Fundador da Amazon,Jeff Bezos, e a ex-mulher, MacKenzie Bezos
Na noite desta quinta-feira, 8, o fundador da Amazon Jeff Bezos revelou que está sendo vítima de “extorsão e chantagem” pela companhia dona do jornal National Enquirer, que divulgou a traição e o fim do casamento do dono da Amazon no início de janeiro. Esta história é praticamente de filme: envolve Donald Trump, Arábia Saudita, a morte de um jornalista, nudes e mensagens amorosas. Jeff Bezos publicou um texto bastante pessoal no Medium.com em que explicou como tudo isso se relaciona.
No mês passado, o homem mais rico do mundo, segundo a lista da revista Forbes, e sua então mulher, MacKenzie Bezos, anunciaram que iriam se divorciar após 25 anos de casados. Logo após o anúncio da separação, o jornal National Enquirer publicou um artigo expondo que Bezos estaria tendo um caso com a ex-apresentadora Lauren Sánchez – a publicação tinha, inclusive, mensagens de texto trocadas entre os dois. Quando viu o artigo, Bezos decidiu iniciar uma investigação contra a editora do National Enquirer, que se chama American Media Inc (AMI), para descobrir como as mensagens em questão vazaram.
O clímax é a parte seguinte da história, contada no texto publicado por Bezos nesta quinta-feira, 7, chamado “Não, obrigada, Mr. Pecker”, uma referência a David J. Pecker, chefe da editora AMI. O fundador da Amazon, que também é dono do jornal The Washington Post, disse que representantes da AMI o abordaram pedindo que o executivo parasse de investigar como a editoria tinha conseguido as informações usadas na reportagem. Em contrapartida, a AMI deixaria de publicar uma nova notícia, dessa vez, recheada de fotos íntimas trocadas entre Bezos e a amante.
Razão. Para Bezos, a investigação do National Enquirer sobre sua vida privada tinha motivações políticas e foi feita por retaliação. O executivo citou uma série de reportagens publicadas no jornal The Washington Post sobre a morte do colunista Jamal Khashoggi, um dissidente saudita assassinado ao entrar no consulado do seu país de origem, em Istambul. Na publicação, Jeff citou a aproximação da direção do AMI e do presidente dos EUA, Donald Trump, além da conexões de ambos com o governo da Arábia Saudita, acusado do assassinato. O jornal também é alvo constante de críticas do presidente norte-americano.
“Obviamente não quero fotos pessoais publicadas, mas também não participarei de sua conhecida prática de chantagem, favores políticos, ataques políticos e corrupção”, escreveu Bezos sobre a AMI. “Se na minha posição não posso resistir a esse tipo de extorsão, quantas pessoas podem.”
De acordo com o jornal Financial Times, um porta-voz da Amazon confirmou que o texto escrito por Bezos é verdadeiro. Segundo a agência de notícias Reuters, a AMI afirmou nesta sexta-feira, 8, que agiu legalmente em sua reportagem sobre o caso de Jeff Bezos com Lauren Sánchez, e que investigaria minuciosamente suas alegações de chantagem e tomaria qualquer medida necessária.
28 fatos sobre a história da Amazon
A Amazon foi fundada por Jeff Bezos, em 1994, com a ideia revolucionária de vender livros pela internet. Bezos, na época, era o jovem vice-presidente de um fundo de investimento em Wall Street, nos Estados Unidos.
Para decidir o que a Amazon ia vender, Bezos pesquisou o que as pessoas comprariam pela internet. O primeiro item era música. Só que Bezos não considerou a ideia por não querer competir com as gravadoras. Apostou nos livros, que eram a segunda opção.
O primeiro escritório de Bezos foi a sua própria garagem. Naquela época, ele precisava apenas de um pequeno espaço para armazenar os livros do estoque da Amazon
A ideia de Bezos era usar o nome Cadabra no site, como uma abreviação da palavra "Abracadabra". Só que ele acabou desistindo da ideia quando um amigo confundiu a palavra com "cadáver".
Depois de Amazon, Bezos considerou chamar o seu e-commerce de Relentless — implacável, em inglês. Hoje, se você acessar a página relentless.com, irá parar no site da Amazon.
A escolha do nome Amazon acabou agradando Bezos por vários motivos. Primeiro por começar com a letra A e, em um segundo momento, por remeter ao Rio Amazonas. Ele queria dar a ideia de que o site possuía um volume de livros tão grande quanto o volume das águas do rio brasileiro.
