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Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas

Opinião|O futuro da internet é o metaverso

A internet vai parecer um lugar físico e veremos as pessoas em três dimensões em resoluções riquíssimas

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No futuro, a internet vai parecer um lugar do mundo real Foto: Mike Blake/Reuters

Parece ficção científica, mas por trás da briga entre o estúdio de videogames Epic e a Apple, o primeiro caso antitruste contra as Big Techs nas cortes americanas, está um conceito de como será a internet no futuro. É o metaverso. Não se trata de uma realidade próxima, mas também não é tão distante – coisa para daqui a quinze ou vinte anos. É quando a internet se tornará um universo paralelo no qual vamos transitar. Algo que remete à Nova Geração de Star Trek, ao filme Jogador Número 1 ou, em sua forma distópica, Matrix.

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A Epic processa a Apple, pois quer oferecer a quem joga seu principal game, Fortnite, maneiras de pagar por recursos do jogo sem passar pela loja do iPhone e iPad. Mas este processo é só um lance numa partida mais complexa. A Epic quer se firmar como uma das maiores empresas de tecnologia do mundo alguns lances à frente. E seu caminho é o do metaverso.

Chamamos hoje de ciberespaço este ambiente online no qual nos encontramos cotidianamente. Com frequência, temos já a sensação de que levamos ali uma ou mais vidas paralelas entre fotos das férias com muito sorriso e nenhum mau humor, debates acalorados no Twitter, trocas de e-mail sisudas com o chefe e os Zooms que substituem o bar com os amigos. É como se tivéssemos inúmeras personas. Mas não há a sensação de que a internet é um espaço.

Uma das ideias por trás do que será o 6G é que ele terá a capacidade de operar realidade virtual. Esta rede, que em algum ponto dos anos 2030 começará a ser instalada, vai permitir que o Zoom não se dê na frente de um monitor, e sim num ambiente em que com um amigo em Tóquio, outro no México e um terceiro em Nairóbi, possamos juntos nos sentar num beira-mar virtual com todo jeito de ser real. Veremos as pessoas em três dimensões ricas. A internet vai parecer um lugar.

Num ambiente assim, as possibilidades são inúmeras. Não se trata, afinal, apenas da visão 3D. Luvas e outros utensílios acoplados ao corpo podem oferecer tato – e assim, quando alguém aperta sua mão, o cumprimento é sentido com a pressão dada na origem, até com o calor. Pode ser tão realista quanto quisermos quanto também permitir que um perna de pau, como cá este colunista, se saia na partida tão brilhante quanto Zico. 

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A pornografia ganhará outra dimensão, como também o cinema e o teatro poderão se fundir e estaremos ali ao lado de Hamlet quando enfim ele cair morto. O resto é silêncio. 

Este é o conceito do metaverso. E quem o oferecer primeiro vai, naturalmente, fazer muito dinheiro.

Facebook, Google e Microsoft têm investimentos importantes e pesados em realidade virtual. A Apple já explora com suas câmeras de celular as possibilidades de mapear o espaço real em 3D para compreender sua profundidade e encaixar ali objetos virtuais para serem vistos, hoje, pela lente do celular. No futuro, com algum outro aparelho, na própria rua.

Uma maneira de enxergar Fortnite é como um jogo no qual comandamos personagens que, a cada rodada, saltam sobre uma ilha para disputar seu território. Armas as mais distintas, fantasias de super-heróis e alienígenas, tudo vale. Mas em Fortnite também se realizam de tempos em tempos concertos de música virtuais com artistas reais que estão de fato tocando. Lady Gaga e Ariana Grande estão programadas para tocar na ilha este ano. O rapper Travis Scott tocou para um público que ultrapassou 12 milhões de pessoas.

O metaverso vai existir. A Epic trabalhar para ser a primeira a oferecê-lo. Para isso, precisa passar por cima das grandes hoje. *É JORNALISTA 

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