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Novo Nintendinho

O repórter Filipe Serrano conferiu o lançamento do Nintendo 3DS em Nova York

Por Filipe Serrano
Atualização:

O discurso estava na ponta da língua, e a Nintendo fez de tudo para parecer que seu novo portátil, o Nintendo 3DS, é uma revolução. “Não é só mais um lançamento, mas o começo de uma nova era dos games”, repetiu algumas vezes o presidente da Nintendo para as Américas, Reggie Fils-Aime, em evento em Nova York na semana passada.

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Ele trazia na manga outras frases de efeito, como “é algo que você nunca experimentou antes”, “ele coloca você dentro do jogo” e “não há nada separando você de sua paixão”, se referindo à possibilidade de ver imagens tridimensionais na tela do portátil sem ter de usar óculos, como ocorre nas TVs 3D à venda hoje.

Rumo. De fato há grandes transformações ocorrendo no mundo de games. Sony e Microsoft apostam nos controles de movimento Move (para PS3) e Kinect (para Xbox 360). Jogos para celular são cada vez mais populares com o rápido crescimento dos smartphones – a ponto de a Sony planejar o lançamento de um celular com a marca PSP e de o novo sistema para celulares da Microsoft, o Windows Phone 7, incorporar a rede de games Xbox Live. O Facebook, com 500 milhões de jogadores potenciais, virou uma rede de jogos sociais maior do que qualquer uma das redes de fabricantes de games. Assim, games em três dimensões parecem estar mais para a era dos consoles pré-2006 do que para o futuro do entretenimento pessoal – móvel e social.

Agora, com o 3DS, a Nintendo defende que não, que os aparelhos dedicados aos games ainda têm espaço, sim, para evoluir e incorporar novas tecnologias, sendo a principal delas o 3D.

 

“Games para celular são pequenos lanches entre as refeições do dia”, defendeu Bill van Ryll, diretor de marketing da Nintendo para a América Latina. “Há espaço para os dois tipos de games (para celular e consoles portáteis) e o consumidor continua comprando os dois.” Isto é, quem passa o tempo jogando Angry Birds no iPhone ou quem cuida sua fazenda no FarmVille nas horas vagas, também quer um aparelho dedicado a games que exijam total concentração.

Pode ser que a Nintendo acerte na sua visão otimista, e que o 3DS tenha um “efeito Super Mario Bros.” para a empresa como ela espera. O 3DS foi recebido com muitos elogios pela imprensa estrangeira especializada presente no evento em Nova York. E a fabricante deve colocar cerca de quatro milhões de unidades do console à venda a partir do próximo mês, quando será lançado no Japão (26 de fevereiro), e em seguida na Europa (25 de março) e nos Estados Unidos (27 de março), onde vai custar US$ 250 (cerca de R$ 420). O lançamento no Brasil pode ocorrer por volta da mesma data, segundo Nintendo, sem estimativa de preço. Uma coisa é prometida: o 3DS terá versão destinada ao mercado brasileiro, com o software traduzido para português.

Poréns. Mas esse acerto também vai depender de como as pessoas vão receber as novidades trazidas para o novo console. Pelo que o Link pode experimentar, elas são inovadoras, mas, ao mesmo tempo carregadas de desvantagens.

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A imagem 3D é de atrair a curiosidade de qualquer pessoa e traz uma experiência bastante diferente para certos jogos, como o game de futebol Pro Evolution Soccer 2011 3D, tornando mais real a sensação de que a bola está percorrendo a distância do gramado a sua frente.

Mas para outros jogos o efeito parece ter poucas vantagens e cansa a visão em alguns minutos de diversão. Por isso, há um controle para regular a intensidade do efeito 3D e até para desligá-lo. Além disso, os consumidores não têm visto as TVs 3D com grande entusiasmo, o que pode ter um efeito negativo no 3DS até que eles descubram que não é necessário usar óculos.

Até junho, a empresa espera ter 30 jogos lançados para o 3DS, nem todos tridimensionais. Jogos em cartões do modelo antigo, o DSi, também funcionam no novo console.

Outro porém é a tecnologia para jogar em rede com outras pessoas que também tenham o 3DS. Embora isso seja atraente, a Nintendo enfatizou ainda mais a possibilidade de os aparelhos trocarem informações quando se aproximam, mesmo que estejam no modo “sleep”. Por exemplo, se você está andando na rua com seu 3DS na mochila e cruza com alguém também carregando um 3DS, eles vão trocar dados, como avatares, mapas de games, recordes, etc. Uma novidade que parece ter pouca utilidade prática.

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O 3DS ainda vem com sensores de movimento, que percebem, por exemplo, quando você gira o aparelho à sua volta ou quando movimenta o console em si, algo importado dos celulares. Alguns jogos aproveitam essa função. Por exemplo, em Legends of Zelda: Occarina of Time, que ganhou uma versão para o 3DS, o estilingue é controlado dessa forma. Mas a necessidade de sair da sua posição para fazer apenas uma tarefa pode irritar, além de ser desconfortável se a pessoa está em um ambiente público.

3D aumentado O 3DS vem com oito cartões de papel para jogar games que usam realidade aumentada. Por meio das câmeras posteriores, o console reconhece os símbolos nos cartões e, assim, carrega a imagem do game sobreposta à imagem captada pelas câmeras. Dessa forma, o ambiente filmado vira cenário do game, em que você interage como puder, desde que a câmera esteja apontada para o cartão. No único game do tipo apresentado na semana passada, o objetivo era acertar alvos virtuais que apareciam sobre a mesa real onde o cartão estava. O jogador tem de se mover ao redor do cartão, usando os sensores de movimento, para alcançar o ângulo certo.

O repórter viajou a convite da Nintendo

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