O canto do Siri

Com 15 anos, ele não esperou a Apple. E fez o iPhone 4S entender português

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Por Murilo Roncolato
Atualização:

SÃO PAULO – Pedro Franceschi começou 2012 virando notícia pela segunda vez. Em março, o garoto, hoje com 15 anos, havia aparecido no Link depois de criar um programa que desbloqueava o iPod Touch com alguns cliques. Fã dos produtos da Apple, desta vez o jovem carioca ficou incomodado por não poder usar em português o Siri, sistema de reconhecimento de voz do iPhone 4S, lançado em outubro.

 

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Com a ajuda de amigos, ele adaptou um aplicativo que reconhecia falas em português e as transformava em texto (o Dragon Dictation). A partir de cálculos incompreensíveis para muitos marmanjos, ele conseguiu fazer que as mensagens ditas em português chegassem em inglês no servidor do Siri e, depois, que elas fossem respondidas em português por texto.

O “ajuste” (que ele chama de “tweak”) ainda não pode ser publicado. Ele teme que a engenharia reversa gere problemas legais. Pedro aguarda que um dos “seis dos melhores hackers do mundo na área de jailbreak de iPhone” desbloqueie o novo modelo, para que ele possa fazer os acertos necessários e liberar a sua criação na internet. Para ele, a Apple dificilmente faria a adaptação. “Eles não olham para cá”, diz Pedro, que está no primeiro ano do ensino médio.

O colégio não é uma das suas prioridades. O jovem carioca divide o dia entre a casa – onde passa horas programando – e o trabalho em uma empresa de desenvolvimento de aplicativos.

Sobre o Siri, ele afirma não estar passando por cima do trabalho da gigante americana, pois sua criação não poderia ser aproveitada. Além disso, a Apple “conseguiria fazer algo melhor com muito mais facilidade”, diz. Pedro espera um dia trabalhar na empresa californiana, mas sabe que é tarefa difícil. “A possibilidade de levarem brasileiros para lá existe, mas é rara. Ainda mais um menor de idade…”

Franceschi é cético sobre o uso do Siri no Brasil. “As pessoas não estão acostumadas a pedir coisas para o celular”, diz. Ele mesmo usa pouco a ferramenta.

Seu próximo passo será usar bancos de dados brasileiros de geolocalização, para que o Siri nacional possa funcionar como o oficial da Apple que sugere restaurantes mais próximos, trajetos de ruas, etc. “Eu pretendo colocar essas questões em uma próxima versão”, afirma.

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—-Leia mais:• Link no papel 16/01/2012

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