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Negócios ainda fazem uso básico da internet

Pequenos e médios empreendimentos estão conectados, mas exploram pouco a rede

Por Camilo Rocha
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Foi depois de um acidente que o fotógrafo Marcos Willian resolveu experimentar seu primeiro curso online. Sem poder se locomover, procurou combater o tédio com um curso de edição de imagens no Photoshop, oferecido pela plataforma TV Photoshop. Satisfeito com o resultado, Willian foi atrás de mais. “Fiz outros três: diagramação de álbuns utilizando o InDesign; fotografia como negócio; e o mais recente, ‘como buscar inspiração para a fotografia de casamento.’”

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A utilização de ferramentas online por Willian vai além dos cursos online. Para ele, o Facebook é essencial para sua atividade. “Sempre publico fotos, o retorno pode ser imediato ou a longo prazo, mas funciona.” O fotógrafo também se vale de software de edição de imagens disponível no site onde compra fotolivros. “Edito e pago tudo através do site.” Willian também oferece a seus clientes, a opção de pagar pela plataforma PagSeguro.

Esse tipo de uso sofisticado da internet e das inúmeras ferramentas disponíveis já é normal para muitos microempreendedores e pequenos e médios empresários no Brasil, mas não para a maioria. Uma pesquisa que será lançada amanhã pelo Sebrae e compartilhada em primeira mão com o Link mostra, por exemplo, que 75% dos donos de pequenos e médios negócios nunca fizeram um curso online e 47% não demonstram interesse em fazer.

O levantamento do Sebrae, intitulado “As Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nas MPE brasileiras”, ouviu 2.108 empresas em 27 estados nas áreas de indústria, comércio, serviços e construção. As entrevistas foram feitas pelo telefone.

De acordo com a pesquisa, usos básicos são amplamente difundidos. Cerca de 92% dos empresários, por exemplo, acessam a internet, um índice maior que o da população brasileira. De acordo com dados do IBGE, pouco mais de 50% dos habitantes do País eram usuário da rede em 2013.

As finalidades que mais motivam esse acesso são o uso do e-mail (88%), pesquisa de preço e fornecedor (68%) e serviços financeiros (60%). Na outra ponta, entre os objetivos menos citados, estão participação em fóruns e comunidades virtuais (29%), exposição de produtos (34%) e divulgação do negócio (46%).

Para Luiz Barretto, presidente do Sebrae, “já é meio caminho andado”. Segundo ele, nem todos os empresários ainda se deram conta de todo o potencial da internet, “mas isso vem melhorando cada vez mais”.

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O uso do Facebook para fins profissionais ainda é tímido, por mais que quase 90 milhões de brasileiros estejam por lá. Segundo os dados do Sebrae, 68% dos negócios não têm uma página na rede social. É mais do que os que têm site, 25%, e bem na frente de outras redes como Twitter (3%) e Instagram (5%).

De acordo com Barretto, esse uso mais básico pode ser explicado em parte pelo fato de que “quase metade dos pequenos negócios no Brasil é de microempreendedores individuais (MEI) – aqueles que faturam até R$ 60 mil por ano – e por serem empresas individuais elas não precisam ter um software de gestão ou uma plataforma própria para vender produtos.”

Para promover a inclusão de mais negócios nas redes sociais, o Sebrae criou no ano passado um treinamento online gratuito em parceria com o Facebook. Para a entidade, criar uma página amplia “as possibilidade de sucesso do empreendimento”.

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A Mecânica São Paulo, em São Caetano, inaugurou sua página no Facebook há dois meses. Eduardo Rodrigues, um dos sócios, afirma que o espaço facilita o contato com clientes novos e atuais. Além de assuntos relacionados à oficina, a página pretende dar dicas e notícias relacionadas ao mercado automotivo e ao automobilismo, uma vez que um dos sócios da empresa é preparador automotivo.

Para impulsionar as publicações através do serviço oferecido pelo Facebook, uma verba de marketing mensal de R$ 150 foi alocada, mas apenas por enquanto. “O objetivo é chegar a R$ 500 por mês”, diz Rodrigues. O público a ser atingido também pode ser escolhido na hora de ampliar o alcance do conteúdo. “Procuramos pessoas que têm carro mais novo, com formação universitária”, define.

Segundo Fernanda Huerta, sócia do bar Tiquim, em São Paulo, o Facebook se tornou o principal meio de comunicação com os clientes. “Ainda não contamos com verba para investir em um site mais elaborado”, explica. “Tratamos nossos clientes pelo nome e as redes sociais são uma maneira de dar continuidade a esse serviço mais personalizado.”

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Mesmo entre as empresas com presença online, muitas não exploram todas as possibilidades permitidas pelas plataformas que utilizam. O levantamento do Sebrae mostra, por exemplo, que 52% não possui espaço para reclamações ou sugestões em seus locais na rede. E apenas 32% disponibilizam preços de seus produtos e serviços na internet.

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