Microsoft investe em conteúdo para televisão

Empresa de Bill Gates investe para transformar Xbox em centro de entretenimento da sala de estar

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Por Redação Link
Atualização:
 

Janet I. TuThe Seattle Times

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Não faz muito tempo que emissoras de TV aberta e redes de TV a cabo eram as únicas empresas interessadas na produção de programação original. Agora, é cada vez maior o número de empresas de tecnologia que desejam participar deste ramo, de Netflix e Amazon até Microsoft, Sony e, supostamente, também o Yahoo.

A Microsoft deve dar nova força ao seu projeto em junho com o lançamento do primeiro de sua primeira leva de programas originais aprovada por Nancy Tellem, ex-funcionária da CBS contratada há dois anos para liderar a iniciativa de criar mais conteúdo original para a plataforma Xbox, além de realizar a transmissão ao vivo do festival de música Bonnaroo, no Tennessee.

Também deve estrear ainda em 2014 uma série de documentários com foco na tecnologia, produzida por Simon Chinn e Jonathan Chinn, da empresa de mídia multiplataforma Lightbox.

O primeiro capítulo investiga a lenda urbana segundo a qual a empresa de videogames Atari teria enterrado em Alamogordo, no Novo México, milhões de cartuchos do título E. T. the Extra Terrestrial, um fracasso de público, em 1983.

Estas são duas das seis séries completas que o Xbox Entertainment Studios, sob o comando de Nancy, comprometeu-se a produzir. As outras quatro são: um seriado de TV inspirado na franquia Halo, com Steven Spielberg na produção executiva; uma animação digital inspirada em Halo com produção executiva de Ridley Scott e David Zucker; Every Street United, seriado sem roteiro a respeito do futebol de rua; e Humans, seriado dramático situado num mundo paralelo no qual as famílias possuem servos robôs, produzida pela britânica Kudos e apresentada em parceria com a emissora Channel 4, da Grã-Bretanha. A previsão é de que Humans deve estrear em 2015 – os demais programas não tem data de lançamento.

Além disso, a empresa de Gates tem também outros três seriados em fase inicial de produção: um programa de esquetes estrelado pelo grupo de comediantes JASH, fundado por Sarah Silverman e Michael Cera; um projeto híbrido de animação stop-motion criado pela Stoopid Buddy Studios, criadores do programa de TV Robot Chicken; e Fearless, seriado sem roteiro estrelado por Paul de Gelder, mergulhador australiano do esquadrão antibombas e sobrevivente de um ataque de tubarão.

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Tudo isso faz parte da proposta da Microsoft para criar mais conteúdo original conforme os consumidores recorrem cada vez mais aos serviços da nuvem e aos dispositivos móveis, bem como os aparelhos ligados ao televisor para assistir aos programas.

A criação de conteúdo original não é novidade para a Microsoft, que produziu nos anos anteriores as séries de animação digital Halo 4: Forward Unto Dawn e Halo: The Animated Series. Mas os planos foram acelerados em 2012 com a contratação de Nancy, ex-presidente do CBS Network Television Entertainment Group. Ela se tornou a presidente de entretenimento e mídia digital da Microsoft, supervisionando um novo estúdio de produção — Xbox Entertainment Studios — em Los Angeles.

 

Nancy disse à Variety no ano passado que o desenvolvimento dos programas originais estava demorando mais do que o esperado, mas ela esperava lançar o primeiro deles no primeiro ou segundo trimestre de 2014.

A Microsoft busca diferenciar seus programas ao se concentrar no potencial interativo da plataforma Xbox e dos dispositivos móveis da empresa. “Estamos explorando todas as formas de conteúdo, concentrados em como torná-las mais envolventes e acessíveis por meio de diferentes dispositivos”, disse a empresa num pronunciamento.

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De acordo com a Microsoft, os novos programas são desenvolvidos desde o início com a interatividade em mente. “Nossa equipe de criação se reúne com os desenvolvedores e engenheiros para pensar em novas ideias de programas – trata-se de uma abordagem bastante diferente”, prosseguia o pronunciamento da empresa. “Os elementos interativos específicos devem variam com base naquilo que faz sentido para cada programa.”

Tais elementos interativos podem incluir cenas adicionais e mini-jogos no caso da série Every Street United ou formas de acompanhar os personagens fora dos episódios de Humans, de acordo com reportagem da Bloomberg News, que também comentava o fato de a programação ser voltada para o público masculino de 18 a 34 anos do Xbox.

Faz tempo que a Microsoft busca reposicionar o console Xbox como um aparelho de apelo que vai além dos adeptos dos jogos eletrônicos, servindo como central de entretenimento para a sala de estar.Atualmente, o objetivo é promover o serviço Xbox Live e a plataforma Xbox como central de entretenimento acessível por meio de dispositivos móveis. Mas a batalha pela sala de estar – e pela atenção do público que busca entretenimento – está esquentando.

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Netflix e Amazon já estão produzindo seu próprio conteúdo original, com House of Cards e Orange is the New Black, da Netflix, atraindo bastante espectadores. Na semana passada, a Amazon lançou seu próprio aparelho para conexão com a TV — o Fire TV, vendido a US$ 99.

A Sony, por sua vez, anunciou no ano passado que criaria programas originais para o PlayStation e, no ano passado, encomendou a produção de seu primeiro seriado original para a plataforma. A Yahoo estaria próxima de encomendar a produção de quatro seriados para a web, de acordo com o Wall Street Journal.

O desejo de produzir conteúdo original acompanha a evolução da maneira com a qual as pessoas passam o tempo manuseando seus dispositivos: assistindo a seriados e filmes, interagindo com o conteúdo e entre si.

 

“É apenas natural que essas empresas de tecnologia queriam oferecer um conteúdo condizente com tais atividades”, disse Brian Blau, analista da firma de pesquisas de mercado Gartner. Além disso, “a oferta desse tipo de conteúdo representa mais um pilar de apoio para que essas empresas busquem se diferenciar umas das outras e da concorrência”, disse ele.

Trata-se também de uma forma de cativar a atenção dos usuários e torná-los fiéis a uma dessas marcas e, com isso, incentivar os desenvolvedores a criar aplicativos e outros tipos de conteúdo para suas plataformas.

Quanto mais “pegajoso” ou envolvente for o conteúdo produzido por essas empresas – sejam programas de TV imperdíveis ou jogos exclusivos indispensáveis -, maior a oportunidade de vender produtos e serviços aos usuários com o tempo.

“Houve alguns sucessos nos últimos anos”, disse Blau. “Mas tudo isso ainda está nos primórdios. As empresas estão tateando no escuro, buscando entender como funciona a produção. Procuram uma forma de encontrar o tipo certo de conteúdo, oferecê-lo ao público, e descobrir maneiras de lucrar com isso.”

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/TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

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