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Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|O futebol dos games

Fifa é tão grande que parte do público compra um console só para jogá-lo

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Ao longo dos últimos dias, aconteceu em Los Angeles, na Califórnia, a Electronic Entertainment Expo. Todo mundo a conhece por E3. O evento é anual, ocorre desde 1995 neste pré-verão dos EUA, e é a maior feira do mundo para videogames. É lá que as maiores editoras anunciam seus lançamentos da temporada, assim como quem faz o hardware fala de seus planos para consoles. Este ano, calhou de ocorrer às vésperas da Copa do Mundo. E, ora, um dos principais assuntos da feira foram os anúncios das versões 2019 do Fifa Soccer, da Electronic Arts, e do Pro Evolution Soccer, da Konami.

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Estes dois games, e a disputa por espaços entre os ambos, têm impacto direto no negócio dos consoles e no do futebol. O que é uma conclusão óbvia na Europa, porém, passa ao largo da pouca sofisticação e nenhum cosmopolitismo dos clubes brasileiros.

Embora tenha sido lançado apenas no final de setembro de 2017, Fifa 18 vendeu, até o fechar de dezembro, 12,8 milhões de cópias para os consoles PS4 e Xbox. Pelas contas da VGChartz, fez dele o quarto maior game de 2017.

O segundo game esportivo mais vendido do mundo, o NBA2K18 da mesma editora, fechou o ano em 4,3 milhões de cópias vendidas. Fifa é tão grande que parte do público compra um console só para jogá-lo. O fato, por exemplo, de que Fifa 19 continuará saindo para as máquinas antigas como PS3 e Xbox 360 quer dizer que muita gente não vai trocar seu aparelho este ano. E como Sony e Microsoft já anunciaram o PS5 e o novo Xbox para entre 2020 e 2021, já se espera uma queda nas vendas dos consoles em 2019. Fifa Soccer tem este grau de influência.

Assim como mexe com a imaginação. Desde que há futebol, meninos pelo mundo se imaginam Pelés e Zicos e Sócrates e Romários e Neymares por aí. O fizeram nas ruas quando deu, o fazem nas quadras que acham – e, em todo o mundo, o fazem movimento seus ídolos na tela gigante de uma TV. Aprendem a escolher planos táticos – do clássico 4-3-3 ao moderno 4-1-4-1. Games inspiram e ensinam.

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Por isso, o fato de que Cristiano Ronaldo continuará na capa do novo Fifa quer dizer, também, que simbolicamente ele continua no topo do esporte. Porque, no trailer mundial, Neymar é o segundo jogador em destaque, isto é um sinal de ascensão do ídolo brasileiro. E, pois é, apesar do contrato da turma do rival com o Barcelona, não é Messi quem estará na capa internacional do PES 19. É Philippe Coutinho.

Neste ano, a turma do PES melhorou o game – até cansados os jogadores ficam ao longo da partida, como no mundo real. Mas teve uma perda imensa: a Champions League, de longe o maior torneio do mundo dos clubes, foi para o Fifa. Que é um jogo mais completo.

Há uma perda menor, porém que pegou os executivos da Konami de surpresa: o Borussia Dortmund, uma das principais equipes alemãs, rompeu precocemente seu contrato com o PES para poder estar no outro game. Aquele que o mundo joga.

Perante a potência na qual o Fifa vai se consolidando uma edição após a outra, a saída do PES é ir comendo pelas beiradas, pegando os campeonatos menores aqui e ali. Seu grande anúncio este ano é a exclusividade do Campeonato Russo. E mantém os acordos de exclusividade com os dois grandes brasileiros, Flamengo e Corinthians. Este ano, será o único a ter o estádio do Palmeiras, Allianz Parque.

Para os times brasileiros, estes acordos representam um dinheirinho, não muito mais que isso. Em troca, deixam de estar no game que move a imaginação da meninada no Brasil – e no mundo. É o erro que o Borussia pagou para não cometer mais.

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