Jornalista se destaca fabricando drones

O novo sucesso de Chris Anderson, de A Cauda Longa, é sua empresa 3D Robotics

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Por Redação Link
Atualização:

Marco della Cava USA TODAY

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O plano de voo da vida de Chris Anderson está repleto de escalas curiosas. Roqueiro punk. Físico. Editor de revistas. Autor dos livros A Cauda Longa e Free/Grátis. Fanático por tecnologia. Cada uma dessas etapas contribuíram para que ele chegasse a sua atual função: a de presidente e cofundador da 3D Robotics, uma fabricante de drones – aqueles veículos não tripulados que se parecem com brinquedos de controle de remoto.

“Cada passo de minha carreira faz sentido, embora ela pareça totalmente aleatória e maluca”, diz Anderson, de 52 anos. Mas não se enganem, ele é um homem de muitas habilidades, típico da Renascença, plenamente consciente de suas realizações no campo da física das partículas, e que virou editor de revista (como The Economist e depois Wired, que editou nos últimos 12 anos).

Mas ele prefere se definir como o cara mais tapado da sala na 3D Robotics, uma operação nascida numa garagem que, de repente, se desenvolveu e que – graças a injeções de capital de cerca de US$ 37 milhões – deverá se tornar uma empresa líder na futura economia dos drones.

“Atuar como jornalista e como presidente de uma empresa tem muito a ver, porque como jornalista você escreve sobre quem faz, e nesta função você dá responsabilidades a quem faz e se regozija com seu sucesso”, afirma Anderson. “Sou o pior programador e engenheiro elétrico daqui. E não poderia ser diferente.”

O produto de maior sucesso da 3D Robotics neste momento é o Iris (US$ 750), um drone com forma de inseto e quatro propulsores virados para cima dotados de um braço com uma câmera GoPro. A companhia tem entre seus produtos uma variedade de cérebros eletrônicos e peças para a fabricação de drones destinados a atender a necessidades específicas.

Vale notar que, embora Anderson creia que os céus logo estarão fervilhando de drones (“Sensores estão em toda parte, menos nos céus.”), ele não vê nem defende um futuro em que veículos autônomos não tripulados (Vants) se precipitarão sobre as pessoas, seguindo cada movimento delas.

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“Há Vants que voam sobre a nossa casa, mas sua função é de segurança. Se uma pessoa faz isto, é ilegal, portanto não precisamos de uma nova legislação para esta finalidade”, ironiza. Em seguida, acrescenta que todos estamos sendo observados por todo tipo de coisa, desde satélites até helicópteros da polícia. “Ficamos paranoicos por causa das câmeras e de sites como Facebook, até perceber que os prós superam os contras. ”

Expansão

Anderson diz que as aplicações mais óbvias dos drones estão no espaço comercial, desde a área de entretenimento (substituindo os dispendiosos helicópteros em filmagens aéreas) até a agricultura (onde poderão ser usados para o monitoramento das culturas). “O mercado está em enorme expansão”, afirma.

Até o fim de 2015, a Federal Aviation Administration estabelecerá regras regulamentando o uso de drones, e então milhares de Vants levantarão voo. Alguns poderão alcançar as altitudes usadas pelas companhias aéreas, como o Solara 60, da Titan Aerospace, um drone a energia solar projetado para voar por cinco anos levando a conectividade pela internet ao mundo em desenvolvimento. O Facebook estaria em conversações com a Titan.

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“Haverá restrições aos drones por motivos de segurança e privacidade, mas eles estão aqui para ficar”, segundo Daniel Burrus, um especialista em previsões da área de tecnologia e fundador da Burrus Research Associates de Milwaukee. “Os drones fazem todo o sentido para a agricultura, mas também para a polícia e as aplicações em emergências.”

Burrus diz que, embora seja difícil imaginar os Vants voando em cidades de trânsito intenso, “75% dos Estados Unidos são constituídos por áreas rurais, e não há muitos problemas quanto a isto em áreas menos populosas. Podemos imaginar parques nacionais ou fazendas usando drones para monitorar rebanhos de animais”. Se há um homem que tem uma visão de futuro para estas e outras missões inovadoras, Anderson é este homem, diz Jon Callaghan, da companhia de investimentos True Ventures, de San Francisco.

“Chris sabe decodificar as consequências da tecnologia na nossa vida”, afirma Callaghan, cuja amizade de décadas com Anderson virou uma participação majoritária na 3D Robotics.

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“O que sempre me impressionou foi sua disposição em pedir ajuda quando não sabia a resposta”, ele diz. “Os inovadores que tendem a ser bem-sucedidos costumam ser os mais abertos e humildes intelectualmente”. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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