Hackers se unem em defesa da internet síria

Hackerspace francês ensina população síria mandar e-mails anônimos e fazer chamadas sem serem localizados

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Por Agências
Atualização:

Hackerspace francês ensina população síria mandar e-mails anônimos e fazer chamadas sem serem localizados

PARIS – Assim como Tom, integrante do grupo Loop instalado em uma casa ocupada em Paris, são dezenas em todo o mundo mobilizados para ajudar os ativistas contrários ao regime Bashar al Asad em sua “ciberguerra” contra as autoridades sírias.

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Para os membros do hackerspace “Laboratório Aberto ou Não” (Loop, na sigla em francês), o corte total da internet por por parte do regime de Hosni Mubarak durante a revolução egípcia foi o início de uma mobilização internacional.

“Quando fizeram (encerrar a conexão), pensávamos que nenhum país se atreveria a cortar a internet!”, contou à AFP o jovem Tom. “Hackers do mundo inteiro se uniram para ajudar a oposição egípcia a recuperar a conexão. Funcionou. Hoje são os sírios que precisam de nós”, disse.

No Loop, participam uma dezena de hackativistas, cerca de 30 pessoas passam pelo local de vez em quando para ajudar, e 250 pessoas estão na lista de discussão do grupo. Todos atuam com a oposição síria na internet em colaboração com o grupo internacional de hackativistas Telecomix, fundado em 2009.

No dia 15 de setembro de 2011, o grupo conseguiu durante alguns minutos desviar todo o tráfego de web da Síria para uma página com uma série de avisos aos usuários sírios sobre os riscos de serem monitorados e davam dicas sobre como disfarçar melhor e ofereciam seus serviços e habilidades para ajudar a fazer com que as comunicações fossem feitas com o maior sigilo possível..

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“Criamos e transmitimos fóruns de conversas ao vivo, anônimos e 100% seguro, em que os opositores sírios podem nos contactar e inclusive se contactarem entre si com a certeza de que não poderão ser identificados pelo regime, mesmo este tendo tecnologia de ponta compradas na França ou nos Estados Unidos”, disse Tom.

Desde então, ganharam a confiança de dezenas de ativistas da oposição, que arriscam suas vidas para compartilhar filmes e informações sobre o país através da rede.

“Eles nos perguntam como trocar e-mails anônimos, como codificar mensagens de texto, como evitar que suas chamadas sejam localizadas. O pessoal da Telecomix, do Loop e de outros lugares se reúnem para propor soluções, estudar seus problemas”, explica ele.

“Não podemos ser uns utópicos que fazem isso para se divertir e colocam em risco a vida das pessoas. Temos uma grande responsabilidade: se eles usam as tecnologias que nós fornecemos, elas devem ser 100% seguras! Não podemos falhar.”

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“Às vezes, a gente estabelece relações com as pessoas que estão na Síria. Começamos a nos conhecer, apesar do uso de pseudônimos. E um dia, já não temos mais notícias deles. Nunca mais… Nesses momentos, passamos a ver o computador de uma forma diferente…”

Recentemente, o grupo recebeu perguntas sobre a possibilidade de usarem “quadricópteros”, pequenos helicópteros de quatro hélices, fáceis de fabricar e de fazê-los voar remotamente.

“Os aviões estão por toda parte, usando open source”, diz Tom. “Não seria nada mal ajudá-los a fabricar os quadricópteros. Com três destes, equipados com pequenas antenas de rádio, vocês os faz voar por cimas dos telhados de três edifícios de um bairro e aí já tem uma pequena rede. Fácil de montar e desmontar e difícil de se detectar.”

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O jovem, figura pública do Loop, acostumado a representar o grupo na mídia, Tom explica e detalha os aspectos “abertos” da “Operação Síria”. “Mas, você entende, há coisas que devem seguir sendo secretas…”

/AFP

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