela pequena”, disse ele. E hoje a tecnologia permite que pela primeira vez seja criado um governo 2.0, em que governo e cidadãos formam uma via de mão dupla.

O evento terminou, mas as discussões continuam no Facebook. Vale a pena dar uma olhada.

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