Mozilla desafia Apple e Google na Campus Party

Andreas Gal defende apps baseados na web e o fim de padrões específicos para diferentes plataformas

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Por Ligia Aguilhar
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SÃO PAULO – “Que tipo de internet queremos?”, questiona Andreas Gal, vice-presidente de mobile da Mozilla, em sua apresentação no palco principal da Campus Party. Destaque do evento nesta quarta-feira, 29, o executivo falou sobre o desenvolvimento de aplicativos para sistemas abertos usando o HTML 5 e a estratégia da Mozilla com seu sistema móvel Firefox OS.

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Com o lançamento do seu sistema operacional móvel no ano passado, a Mozilla fez frente aos concorrentes Android, do Google, e iOS, da Apple, e tenta forças as fabricantes a tornar seus sistemas mais compatíveis com padrões abertos, usando os chamados “web apps” adaptações de serviços da web que já existem para smartphones. “É bizarro que hoje em dia a gente fale que vai fazer um app para Android ou iOS. Isso não acontece no desktop e é isso que nós queremos mudar”, afirmou.

Gal foi um dos responsáveis por desenvolver o projeto Boot to Gecko por meio do qual foi desenvolvido o Firefox OS. “As pessoas querem telefones com preços acessíveis”, disse. Por exigir um hardware mais leve, o Firefox OS consegue ter um bom desempenho em modelos mais simple e de custo mais acessível. No Brasil, o Firefox OS chegou por meio deuma parceria com a Telefonica, em dois modelos vendidos exclusivamente pela operadora Vivo: o LG Fireweb e o Alcatel One Touch Fire. O leste europeu e a America do Sul são os principais focos da Mozilla, que pretende atrair o consumidor que está trocando o seu celular simples (feature phone) por um smartphone pela primeira vez.

Em dezembro, a Mozilla anunciou a criação de um conselho regulador para dispositivos de internet aberta (CRB – Web Open Device Compliance Review Board, em inglês) em parceria com as empresas Deutsche Telekom, LG, Qualcomm, TCL/Alcatel Onetouch, Telefonica e ZTE para promover o sucesso de dispositivos com ecossistema de web aberta

O executivo afirmou que hoje a web é uma plataforma mais competitiva. e que já é possível rodar games com velocidade na internet usando linguagens já bastante conhecidas de quem faz desenvolvimento para a internet como o protocolo Java.

Uma das estratégias da Mozilla para incentivar o desenvolvimento de aplicativos para o seu sistema operacional é estimular a criação de aplicativos específicos para as necessidades de cada país. “Não faz sentido alguem aqui (no Brasil) usar o app criado para atender as necessidades de alguem da Califórnia”, afirmou.

Outro ponto explorado pela empresa é as vantagens de se utilizar um sistema aberto em um momento em que ficou evidente que empresas norte-americanas colocam backdoors nos seus sistemas à pedido do governo para permitir a vigilância de dados. “Após o escândalo da NSA, a confiança está ameaçada e ninguém pode falar sobre isso, uma vez que corre o risco de ser preso”, diz. “99% dos nossos códigos são abertos. Qualquer pessoa pode checar os códigos do nosso sistema, verificar se há algum código malicioso e tomar providências quanto a isso.”

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Esse tipo de preocupação se torna mais importante, segundo ele, diante do rápido avanço da conectividade para outros aparelhos, na chamada Internet das Coisas. “Se a tecnologia continuar se espalhando com essa velocidade, em breve sua casa será espionada. Vamos construir a internet que realmente queremos usar”, afirmou,

No encerramento, Andreas confirmou o anúncio já feito na CES dete ano de que a empresa está desenvolvendo versões do Firefox OS para desktops, tablets e smarTVs, mas garante que o foco em 2014 continuará sendo nos smartphones e no lançamento de aparelhos em outros países.

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