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Investidora e presidente da G2 Capital, uma boutique de investimento em startups. Escreve mensalmente às terças

Opinião|Investimento inclusivo é o caminho para nova geração de startups

Qual será o retrato da geração de empreendedores que estamos ajudandoa construir?

Atualização:
Quando uma área do mercado se torna mais rentável e atrativa também acaba se transformando em menos acessível para grupos que são tradicionalmente excluídos Foto: Helvio Romero/Estadão

O financiamento de risco no mundo chegou a US$ 158,2 bilhões no terceiro trimestre do ano. Alcançamos a marca de 848 unicórnios – 127 novos só no período, segundo a CB Insights. No Brasil, as nossas startups receberam US$ 6,9 bilhões até setembro, um crescimento, segundo a Distrito, de 190% em relação a 2020.

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Os números são superlativos e evidenciam um mercado impulsionado pelas novas demandas da transformação digital. Ao mesmo tempo, trazem um desafio urgente: a necessidade de termos mais pluralidade entre os atores desse novo mundo em construção.

Quando uma área do mercado se torna mais rentável e atrativa, algo que vem acontecendo com tudo que se refere ao digital, também acaba se transformando em menos acessível para grupos que são tradicionalmente excluídos.

Vamos pensar na tecnologia, que hoje move o mundo e onde está boa parte das oportunidades de emprego no Brasil. O perfil do profissional de Tecnologia da Informação no País é: homens brancos, jovens, heterossexuais, classe média e não portadores de deficiência, revelou o estudo Quem Coda o Brasil, feito pela ThoughtWorks, em conjunto com a PretaLab. Em 21% das equipes de tecnologia do País, não há sequer uma mulher, enquanto em 32,7% dos casos não há nenhuma pessoa negra.

Nos EUA, uma potência dos investimentos de risco, as fundadoras negras e latinas receberam apenas 0,64% do investimento total de VC desde 2018. O total médio de financiamento inicial para elas é de US$ 479 mil, um quinto da média de US$ 2,5 milhões para todas as startups. Esses dados fazem parte do banco de dados do ProjectDiane.

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Construir times diversos, capazes de trazer novas perspectivas para a ideação de um produto ou solução e suas estratégias de mercado, é uma habilidade de liderança do futuro. Os resultados dessa pluralidade vão além da questão social. As empresas com times inclusivos se antecipam e se preparam para mais variáveis do que grupos homogêneos de colaboradores costumam fazer.

Como investidores, quando formos definir os investimentos, precisamos pensar na inovação, no potencial dos empreendedores, no modelo de negócios da empresa e no tamanho do mercado que endereçam, e não na raça ou gênero dos fundadores. Qual será o retrato da próxima geração de empreendedores que estamos ajudando a construir, e que terá a responsabilidade de responder aos desafios da sociedade contemporânea, gerar empregos e ajudar a tornar o Brasil mais competitivo?

Opinião por Camila Farani
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