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Novas iniciativas atraem meninas para a tecnologia

Com as mulheres representando menos de 20% dos alunos de ciências da computação no Brasil, programas que incentivam participação feminina no setor ganham força; mudanças na cultura, porém, ainda impedem avanços

06/11/2016 | 05h00

  •      

 Por Bruno Capelas e Claudia Tozetto - O Estado de S.Paulo

 

Werther | ESTADÃO CONTEÚDO

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Uma turma de meninas corre de um lado para outro numa sala, carregando bolinhas coloridas, em meio a risadas e gritos empolgados. Poderia ser uma gincana em uma escola, mas elas estavam dentro do Cubo, espaço para startups e empreendedores na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo. Com idade entre 9 e 13 anos, 45 estudantes de escolas públicas da cidade se divertiam aprendendo conceitos como convergência digital, algoritmos e criptografia. Elas formaram a primeira turma no País do Girls4Tech, programa criado pela Mastercard para estimular interesse de meninas em carreiras no setor.

“Muitas pessoas duvidam da nossa capacidade em tecnologia, tentam nos jogar para baixo”, diz a estudante Alice Carneiro, 12 anos, que quer ser engenheira mecânica no futuro. “Mas meus pais me dizem para continuar em frente para ter um futuro melhor.”

Perto dali, outro grupo de garotas está concentrado em decifrar uma mensagem. Quando terminam, elas leem “Sou uma decifradora de código” no papel. Os olhos brilham ao descobrir um talento que elas não desconfiavam ter. “Percebi que sou boa nisso”, diz Rayssa Gomes, 11 anos.

O Girls4Tech é apenas uma das iniciativas globais que tentam equilibrar a proporção de homens e mulheres na tecnologia. Atualmente, de acordo com dados da Sociedade Brasileira da Computação (SBC), apenas cerca de 15% dos alunos matriculados em cursos, como ciências da computação e engenharia da computação, no Brasil, são mulheres.

A proporção é parecida nas principais universidades de São Paulo: na Universidade Estadual Paulista (Unesp), mulheres são 19% dos matriculados; na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 12,6%; e no curso de Engenharia da Computação da Escola Politécnica da USP, elas são 8%. A preocupação é global: estudo da consultoria Accenture provocou alarde nos EUA ao mostrar que a proporção de mulheres em postos de trabalho de tecnologia pode cair de 24% para 22% em 2025 se nada for feito para encorajar as meninas de hoje a seguirem carreiras nessa área.

Conheça mulheres na liderança de gigantes da tecnologia

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Cristina Junqueira

Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Sócia do Nubank, Cristina Junqueira é hoje vice-presidente de marca e desenvolvimento de negócios da startup brasileira. Ela é o braço-direito do presidente executivo David Vélez e ajudou a empresa a se tornar o terceiro unicórnio brasileiro.

Fiamma Zarife

Foto: Divulgação

Em janeiro de 2017, a executiva Fiamma Zarife passou a comandar a operação do Twitter no Brasil. Sucessora de Guilherme Ribenboim, ela atuou como vice-presidente de conteúdo e serviços da Samsung na América Latina e tem passagem por Claro, Oi, Telecom Italia, ATL, Banco Boavista e Petrobrás Distribuidora.

Paula Paschoal

Foto: PayPal

Há oito anos no PayPal, Paula Paschoal assumiu no ano passado o cargo de gerente-geral da empresa de pagamentos digitais no Brasil. 

Angela Ahrendts

Foto: NYT

Vice-presidente de varejo online e físico da Apple, a norte-americana Angela Ahrendts começou sua carreira no mundo da moda – entre 2006 e 2014, ela foi presidente executiva da Burberry, antes de se transferir para a Apple, já sob o comando de Tim Cook. 

Marne Levine

Foto: Estadão

Diretora global de operações do Instagram, Marne Levine trabalha lado a lado com o norte-americano Kevin Systrom e o brasileiro Mike Krieger na liderança do aplicativo de compartilhamento de fotos. Antes de ir para o Instagram, Marne foi vice-presidente de políticas públicas globais no Facebook. 

Amy Hood

Foto: NYT

Formada na Universidade de Duke e com MBA em Harvard, Amy Hood é a senhora do dinheiro na Microsoft: desde 2013, quando substituiu Peter Klein, ela é a diretora financeira da empresa, responsável pelo Windows e pelo Xbox. Antes da Microsoft, na qual começou a trabalhar em 2002, Hood foi funcionária do banco Goldman Sachs. 

Ginni Rometty

Foto: Reuters

Presidente executiva e presidente do conselho da IBM, Ginni Rometty começou a trabalhar na tradicional empresa de informática dos EUA em 1981, como engenheira de sistemas no escritório de Detroit. Em 2002, ela liderou a compra da PricewaterhouseCoopers por US$ 3,5 bilhões, e foi uma das responsáveis por transformar o supercomputador Watson em uma arma comercial. Em 2011, assumiu a presidência da empresa, e hoje tem como seu principal desafio desenvolver a área de computação em nuvem e big data da IBM. 

Susan Wojcicki

Foto: Reuters

Presidente executiva do YouTube, Susan Wojcicki tem uma longa trajetória ao lado do Google: era dela a garagem que Larry Page e Sergey Brin utilizaram para começar as atividades do buscador. Antes de se tornar a primeira gerente de marketing do Google, em 1999, Wojcicki teve passagens pela Intel e pela Bain & Company. No Google, antes de assumir o YouTube em fevereiro de 2014, Wojcicki cuidou da área de anúncios e comércio, desenvolvendo negócios como o Google AdWords, o Google AdSense e o Google Analytics. 

