PUBLICIDADE

Jogamos 'Harry Potter e o Enigma do Príncipe'; um game para fãs

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

—-NOTA: 6Plataformas avaliadas: PC e WiiDisponível para Xbox 360, PS3, PSP e Nintendo DS —-

PUBLICIDADE

Harry Potter está crescendo. O menino mago dos primeiros anos de Hogwarts está se tornando um adolescente com vários problemas. E as espinhas são o menor desses problemas. Além de lidar com as paixões e hormônios, o pobre mago tem que lidar com forças das trevas e provações extremas. Será que o novo game da franquia é uma luz na vida de Harry ou mais um tormento para o jovem usuário das artes místicas?

O game chega hoje às lojas de todo o Brasil, mas tivemos acesso à versão final do game com antecedência e passamos 10 horas tentando entender como Hogwarts funciona.

O visual dos personagens é bastante estranho. Por tentar se aproximar demais da realidade, a Electronic Arts acabou caindo no “Vale da Estranheza”, o ponto em que o realismo é tanto que os personagens ficam com um visual cadávérico e repulsivo. Se fosse levemente estilizado, o visual dos personagens seria muito mais aceitável. Os modelos tridimensionais são bem feitos, mas as texturas que cobrem os polígonos são mal feitas.

Os gráficos do jogo são aceitáveis, no máximo. Apesar dos efeitos especiais das magias serem impressionantes, o visual geral é lavado e genérico. Talvez isso tenha sido uma escolha da produtora para fazer o game rodar na maioria dos PCs, mas é um desperdício ver a arquitetura de Hogwarts, que foi bem recriada, coberta de texturas regulares e ruins.

A versão para PC do jogo tem os gráficos sensivelmente superiores à versão do Wii, que ganha pelos controles sensíveis a movimento. Mas o grande charme da versão para PC são as legendas em português. O trabalho de tradução está impecável, seguindo fielmente a versão brasileira do livro original.

A história do game serve mais para relembrar o que aconteceu nos cinco capítulos anteriores, e não entrega quase nada do que acontece no livro ou no filme. Isso é muito legal para quem acompanha a história apenas pelos filmes, mas quem leu os livros pode se sentir um tanto traído, pois o game, apesar do nome, tem pouco a ver com o sexto livro de J.K Rowling. Como tributo, é ótimo, mas como adaptação, deixa muito a desejar.

Publicidade

Os diálogos às vezes soam bobos, justamente por conta da desesperada tentativa de não estragar a experiência do filme. A história do game não tem muita coesão, parece um emaranhado de desculpas para que o jogo aconteça. Certo, preservar a experiência cinematográfica é bom, mas aniquilar o conteúdo de uma franquia tão rica por isso é incompreensível.

A ação do jogo é meio parada. Harry corre muito, o tempo todo. Não que seja ruim andar pela versão digital de Hogwarts, que foi muito bem feita, mas tem horas que cansa ficar andando por aí à procura do que fazer. Quando o jogador fica perdido, pode apelar para alguns dos fantasmas que habitam a escola, que gentilmente indicam o caminho.

Os três minigames que interconectam as fases são a maior diversão do jogo. O minigame de quadribol é simplório. Você precisa passar por dentro de obstáculos, em uma corrida tediosa. Ele é tão desnecessário ao jogo que parece uma provação ter que passar por ele entre as fases do jogo.

O minigame de duelos de magia é a parte mais emocionante do jogo. Além de conjurar diferentes encantamentos, Harry pode enfrentar outros alunos de Hogwarts e até alguns Comensais da Morte. Uma coisa que irrita no jogo é a quantidade de vezes que o nome do encantamento é entoado. “Wingardium Leviosa” soa bacana nas primeiras vezes, mas lá pela trigésima, perde bastante a graça. E o mesmo se aplica aos duelos. No começo é fantástico, mas depois vai perdendo o encanto.

PUBLICIDADE

A parte das poções é a mais bacana. O objetivo é misturar ingredientes na velocidade e ordem corretas, para sintetizar os compostos pedidos. Mesmo mais interessante, o minigame perde-se na repetição.

A sensação é de que a Electronic Arts apelou para a repetição para esticar a duração do jogo. Infelizmente, muita gente hoje em dia prefere duas horas intensas a seis morosas, por mais legal que seja a ambientação do jogo. Se God of War mostrou que isso é viável, para que insistir no velho paradigma de esticar a jogabilidade ao ponto de deixá-la insuportável?

A sensibilidade dos controles, especialmente na versão para Wii, é a melhor de toda a série. Tudo funciona bem, os comandos são intuitivos e fáceis de aprender. Pena que a câmera do jogo insiste em deixar Harry preso nos cantos ou a visão em terceira pessoa atrapalha na visualização do cenário.

Publicidade

Nas partes em que se corre, Harry oscila de forma estranha, como se estivesse bêbado. Esse movimento esquisito, além de ser uma distração desnecessária, ainda pode causar enjôo em jogadores com sensibilidade a movimento constante. Junte isso à perspectiva alterada na hora que se corre e o resultado é tontura certa.

Mas, mesmo com os controles mais refinados, basta sacudir o controle do Wii ou metralhar comandos no controle convencional do PC para vencer os duelos. O desafio parece ter sido diminuído do último game da série, A Ordem da Fenix, para esse. E isso é uma pena.

Em altaLink
Loading...Loading...
Loading...Loading...
Loading...Loading...

Jogar no PC com teclado e mouse não chega a ser ruim, especialmente nos duelos, em que o mouse faz as vezes da varinha, mas é recomendável utilizar um controle com duas alavancas analógicas, como o do PlayStation ou do Xbox 360. A ação é levemente prejudicada pela ausência do mouse, mas a movimentação do personagem fica muito melhor com um controle analógico.

A trilha sonora do jogo acaba compensando os diálogos ruins. Vindas diretamente do filme, as músicas ajudam a dar o clima mágico de Hogwarts e envolvem o jogador dentro do game.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe é o típico game feito para fãs. Para quem procura um desafio sólido e bem acabado, a decepção é certa. Mesmo quem é fã do bruxo adolescente pode ter problemas para se envolver com o game. Que pena que a série de jogos não conseguiu seguir na progressão que A Ordem da Fênix sinalizou. Em muitos pontos, O Enigma do Príncipe é igual ou inferior ao game anterior. E isso é um desperdício, pois existia o potencial para a série sair da sombra dos filmes e livros e se sustentar como franquia de jogos. Quem sabe da próxima vez…

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.