Apesar de a ideia ter começado a florescer em 1994, a plataforma só foi lançada em 1995, quando Bezos levantou cerca de US$ 1 milhão com 20 amigos e alguns investidores.
O primeiro livro vendido pela Amazon foi Fluid Concepts And Creative Analogies, escrito por Douglas Hofstadle.
A primeira venda feita para fora dos Estados Unidos foi para Gênova, na Itália. O livro era Ranks of Bronze, de David Drake.
No começo da sua operação, a empresa tinha um sino que era tocado sempre que uma venda era feita. Só que as vendas ficaram tão frequentes que Bezos decidiu acabar com a tradição.
Em seu primeiro mês de atividade, a Amazon enviou livros para 45 países e para todos os 50 estados americanos.
Incomodadas com o sucesso da Amazon, as livrarias começaram a reclamar. A rede Barnes & Nobles, por exemplo, processou a Amazon por usar o slogan "Maior Livraria da Terra", dizendo que era uma informação falsa.
Além de revolucionar o mercado de livros, a Amazon também mudou o comércio eletrônico. Foi o primeiro site de e-commerce a adicionar a compra de um clique – que permite cadastrar um cartão de crédito no site para não ter que digitar as informações a cada compra.
Em 2006, a Amazon lançou o Amazon Web Services (AWS), que é o serviço de computação em nuvem da empresa, em que dados são armazenados e processados em servidores remotos. O AWS se revelou um grande negócio e, no segundo trimestre de 2018, a unidade de nuvem gerou 55% do lucro e 20% da receita da Amazon.
Em apenas três meses no ar, a Amazon já faturava US$ 20 mil por semana. No ano passado, o faturamento da empresa foi de US$ 107 bilhões.
Para conseguir suprir a demanda de pedidos, os poucos funcionários iniciais da Amazon trabalhavam mais de 12 horas por dia. Hoje, são mais de 230,8 mil funcionários em todo o mundo.
Para ajudar a organizar o imenso estoque da empresa, a Amazon usa robôs. Eles foram criados pela Kiva Systems, uma empresa de robótica comprada em pela Amazon, em 2014, por US$ 775 milhões.
Durante os primeiros anos da Amazon, o livro mais vendido era um guia de como fazer seu próprio site.
Em 1997, a Amazon decidiu abrir capital na Bolsa de Valores e acabou arrecandando surpreendentes US$ 54 milhões.
Em 1998, a Amazon começou a vender outros produtos além de livros, como CDs e fitas VHS. Hoje, vende de tudo: até produtos de beleza.
A empresa lançou, em 2007, seu próprio leitor de livros digitais, o Kindle. Hoje, o aparelho está em sua oitava geração.
No final de 2015, a empresa de Jeff Bezos inaugurou a sua primeira livraria física, em Seattle, nos Estados Unidos.
Em 2014, a Amazon lançou o seu próprio smartphone: o Fire Phone. Entretanto, o celular foi um fracasso de vendas e, apenas um ano depois, foi descontinuado.
A Amazon, também em 2014, resolveu apostar no Echo, uma caixa de som equipada com a assistente pessoal da empresa, a Alexa.
A Amazon comprou, em agosto de 2017, a rede de supermercados norte-americana Whole Foods por US$ 13,7 bilhões. A aquisição foi uma estratégia da empresa para aumentar sua posição no varejo e também para integrar o seu serviço digital a uma loja física.
A Amazon inaugurou a sua loja física, chamada de Amazon Go, em janeiro de 2018. Localizada em Seattle, com 167 metros quadrados, a Amazon Go parece com um mercado normal, mas com uma diferença crucial: não possui caixas. O estabelecimento usa sensores para detectar o que os clientes pegaram nas prateleiras e finalizada o pagamento da conta pelo aplicativo.
Hoje, a Amazon tem uma linha própria de produtos extremamente diversa. Até uma linha de fraldas e lencinhos para bebês foi lançada pela empresa.
Em setembro de 2018, a Amazon atingiu US$ 1 trilhão em valor de mercado. Ela alcançou a marca semanas depois da Apple, e foi a segunda empresa de tecnologia a conquistar o feito. Nos últimos meses antes de atingir US$ 1 trilhão, as ações da Amazon tiveram um crescimento vertiginoso, chegando a dobrar seu preço em menos de um ano