Sheryl Sandberg

Foto: Reuters

Atual número 2 do Facebook – na ausência de Mark Zuckeberg, quem manda é ela – Sheryl Sandberg é uma das principais ativistas pela inclusão de mais mulheres no mundo da tecnologia. Antes do Facebook, Sandberg trabalhou no Google (foi vice-presidente de vendas e operações online) e foi chefe de gabinete do Secretário do Tesouro dos EUA, Lawrence Summers. Hoje, ela é membra do conselho da Walt Disney Company, e recentemente escreveu um livro, chamado Lean In, no qual fala sobre a ausência de mulheres em cargos de liderança. Ela também iniciou uma campanha em 2014, Ban Bossy (Acabe com a 'mandona', em uma tradução literal), com ajuda de Beyoncé e da atriz Jennifer Garner, para acabar com a palavra 'bossy', usada para descrever mulheres em posições de destaque de forma pejorativa. 

Safra Catz

Foto: Reuters

Co-presidente executiva da Oracle, a israelense Safra Catz divide o cargo com Mark Hurd – os dois sucederam ninguém menos que Larry Ellison, o fundador da Oracle, no cargo, em 2014. Catz entrou na Oracle em 1999, e na empresa acumulou diversos cargos, entre eles o cargo de presidente e de diretora financeira da Oracle. 

Paula Bellizia

Foto: Estadão

Diretora geral da Microsoft no Brasil, Paula Bellizia tem uma longa carreira no mercado de tecnologia no Brasil, tendo passado por empresas como Facebook, Telefonica e Apple (nesta última, foi gerente-geral da empresa no País). Em julho de 2015, Bellizia voltou para a Microsoft, onde já havia sido diretora de marketing e operações. 

Camila Achutti

Foto: MasterTech

Após estudar Ciências da Computação na USP, Camila Achutti fundou a startup MasterTech, voltada para educação e um dos principais cases de sucessos de startups fundadas por mulheres no Brasil. 

Brinquedo de menino? A razão para as mulheres escolherem outras carreiras, muitas vezes, começa na infância. “O computador é brinquedo para os meninos desde sempre”, diz a programadora Camila Achutti, fundadora da plataforma de ensino de programação MasterTech. “As meninas precisam ser expostas à tecnologia.”

Segundo Cristiano Maciel, professor da Universidade Federal do Mato Grosso, muitas vezes as meninas não conhecem modelos de profissionais com trajetórias interessantes para se inspirar. 

Ele é um dos responsáveis pelo Meninas Digitais, programa da SBC que, entre outras ações, apresenta os diferentes cursos da área de tecnologia e traz profissionais do setor para conversar com as garotas. “Às vezes, as meninas fogem da tecnologia porque têm medo de matemática, mas há cursos como Sistemas de Informação, com currículos mais flexíveis”, explica.

O Meninas Digitais está presente em escolas de ensino fundamental e médio, e têm hoje 30 frentes de trabalho em todo o País, incluindo o Cunhantã Digital (no Amazonas) e o Gurias na Computação (no Rio Grande do Sul). “Depois das oficinas, as meninas sabem que têm uma opção na computação”, diz o professor.

Para ele, no entanto, há outro problema a ser resolvido: o ambiente dos cursos de tecnologia e, mais tarde, no departamento de tecnologia das empresas. “É preciso criar um ambiente confortável para elas”. Foi o que sentiu Camila Achutti, ao entrar no curso de Ciências da Computação da USP.

Filha de um programador, Camila foi a única mulher de sua turma. Superado o medo inicial, ela criou o blog Mulheres na Computação e, desde então, divulga a atuação das mulheres nessa área, uma forma de inspirar meninas. “Choro toda vez que elas me chamam para a formatura”, diz Camila.

Para Karin Breitman, diretora do centro de pesquisa da empresa de serviços de TI Dell EMC no Brasil, é preciso deixar de lado o estereótipo do nerd, que favorece os meninos. “A gente precisa explicar para as meninas que elas podem ser cientistas de dados mesmo se não gostarem de heróis da Marvel ou de jogar World of Warcraft.”

A existência de exemplos como Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, Marissa Mayer, presidente do Yahoo, e Meg Whitman, presidente da HP Enterprise, mostra que a situação melhorou. Mas é provável que o setor sofra com a falta de mulheres em cargos de liderança em alguns anos. “Essa geração de executivas será seguida por um elo fraco, de meninas de 25 a 35 anos que pegaram o pior da história. Devemos cuidar delas para que continuem crescendo.”

Algumas iniciativas em curso no Brasil buscam ajudar essa geração de mulheres. O coletivo Maria Lab, criado em 2012, está entre um dos mais ativos no País e, só neste ano, já promoveu mais de 10 cursos para mulheres, sempre gratuitos. Os temas abordados vão da criação de um site até a criptografia de e-mails. “Conseguimos criar um espaço para as mulheres aprofundarem seus conhecimentos e pedirem ajuda”, diz Carine Roos, cofundadora do Maria Lab. “Temos um grupo diverso com mais de 200 garotas.”

    Tags:

  • Mulher
  • Educação
  • Tecnologia

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