Numeração no Kindle: uma solução imperfeita

A inclusão de números nas páginas dos livros digitais causará alguns problemas

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Por Redação Link
Atualização:

Há desde o lançamento do Kindle um aspecto que tem frustrado e encantado as multidões: a numeração das páginas.

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O leitor de livros eletrônicos Kindle sempre exibiu seus próprios “números de localização” em vez do número das  páginas. E por que? Não faz sentido numerar páginas num livro eletrônico. Se o tamanho das letras for aumentado ou reduzido, a numeração das páginas seria alterada. Um livro de 100 páginas torna-se um volume de 200 páginas quando dobramos o tamanho do corpo da fonte exibida.

E o que ocorreria se lêssemos no Kindle as 15 primeiras páginas de um livro, e depois prosseguíssemos a leitura num iPod Touch? Obviamente, a tela menor só pode exibir uma fração do texto, e assim a numeração das páginas não poderia ser a mesma em cada um dos diferentes dispositivos.

Foi por isso que a Amazon inventou os “números de localização” que correspondem aos trechos do texto exibidos na tela, mantendo-se inalterados independentemente do tamanho da tela e das letras, fugindo assim da numeração correspondente às páginas de papel. (Caso contrário, encontraríamos citações como: “‘Lamento ter apenas uma vida para oferecer por meu país’, diz Nathan Hale na página 384 quando lida usando a fonte Arial corpo 14 na tela do MacBook Air de 13 polegadas.”)

Na época a solução pareceu bastante lógica. Infelizmente, tal sistema cria dores de cabeça para todos aqueles que precisam fazer citações específicas: um estudante escrevendo um trabalho, por exemplo, um professor indicando um trabalho de leitura ou alguém que tente acompanhar um clube do livro.

O Nook, da Barnes & Noble, usa um sistema diferente: os números que ele atribui às páginas correspondem à numeração das páginas físicas do livro — resolvendo um problema, mas criando alguns outros.

A Amazon finalmente decidiu tratar da questão, como veremos na próxima atualização de software do Kindle. (Já disponível atualmente em versão preliminar.) Os livros do Kindle darão ao leitor a possibilidade de escolher entre um destes sistemas de numeração: números de “localização” que se mantêm associados aos mesmos trechos do texto independentemente do tamanho da tela e do corpo da fonte, e números de página que reflitam a numeração de um livro impresso. É claro que usar o número das páginas físicas pode trazer certa estranheza — talvez o usuário use o dedo para “virar a página” no iPhone, mas o número da página pode permanecer inalterado. Ou talvez um ajuste no tamanho da letra faça com que o número da página mude (no caso do número de página exibido corresponder à palavra que esteja na parte superior esquerda da tela).

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Tudo isto exige certas mudanças nos arquivos dos livros eletrônicos já existentes; a Amazon já converteu “dezenas de milhares” de livros ao novo formato e logo pretende atualizar seus aplicativos de leitura Kindle para plataformas como o iPhone, o Android e assim por diante, permitindo que se beneficiem do novo recurso.

Em resumo: chega de criticar o Kindle e o Nook por causa da maneira com a qual eles numeram as páginas. Nenhuma das soluções é perfeita — nem a “localização” e nem o número das páginas físicas — porque trata-se de um problema impossível de se resolver. O máximo que podemos esperar é a possibilidade de escolher entre eles –  e agora o Kindle nos oferece exatamente isto.

* Texto originalmente publicado em 08/02/2011.

—- Leia mais:Kindle ganha números nas páginas

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