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O hardware renasce no Vale do Silício

Impressoras 3D, crowdfunding e facilidade na produção impulsionam uma nova geração de startups que faz o Vale resgatar sua vocação original

Por Redação Link
Atualização:

Impressoras 3D, crowdfunding e facilidade na produção impulsionam uma nova geração de startups que faz o Vale resgatar sua vocação original

Nick Bolton e John Markoff, do The New York Times

Nos últimos anos, o Vale do Silício parece ter se esquecido do silício. Ele tem se destacado por empresas pontocom, publicidade online, redes sociais e aplicativos para smartphones. Mas há sinais de que o hardware está se tornando o novo software.

 

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É a expansão de uma tendência que começou há alguns anos com a câmera de vídeo Flip, um sucesso inesperado, e se acelerou recentemente. Apesar de o hardware não ser fabricado no Vale, ele tem sido concebido, projetado, prototipado e financiado lá, em geral por startups.

O que mudou? Os custos e os riscos de se desenvolver novidades estão se reduzindo.

Não que o software tenha se tornado menos importante no Vale do Silício. Uma razão para a ascensão do hardware é o fato de ele estar estreitamente integrado ao software. A Apple ensinou uma geração de designers de produto que um aparelho não é grande coisa sem um software que faz do seu uso um prazer.

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E qualquer designer pode hoje testar produtos com impressoras 3D de baixo custo que produzem protótipos rapidamente – garfos, ganchos, canecas. Os produtos podem ser fabricados rapidamente em montadoras no exterior – em geral, na China.

“O que antes levava três meses para fazer hoje leva menos de um”, explicou Andre Yousefi, cofundador do Lime Lab, empresa de São Francisco que trabalha com startups de hardware.

“Com as impressoras 3D, hoje se pode criar protótipos quase descartáveis”, disse ele. “Você o coloca à noite, recolhe cedo e pode jogar fora às 11h.” A queda no custo de construir engenhocas acarretou uma onda de inovação que está começando a eclipsar o mundo das pontocom.

“O mundo de hoje é diferente de 1996”, disse o investidor Sean Sullivan. “Produtos como o iPhone derrubaram o custo de componentes. Hoje se pode fazer aparelhos conectados que transformam vidas de uma forma que só era possível com software.”

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Sullivan levou nove empresas iniciantes a Shenzhen, na China, para 111 dias nos quais cada grupo desenvolveu e começou a fabricar novos produtos. Em junho, o primeiro grupo foi apresentado. As companhias incluem a Shaka, que faz um aparelho simples para medir o vento para esportistas, e a Kindara, fabricante de um acessório de iPhone que ajuda mulheres a calcular quando estão ovulando. Há também o Bilbot, projeto de robô barato de código aberto.

Volta às raízes. O Vale começou como um centro de hardware no fim dos anos 1930, quando Bill Hewlett e David Packard construíram um oscilador de áudio que Walt Disney usou no filme Fantasia. No início dos anos 70, o rótulo Vale do Silício foi cunhado em razão da proliferação das companhias de semicondutores. Na mesma década, um grupo de construtores amadores de computadores começou lá o Homebrew Computer Club, que deu origem a várias startups, como a Apple.

Algumas das startups de hardware mais bem-sucedidas de hoje no Vale foram formadas a partir da diáspora de ex-empregados da Apple. Criaram companhias que replicam o DNA da empresa de Steve Jobs: combinar software com hardware.

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Tony Fadell, ex-executivo que chefiou as equipes de design do iPod e do iPhone, iniciou a Nest, que produz um termostato inteligente para o lar. É um dos produtos eletrônicos domésticos de sucesso do ano. Hugo Fiennes, gerente de hardware da Apple nos primeiros quatro iPhones, iniciou a Electric Imp, que pretende conectar à internet objetos do dia a dia, como tomadas e eletrodomésticos.

E Andy Rubin, hoje chefe do Android no Google, foi engenheiro da Apple antes de sair para criar uma série de startups. A mais recente – o Android – foi comprada pelo Google em 2005.

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Hosain Rahman, CEO da Jawbone, startup que produz sistemas de som Bluetooth, disse que a Apple estabeleceu um padrão. “O sarrafo foi colocado alto demais por nossos amigos de Cupertino. Eles elevaram o valor geral do hardware”, disse ele, referindo-se à cidade onde fica sede da Apple.

Com toda a animação com o hardware, startups agora estão competindo por investimentos de capital de risco. E há um novo gênero de financiamento: o crowdfunding. O Ouya, um console open source para televisão que usa Android, acabou de levantar mais de US$ 8 milhões por meio do Kickstarter. Peeble, o relógio inteligente que se conecta a smartphones, levantou mais de US$ 10 milhões mesmo tendo solicitado US$ 100 mil.

Liam Casey, fundador e presidente executivo da PCH International, disse que a facilidade em fazer protótipos contribuiu. “O dinheiro sempre foi a barreira para o hardware. Ao mostrar a quantidade de interesse dos consumidores, as startups agora podem fazer os investidores se sentirem mais confortáveis em aplicar dinheiro em seus projetos”, disse Casey. A forte queda nos custos do hardware e o ressurgimento da cultura do hobby também está prosperando no acesso fácil a computadores e sensores de baixo custo, como o Raspberry Pi, chip de US$ 25 usado por hobbystas e startups. São vendidos 4 mil Raspberrys Pis por dia – suficiente para atingir 1,5 milhões de sonhadores em um ano.

Como o Raspberry Pi é quase tão barato quanto uma torta de framboesa (raspberry, em inglês), o impacto sobre o desenvolvimento futuro do hardware pode ser ainda mais profundo.

/ Tradução de Celso Paciornik

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