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LOL Festival

ROFLCon reúne criadores de memes no MIT. O Link entrevistou o criador do evento, Tim Hwang

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Por Redação
Atualização:
Scott Beale / Laughing Squid Foto: Estadão

Nesta sexta e sábado o Massachussets Institute of Technology (MIT) receberá dezenas geeks e aficcionados por internet para discutir cultura digital e os memes da rede. Na ROFLCon, os criadores dos memes – voluntários ou não – se reunirão em painéis temáticos para contar suas histórias bizarras e gozadas. Os convidados são blogueiros (como os do This Is Why You’re Fat), gente que produz vídeos (como o criador da série Chad Vader) e até, vejam vocês, o cara que criou o Clippy, o mascote padrão do Microsoft Office, que também virou meme.

O hai Foto: Estadão

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A maior reunião de gente responsável por coisas engraçadas na web no mundo já aconteceu uma vez, em 2008, e é organizada por estudantes geeks de várias universidades americanas. Um deles, o criador do ROFLCon, Tim Hwang, resumiu em entrevista ao Link a essência do humor na internet ao explicar o sentido por trás do sucesso dos LOLcats: “É um gato. E uma palavra escrita errado. É instantaneamente engraçado. É uma fórmula com a qual você pode contar”.

Como surgiu a ideia de organizar uma convenção de humor da internet? Bem, fomos bastante inspirados por um evento que Randall Munroe, o criador das tirinhas XKCD, organizou em 2008. Ele basicamente postou umas coordenadas misteriosas e um horário nas tiras, que depois descobriu-se ser um parque em Cambridge. Nesse dia, eu e alguns amigos nos encontramos, e acabou essencialmente como um encontro – mas um gigantesco. Esqueci quantas pessoas exatamente apareceram, mas foram centenas. Tinha gente de fora da cidade, até do exterior. Todo mundo estava super empolgado de estar lá e encontrar os outros.

XKCD: o melhor Foto: Estadão

Pessoalmente, eu fiquei surpreso e animado. A ideia que as pessoas atravessariam enormes distancias para encontrar um cara da internet era muito, muito fascinante. Também acenava em direção à ideia de que havia uma cultura da web profunda, às quais as pessoas responderiam, achariam importante e ficariam empolgadas de conhecer pessoalmente. Então, pensamos, se uma pessoa podia criar toda essa comoção, o que aconteceria se nós decidíssemos trazer todo mundo?

Vocês conseguiram nomes muito legais para a edição de 2010, como o cara responsável por Charlie, The Unicorn e até o Ben Huh, da rede I Can Haz Cheezburger. Com qual convidado você está mais empolgado? O mais importante convidado que confirmamos, historicamente e por outros motivos, é Mahir “I Kiss You” Cagri. Ele ficou conhecido no mundo inteiro lá no começo da cultura da web (por volta de 1995!), por seu site turco que procurava uma namorada. Ele foi inovador na maneira em que o site se tornou popular na divulfação por e-mail, e notável porque foi o primeiro de muitos sites que ficaram famosos assim. Estamos particularmente interessados esse ano em desenterrar e trazer alguns memes chocantes para o evento. Goatse, que é, digamos, uma imagem nojenta (N. do E.: não procure no Google Images, por favor), teve uma das maiores influências na cultura da web, mas ninguém conhece o cara da foto. Nós queríamos muito que ele viesse e estamos tentanto muito falar com ele. Two Girls One Cup, outro fenômeno muito (N. do E.: mas MUITO) nojento (N. do E.: mantenha-se à distância deste tipo de vídeo, esteja avisado), é um dos quais estamos atrás. Queria fazer um grande painel com todos esses caras, para que eles pudessem falar de suas experiências.

Você acredita que há uma fórmula no humor da internet? Sabe, particularmente agora, tem toda uma indústria que foi construída ao redor de gurus tentando guiar para “a” fórmula para o humor na web e para o sucesso na web. Mas ao menos na minha opinião, ninguém chegou lá ainda. Acho que é parcialmente porque os cientistas reais ainda não se envolveram nisso – ainda é campo de profissionais de marketing, especialistas em mídias sociais e gente dessas áreas. Mas há coisas incríveis acontecendo na análise geek das redes sociais e na interpretação de dados, e acho que eventualmente saberemos, de fato, qual é “a fórmula” para o humor e o sucesso na internet (ou ao menos prevê-la com alguma precisão).

Você já se perguntou por que fotos de gatos com legendas escritas errado são tão engraçadas? É um gato. E uma palavra escrita errado. É instantaneamente engraçado. É uma fórmula com a qual você pode contar.

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Muito do humor na internet é baseado no espírito colaborativo. As pessoas continuam produzindo os memes só porque é engraçado. Porque você acha que elas fazem isso? Acho que é realmente porque é muito fácil contribuir online. As pessoas sempre tiveram senso de humor e piadas internas parecidas entre os amigos – e elas podiam ser classificadas de “colaborativas” no senso de que eles produziram essas coisas juntas principalmente porque eram engraçadas. Mas no passado, era difícil medir isso porque a maioria das pessoas estava confortável compartilhando isso com seus círculos de amigos, e a energia que era precisa para compartilhar essa microcultura com mais gente era grande demais. Já que a web reduz essas barreiras e reúne grupos de pessoas enormes, de lugares diferentes, ela naturalmente transforma as mesmas energias colaborativas em uma cultura maior, universal.

As pessoas estão ficando mais criativas com a tonelada de referências que elas têm na internet todos os dias? Eu discuto isso muito, e é difícil dizer. Há sem dúvida um número enorme de pessoas participando largamento do que a gente pode chamar de cultura digital, mas talvez haja um número maior ainda de pessoas que seja só observador passivo. Além disso, é realmente difícil dizer se as pessoas estão mais criativas agora do que quando elas não tinham a internet empurrando conteúdo pra elas. Acho que o veredito ainda está suspenso sobre essa – meu eu teimoso quer dizer que as pessoas não estão mais criativas, mas que agora elas só aparecem mais.

Como vocês pensaram os paineis do ROFLCon 2010? Os autores vão conversar sobre seus trabalhos, as pessoas vão criar coisas juntas…? Estamos interessados em fazer os dois. Primeiro, queremos examinar os últimos dois anos da cultura da internet como uma cultura real, única e separada – e falar sobre as tendências naquele universo. Não só com caras engraçados famosos, mas também com uma grande comunidade que é parte da cultura digital, os participantes, os ‘comentadores’, os estudantes, e até os empresários que estão começando a entrar nesse mundo. Também pensamos em um jeito de ter elementos interativos no evento, tipo workshops. Eu acho que essas coisas podem ser meio constrangedoras se feitas do jeito errado, mas incríveis se saírem do jeito certo – então dedicamos bastante tempo a isso. Por último, eu acho que a ROFLCon vai ser sobre o que sempre foi: celebrar e pensar sobre a cultura digital e a fama na internet.

A internet está universalizando o humor, unificando o que é engraçado? Me lembro de um experimento clássico de psicologia feito décadas atrás, descobrindo que coisas como Charlie Chapli tiveram um grande apelo em várias culturas. Acho que os memes que vão além das barreiras culturais provavelmente têm algum grau de universalidade neles mesmos (ou emergem em comunidades que já cruzam essas barreiras culturais, como o Reddit), mas vale notar que essa é a exceção, online. Como o humor que você vê na mídia mainstream, uma grande quantidade de memes que aparecem na internet falham em cruzar as barreiras nacionais, e sem dúvida, são culturalmente muito específicos. Sós os vemos menos, acho, já que nunca ficamos sabendo que eles existem.

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