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‘Não tenha medo da covid’: como Facebook e Twitter lidaram com a publicação de Trump

Mensagem do presidente foi vista por mais de 1 milhão de pessoas nas duas redes sociais e continua no ar

Por Mike Isaac
Atualização:
Para as duas empresas, publicação feita pelo presidente americano nãovai contra políticas internas de combate à desinformação Foto: Leah Millis/REUTERS

Facebook e Twitter prometeram manter suas redes seguras de desinformação sobre o coronavírus para proteger a saúde pública. Mas nesta segunda-feira, 5, os sites foram testados quando o presidente Donald Trump publicou uma mensagem em que dizia para as pessoas não terem medo da covid-19. 

“Me sentindo muito bem! Não tenha medo da covid. Não deixe (a doença) dominar sua vida”, Trump escreveu nas suas páginas do Facebook e Twitter, ao anunciar que receberia alta do hospital Walter Reed, onde estava internado nos últimos dias. “Eu me sinto melhor que 20 anos atrás!”.  

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Especialistas imediatamente criticaram a publicação. Mais de 200 mil americanos morreram em decorrência do coronavírus, e mais de 35 milhões de casos foram registrados em todo o mundo. O médico Bob Wachter, diretor do Departamento de Medicina da Universidade da California, classificou o tuíte de Trump como “insensível, desumano e contraprodutivo”. Bernard P. Chang, pesquisador da Universidade de Columbia, alertou que as pessoas devem continuar com medo do vírus.  

Mas o Facebook e o Twitter não fizeram nada sobre a publicação de Trump, mesmo tendo publicizado as políticas de combate à desinformação durante a pandemia.  O Facebook disse que não permite publicações relacionadas ao coronavírus que possam ocasionar danos físicos, e que redireciona as pessoas para um centro de informação sobre a covid-19. O Twitter remove apenas publicações com informação falsa e “grande chance de levar a danos corporais”.  

Para o Facebook e o Twitter, esses detalhes importam. Eles estão prestando bastante atenção se Trump está dando direcionamentos específicos ou ordens para participação em atividades que possam colocar as pessoas em perigo. Quando ele sugeriu em abril que especialistas deveriam pesquisar se as pessoas poderiam injetar desinfetante para combater o coronavírus, as redes sociais utilizaram o mesmo critério e não tomaram qualquer ação para remover os vídeos e mensagens sobre o tratamento não comprovado.  

O Facebook não se pronunciou sobre a publicação desta segunda-feira. Um porta-voz do Twitter disse que o tuíte não viola as regras da empresa por não envolver um convite para alguma ação que poderia causar danos reais.  

Na noite desta segunda-feira, o tuíte de Trump e a publicação no Facebook sobre a covid-19 já tinham sido vistos por mais de 1 milhão de pessoas nas duas redes. Mais tarde, Trump publicou um vídeo reiterando que as pessoas não deveriam deixar o vírus dominar suas vidas. “Saiam”, disse ele. “As vacinas estão chegando.”

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