PUBLICIDADE

Grupo lança manifesto contra vulnerabilidade do Brasil a ataques cibernéticos

Especialistas querem chamar a atenção para problemas de cibersegurança do País e colocaram documento para consulta pública na internet

Por Ligia Aguilhar
Atualização:
 

SÃO PAULO – Um grupo de mais de 40 empresas, organizações e especialistas se uniu para produzir um manifesto público sobre a vulnerabilidade do sistema de segurança cibernético no Brasil, com o objetivo de mobilizar empresários, autoridades e a sociedade em geral para questão.

PUBLICIDADE

Disponível na internet para consulta pública e envio de contribuições até o dia 30 de junho, o documento “Segurança cibernética no Brasil – Um Manifesto por Mudanças” quer criar uma visão compartilhada sobre como melhorar a proteção na rede e promover a cibersegurança como um princípio fundamental de governança corporativa. A versão final do documento norteará os próximos passos do grupo para tentar mudar o cenário atual da segurança digital no País.

“Os executivos brasileiros pensam a cibersegurança apenas como um problema de tecnologia. Quando o foi revelada a espionagem da NSA (Agência Nacional de Segurança dos EUA), o governo falou em criptografia e cabos submarinos, mas falta uma visão estratégica, de processo, de como usar a tecnologia corretamente”, diz William Beer, Sócio da Alvarez & Marsal e um dos signatários do documento.

O documento se pauta em quatro pontos fundamentais: Formação de líderes experientes em cibersegurança; Aprimorar a privacidade/Colaborar com o setor público; Acabar com a escassez de proficiência em ciber, e transformar as pessoas na primeira linha de defesa.

Estratégia. A ideia é que não adianta apenas o investimento em equipamentos para a proteção de dados, mas também é necessário adotar comportamentos seguros, como a adoção de senhas “fortes” e cuidado ao clicar em links e arquivos de origem desconhecida, por exemplo, no caso do usuário comum.

A própria Symantec, fabricante do antivírus Norton, declarou recentemente ao Wall Street Journal que o antivírus morreu. Segundo o vice-presidente de segurança da informação da empresa, Brian Dye, os antivírus hoje são capazes de prevenir apenas 45% dos ataques.

Assim como outras companhias, a Symantec tem focado em desenvolver produtos que, em vez de lutar para manter os hackers fora do computador, assumem que eles vão invadir um sistema de qualquer maneira e tentam localizá-los e minimizar danos.

Publicidade

Para empresas o cenário é um pouco mais complexo, como o roubo de propriedade intelectual e a falta de confiança de empresas estrangeiras na cibersegurança do País, que inibe investimentos. “Se uma empresa está pensando em fazer investimento no Brasil, quer garantias que o sistema brasileiro é forte, que existem leis para proteger os negócios. No Brasil, não temos uma estratégia pública de cibersegurança”, afirma.

Essa falta de regulamentação, segundo ele, faz com que as empresas mantenham silêncio sobre os ataques que sofrem com medo de manchar suas reputações ao revelar eventuais ataques. Em outros países, segundo ele, as companhias são obrigadas a notificar órgãos públicos de investigação sobre esse tipo de ataque.

“Agora temos o Marco Civil e a Lei Carolina Dieckman, mas faltam leis mais específicas para garantir a privacidade de dados (há um anteprojeto sobre proteção de dados sendo finalizado). Não é só por que as pessoas não veem os ataques que eles não existem. Não podemos subestimar as ameaças”, afirma.

Outro risco iminente citado pelos autores do manifesto são as ameaças do grupo Anonymous de atacar diversos sites relacionados à Copa do Mundo. As ações são orquestradas para atingir instituições públicas e empresas ligadas ao evento, com a retirada de sites do ar e invasão de páginas.

Ontem, o site da CBF foi invadido por hackers, segundo a assessoria de imprensa da entidade. No dia 14 de maio, o foco dos ataques foi a página do Comitê Paulista da Copa do Mundo. As invasões bem-sucedidas estão sendo divulgadas com as hashtags #OpWorldCup e #OpHackingCup.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.