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'O anonimato é vital para liberdade de expressão'

Por Rafael Cabral
Atualização:
LOGIN |: Cole Stryker, autor de livro sobre o Anonymous e o 4chan Foto:

O que a radicalização da ideia do anonimato, principalmente com a ação organizada de ataques do Anonymous, sinaliza? A marca Anonymous cresceu e ficou poderosa. No começo, o grupo se juntou no 4chan para atacar alvos bem mais modestos, como a igreja da Cientologia (religião famosa por ter entre seus seguidores celebridades como Tom Cruise). Hoje, ataca governos e instituições de todo o mundo e sua presença física pode ser notada nas ruas e nos discursos de manifestantes. A máscara do V de Vingança é importante não só para proteger a identidade de quem a usa, mas para reforçar a parceria entre os anônimos. Hoje, Anonymous não é mais só o nome de um grupo, mas uma ideia coletiva contrária às corporações e governos.

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Mais de vinte membros do Anonymous e do LulzSec foram presos recentemente. Acredita que existe possibilidade de um retrocesso na liberdade do anonimato na rede por causa desses excessos? O anonimato é vital para a liberdade de expressão, principalmente na web. Infelizmente, há muitas consequências negativas disso, mas é mais importante preservar o anonimato para que as pessoas façam o bem do que limitá-lo para coibir o mal.

A quem interessa uma internet sem anonimato? Principalmente a empresas como Facebook e Google e a governos autoritários. Com serviços como Facebook e Google+ estamos caminhando para um modelo de rede social para o qual é interessante servir de plataforma para que as pessoas mostrem a cara, a real identidade e suas atividades, e acho que esse tipo de navegação só tende a crescer. No entanto, as pessoas sempre procurarão alternativas, como hoje procuram o IRC, para se comunicar de maneira mais privada, e elas sempre encontrarão softwares dedicados a isso. As duas formas podem coexistir.

Qual é o cenário mais provável para essa questão nos próximos anos? Acredito que aconteceria uma revolução global se os países se unissem para abolir o anonimato. Acredito que governos do mundo todo já estão usando maneiras mais sorrateiras para violar a privacidade dos cidadãos e convencer a população de que a atitude é correta. O que realmente temo são políticos e governos que usarão o argumento da segurança como uma desculpa para impor limites à liberdade da informação. Isso já está acontecendo.

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O livro O título Epic Win for Anonymous – How the 4chan Army Conquered the Web não representa bem o livro de Cole Stryker, que se alonga na história do imageboarde esquece que o anonimato e o grupo hacker deveriam ser o centro da obra. O autor fala de histórias e de memes surgidos em fóruns como o extremo /b/ (“Random”, ou “Aleatório”) e descreve apenas a origem da organização de hackers que se uniu para atacar alvos comuns como YouTube, Yahoo e a líder política Sarah Palin, cuja conta de e-mail foi hackeada pelo grupo.

—-Leia mais:Canv.as é 4Chan organizadinhoLink no papel – 12/09/2011

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