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Não mudaria nada""

Solto após quatro anos na cadeia, blogueiro egípcio diz que não se arrepende do que publicou online

Por Agências
Atualização:

Um blogueiro egípcio, solto após quatro anos na prisão por ter insultado o Islã e o presidente de seu país Hosni Mubarak, disse nesta quarta-feira, 24, que ele não se arrepente e que seu tempo na cadeia não fará que ele deixe seu ativismo no futuro. “Se eu pudesse voltar no tempo, não mudaria nada”, disse Abdel Kareem Nabil, 26 anos, conhecido como Kareen Amer, em uma coletiva para a imprensa.

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Amer, o primeiro blogueiro egípcio a ser preso por expressar suas opiniões online, foi preso em 2006. Ele também foi expulso da universidade estatal al-Azhar. O ativista disse que ele foi libertado dia 5 de novembro e foi preso logo em seguida, quando ficou detido por 11 dias e foi agredido. O ministério do interior do país confirmou a nova prisão.

Amer, que não pode receber visitantes em seus anos numa prisão em Alexandria, disse que ele esperava terminar seus estudos, mas não na al-Azhar. Sua experiência na cadeia não iria silenciá-lo.

“A princípio, eu não esperava que as coisas fossem ficar tão difíceis”, disse, “mas agora que sei, não voltarei atrás só por causa das pressões. Aprendi que posso lidar com a situação de forma diferente e assim posso garantir minha segurança enquanto ainda digo o que quero”.

A internet está entre as poucas plaftaformas públicas para as vozes dissonantes no Egito, onde grupos que lutam pelos direitos humanos dizem viver uma lei marcial desde 1981 que tem sido usada para calar os críticos de Mubarak e seu partido nacional democrata.

Apenas 16% dos egípcios usam a internet, de acordo com um levantamento feito em 2008 pelo Banco Mundial, mas tanto grupos de oposição quanto partidários do governo puderam expressar suas opiniões online sobre a eleição parlamentar no próximo domingo.. Um grupo no Facebook reuniu centenas de egícios para protestar em julho contra a morte de Khaled Said, um ativista digital que teria sido morto pela polícia local.

A Rede Árabe de Informações pelos Direitos Humanos (ANHRI), que apoia Amer desde sua prisão, disse que continuaria sua luta pela liberdade de expressão no Egito. “Defendemos opiniões indepentemente de concordarmos ou não com ela”, disse o líder da ANHRI, Gamal Eid, em uma coletiva, ao negar que seu grupo tivesse interesses diretos no caso. Ele disse que a liberdade de expressão deve funcionar para todos os casos, seja para Amer ou para os ativistas muçulmanos. “Protegeríamos o direito à liberdade de expressão de extremistas (religiosos) desde que suas opiniões continuem apenas como opiniões – e não sejam transformadas em atos”, disse.

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