SÃO PAULO – Convidada para a cerimônia de abertura da Campus Party, que aconteceu nesta segunda-feira, às 20h, a ministra da Cultura Marta Suplicy falou com exclusividade ao Link sobre sua participação na feira e sobre três editais que o MinC, junto a parcerias com o SEBRAE e o Ministério da Ciência e Tecnologia, lança na área de cultura, economia criativa e jogos digitais.
Em sua fala na cerimônia de abertura, a ministra ressaltou a vontade dos 8 mil campuseiros. “Quem consome cultura produz cultura. Game é cultura”, disse Suplicy, buscando se redimir com o público gamer após dizer que “não acho que jogos digitais sejam cultura”, durante o lançamento do programa Vale Cultura, em 2013.
Leia a seguir a entrevista na íntegra com a ministra, que atualmente é senadora por São Paulo e já foi prefeita da capital paulista.
Ministra, essa é a sua primeira vez na Campus Party. Por que a senhora está aqui, e o que o Ministério da Cultura tem a colaborar com a feira?
O mundo está em transformação e a Campus Party faz parte disso. A possibilidade dos jovens poderem se conectar, falar com o mundo e trocar conhecimento amplia a cultura, e por isso acho que é importante o Ministério estar aqui. Estamos entrando na cultura digital com tudo. Não acho que seja um passo ousado… mas é um passo moderno, quase natural. ]
Que passos são esses, ministra?
Vim até a feira anunciar três grandes ações. Faremos um edital em colaboração com o Ministério da Ciência e Tecnologia, incentivando a economia criativa com plataformas para games. Levaremos 52 empresas tecnológicas e inovadoras para a Argentina, participar do MixSur, um evento para troca de conhecimentos e informações entre os países da América do Sul. Aposto que da feira já vai sair muita coisa para esse edital. E vamos criar laboratórios de arte e cultura digital junto com as universidades federais. Isso é novo, estamos lançado o edital hoje, porque é exatamente a praia de quem está aqui. Não vi ninguém fazendo isso no mundo até hoje, é inédito.
No ano passado, a senhora foi muito criticada pelos jogadores e produtores de videogames ao dizer que “jogos digitais não são cultura”, durante o lançamento do programa Vale Cultura. Gostaria de saber se a senhora reviu sua posição ou gostaria de esclarecer alguma coisa a respeito daquela frase.
Ninguém disse que os jogos, ou a TV a cabo, não são cultura. Mas naquele momento não daria para inclui-los no Vale Cultura, e nem agora é possível.
Por quê?
É fácil incluir, mas é muito difícil tirar coisas do programa, e não seria bom ter o teatro dizendo que a iniciativa não está dando certo porque o público gastou com outros produtos. Vamos lá: Games… Leonardo da Vinci criou. No processo cultural dele, se desenvolveram muitas ações de cultura. A possibilidade da cultura digital é o fenômeno do século XXI. As pessoas vão criar, ninguém vai deixar de fazer um quadro a óleo. Mas tudo se ampliou de tal forma que é difícil abarcar tudo no Ministério da Cultura, mas você tem que abarcar tudo, e estar muito aberto para o novo. E é difícil estar aberto para o novo quando um século começa.