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Opinião|O futuro está começando

5G, privacidade e a casa inteligente foram os temas que dominaram a edição 2020 da CES

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Na CES, a farta demonstração foi das possibilidades em casa Foto: Robyn Beck / AFP

Foram três os temas que dominaram a edição 2020 da CES, Consumer Electronics Show, a grande conferência de tecnologia que abre um ano após o outro apontando as tendências. Na lista: 5G, privacidade e a casa inteligente. Não marcarão apenas os próximos doze meses. Marcarão os próximos dez anos. Os anos vinte mudarão de forma radical como vivemos.

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A chave está no 5G. Até o final deste ano que começa, as principais cidades americanas terão cobertura da nova geração de internet celular. Na China, a previsão é de que haverá 5G em todas as cidades com mais de um milhão de habitantes. No Brasil não vai ter nada — o governo Jair Bolsonaro está segurando o leilão das faixas de frequência porque não quer dizer não para os EUA, e o governo Trump pressiona para que não usemos tecnologia chinesa. Na subordinação bizarra dos interesses brasileiros aos caprichos do ora inquilino da Casa Branca, nos atrasamos perante o mundo.

Bizarro, aliás, não é termo forte o suficiente.

Mas — 5G é chave. Porque 5G não é apenas internet muito mais rápida. 5G é também a capacidade de conectar à rede uma quase infinidade de aparelhos. E permitir que estes aparelhos conversem, uns com os outros, de forma instantânea. Ou seja: 5G é a tecnologia que deixa a internet das coisas viável. Se todas as torradeiras, geladeiras e bueiros de rua estarão ligados à internet, é por causa desta nova geração.

Há imenso impacto nas cidades. Mas, na CES, a farta demonstração foi das possibilidades em casa. A Samsung, por exemplo, apresentou um robô chef de cozinha. Ele não fará uma receita, mas ajudará o cozinheiro. Pode picar as folhas, manter uma espátula girando numa panela, fazer uma mistura, derramar a quantidade certa de azeite. Precisa ser instruído, mas é um auxiliar e tanto.

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A lógica da casa conectada e automatizada é esta. Uma casa que dê menos trabalho, seja mais confortável e econômica. No verão carioca o ar-condicionado é primeira necessidade, no inverno paulistano não se vive sem aquecedor. O aparelho inteligente sabe que temperatura seu dono gosta, compreende quanto tempo demora para deixar a casa naquele ponto. Pelo GPS do celular, sabe que o chefe se aproxima — liga no momento certo para que aqueles 22°C tenham sido alcançados na hora em que a porta abrir.

É também quando a porta se abre que as luzes acendem, a música é ligada — ou, então, as últimas notícias são dadas. Se é dia de oferecer um jantar em casa, possivelmente uma playlist já foi montada pelo assistente digital. Alexa, Google Assistente, Siri — escolha o seu.

Escolha o seu mesmo: no fechar de 2019, Amazon, Google e Apple, responsáveis pelas três assistentes mais usadas do mundo ocidental, combinaram forças. Puseram num consórcio suas tecnologias voltadas para a casa conectada com o objetivo de criar um protocolo único, comum, que qualquer fabricante poderá adotar.

É medida fundamental.

Quem compra umas lâmpadas inteligentes, hoje, precisa comprar sempre da mesma marca — o app de uma não é compatível com o da outra. Pois é. Tem o app das lâmpadas, o app do ar, o aspirador-robô não funciona por app. As peças existem, mas são um pesadelo de integrar. Se é que sejam integráveis.

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O sonho da geladeira que sabe o que a pessoa costuma comprar e alerta o supermercado de que o leite acabou ainda está um pouco distante. Coisa de anos, não décadas, mas para que tudo funcione a contento é preciso que tudo converse. Wi-Fi mais 4G é um adianto, mas redondo mesmo só na rede que vem aí. E o protocolo único permite que compremos as peças que quisermos, não importa a marca, pois tudo integra.

O futuro está chegando.

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