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Inovação é marca do sucesso da Amazon; diz livro

Recém-lançado no Brasil, A Loja de Tudo mostra como Jeff Bezos saiu de uma garagem em Seattle para ter receita anual de US$ 70 bi

Por Bruno Capelas
Atualização:
 

LOGIN | Brad Stone, autor de A Loja de Tudo

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Os superlativos parecem não ser suficientes para se contar a história da Amazon, uma empresa que começou sua trajetória mandando livros pelo correio em Seattle e hoje fatura US$ 75 bilhões por ano, vendendo praticamente qualquer coisa.

Essa é a impressão que se tem ao ler A Loja de Tudo, escrito pelo jornalista Brad Stone (colaborador do New York Times e da Bloomberg Businessweek) e lançado recentemente no Brasil pela editora Intrínseca. Eleito o livro de negócios de 2013 pelo Financial Times, A Loja de Tudo narra a saga da Amazon e de seu criador Jeff Bezos. Brad Stone conversou com o Link por telefone.

No livro, Jeff Bezos é um homem obstinado, mas exigente. Essa combinação fez dele um grande homem de negócios? Bezos acredita mais do que ninguém no potencial da Amazon. Ele é teimoso e tem altas expectativas quanto a seus funcionários, mas acredita na inovação. Não à toa vemos a Amazon testando entrega via drones ou lançando aparelhos para mudar o jeito como as pessoas veem TV.

Os empregados da Amazon entrevistados no livro descrevem condições de trabalho ruins dentro da empresa, mas têm boas lembranças de seu período por lá. Não parece um paradoxo?Sim, de fato, mas me parece que as altas exigências de Bezos como executivo fizeram da empresa um sucesso. A Amazon é a companhia que melhor sobreviveu à bolha pontocom. Suas contemporâneas, como Yahoo e AOL, permaneceram vivas, mas não inovam mais. A tecnologia as ultrapassou. Mas não é só isso: Bezos é um homem criativo e redefine o que a empresa pode ser a toda hora.

Vários funcionários da Amazon e familiares de Bezos foram entrevistados para o livro, mas Bezos não quis falar com o senhor. Por quê?Pelo que sei de Bezos, acho que ele só falaria comigo se isso fosse ajudar a Amazon. Acho que ele me deu mais apoio do que eu esperava, permitindo contato com funcionários, ex-funcionários e seus familiares. Além disso, já conversei com ele muitas vezes nos últimos quinze anos em que trabalho com tecnologia e sei que ele só falará publicamente se isso for ajudar os clientes — porque esse é o ideal da Amazon.

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Muitas reportagens citam Bezos como um modelo para novos empreendedores. O senhor concorda? Talvez Bezos seja o maior empreendedor de sua geração, superando Larry Page e Mark Zuckerberg, por não temer riscos e se construir a partir de um negócio pouco original – vender livros não é exatamente uma ideia criativa. Além disso, ele criou a companhia varejista que vai mais rápido atingir a marca de US$ 100 bilhões em vendas anuais na história. Muitos o criticam porque a Amazon não dá lucro. Acho que é o oposto: ele investe o que ganha inovando, e não sendo apenas uma loja.

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Uma coisa marcante do seu livro são os ‘jeffismos’ — frases marcantes que Bezos sempre repete. Você tem alguma favorita pessoal?Na verdade, não gosto dos ‘jeffismos’. São frases que conseguem atingir os consumidores porque são marcantes, mas não dizem muito: a ideia de que a resposta dos consumidores é o que mais importa, por exemplo. É bonito no papel, mas na verdade as empresas não conseguem sempre lidar assim: funcionários ficam nervosos de pensar que comentários negativos podem fazê-los serem demitidos. Os funcionários não conseguem controlar o que os consumidores vão pensar, no fim das contas, e isso é estranho.

5 coisas: livros sobre empresas de tecnologia como Apple, Google e Facebook

Seu livro chama a Amazon de “loja de tudo”. O que não pode ser comprado lá?Uma quantidade cada vez menor de coisas. Grandes marcas, como a Apple, resistem, porque a agressividade da Amazon afetaria sua política de preços. Mesmo assim, dá para achar iPads e iPhones usados ou de estabelecimentos parceiros. É questão de tempo: na década de 90, a Amazon não vendia sapatos, mas hoje tem grandes grifes de moda.

A Amazon acaba de lançar um aparelho para streaming de TV, a FireTV, e têm investido em games e serviços na nuvem. O que o senhor achou disso? A Amazon é a loja de tudo: se as pessoas não compram mais DVDs de filmes e estão trocando a TV paga pelo Netflix, então é hora de investir no streaming. Com os games, a história é parecida com o Kindle: ele adaptou o Android às suas necessidades e criou sua loja própria de aplicativos. Já que a loja da Amazon não tem muitos jogos, Bezos vai criar os seus próprios, porque não quer depender do Google.

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Houve uma grande surpresa quando Bezos adquiriu o jornal The Washington Post. O que ele planeja com essa aquisição? A oportunidade apareceu e Bezos achou que poderia ajudar, fazendo experimentos em uma grande franquia de mídia. O jornalismo precisa se conectar com seus leitores (ou clientes), e Bezos faz isso como ninguém.

Como a Amazon mudou o jeito das pessoas comprarem? Você não precisa mais pegar filas ou dirigir até uma loja. Bastam apenas alguns cliques. Além disso, com o algoritmo de sugestão, ele descobriu um jeito das lojas saberem o que o cliente quer.

O céu é o limite para Bezos? Sim, pelo menos até a hora em que os investidores da Amazon queiram ver lucros.

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