O estereótipo 'geek' afasta as mulheres?

Por que é que os cursos de ciência da computação têm poucas mulheres? Uma pesquisadora da Universidade de Washington defende uma hipótese um tanto polêmica: um dos motivos pode ser o estereótipo do nerd que freqüenta esses ambientes.

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Por Tatiana Mello Dias
Atualização:
 Foto: Estadão

No estudo, Cheryan estudou o comportamento de 250 estudantes (de ambos os sexos) que não estudavam ciências da computação. Ela quis ver por que a proporção de mulheres que optam pelo curso caía, enquanto em outras áreas científicas – biologia, matemática e química – o percentual feminino crescia.

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A pesquisadora colocou os estudantes em uma pequena sala decorada de duas maneiras. Na primeira, colocou vários objetos tipicamente associados ao universo da computação – pôsters do Star Trek, caixas de games e latas de refrigerante. Na segunda, pôsteres com figuras da natureza, arte e xícaras de café. Depois de alguns momentos dentro da sala, os “cobaias” receberam um questionário com perguntas sobre a intenção de entrar para as ciências da computação.

Resultado: as mulheres que estiveram nas salas decoradas com os objetos “geek” tiveram menos interesse no assunto do que as outras. Entre os homens, porém, não houve diferença. Houve também outros experimentos. Em um deles, por exemplo, quando as mulheres eram orientadas a escolher entre dois grupos femininos, 82% preferiam aquelas que trabalhavam em uma área de trabalho sem os objetos estereotipados.

Para a pesquisadora, o estudo sugere que mudar a imagem das ciências da computação faria com que mais mulheres se sentissem bem nesse tipo de ambiente – e, consequentemente, optassem pela carreira. “Nós queremos atrair mais pessoas para as ciências da computação”, diz Sapna. “Seria legal se os cientistas da computação fossem representados em filmes e na televisão como pessoas comuns, e não só geeks”.

Segundo o censo do CNPq, no Brasil as mulheres são apenas 30% dos pesquisadores na computação. Há vários prêmios e incentivos – inclusive do Google – para estimular a presença feminina na área.

Na pesquisa, Sapna aponta um possível motivo – o da imagem. Mas será mesmo que o estereótipo ‘geek’ afasta as mulheres? Há controvérsias.

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