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O Kinect está de olho em vocês

Cansada de perder para a Apple, a Microsoft teve de correr atrás de inovações para se tornar competitiva novamente. O Kinect é a grande aposta da empresa em entretenimento doméstico

31/10/2010 | 18h00

  •      

 Por The New York Times - The New York Times

Tim Nichols, um psicólogo de 32 anos, passa os dias atrás de uma janela espelhada no centro de pesquisa de videogames da Microsoft, vendo pessoas jogarem no console da empresa, o Xbox.

Ele busca sorrisos, presta atenção a gritinhos extasiados e registra ciclos de triunfos. Quando um jogo é bom, todos os resultados acima são alcançados, garantindo uma “nota de diversão” alta o suficiente para que a Microsoft considere vendê-lo. E ultimamente o quociente de diversão disparou.

A mistura de desenvolvedores de jogos, gênios da interface e experts em inteligência artificial deu origem ao Kinect, um periférico para o popular Xbox 360 que chega às lojas no próximo mês. Com seu formato achatado e retangular e três olhos espaçados irregularmente, esse aparelho preto parece uma criatura de Guerra nas Estrelas geneticamente desprovida.

Sem botão. Na verdade, o Kinect já chega envolto em uma teia de funcionalidades futurísticas. A Microsoft superou a Sony e a Nintendo ao eliminar controles e suas avalanches de botões. O Kinect espia a sala, identifica as pessoas e segue seus movimentos. Jogadores podem ativá-lo com um aceno, navegar pelos menus com um movimento do braço e depois correr, pular, agachar, se inclinar e dançar, dirigindo seus avatares na tela em cada jogo. “Já perdi a conta de quantos tentaram fazer o moonwalk”, afirma Nichols, relembrando seus primeiros encontros com a mímica virtual.

O Kinect também reconhece comandos de voz. Os jogadores podem bradar ordens para mudar de jogo, abaixar o volume ou aceitar ofertas de filmes sob demanda e iniciar um bate-papo em tempo real durante a exibição, tudo pelo serviço de entretenimento Xbox Live.

Ambição. A introdução do Kinect em grande escala – com sua tecnologia de reconhecimento de voz e gestos quase mágicos – surge como o golpe mais arriscado e inovador da Microsoft em anos. Executivos da empresa esperam que o Kinect leve o Xbox para além dos gamers, conquistando famílias inteiras.

Sob uma ótica mais grandiosa, a tecnologia poderia apagar da lembrança dos consumidores uma sequência de falhas embaraçosas da Microsoft com celulares, tocadores de música, tablets e até o Windows, criando um clima de redenção para a empresa. “Para mim, é algo grande. Não há nada igual no mercado”, diz Steven Ballmer, CEO da Microsoft.

Enquanto a Apple popularizou a tecnologia de touchscreen, a Microsoft planeja bombardear o consumidor com suas ofertas de gesto e voz. A tecnologia por trás do Kinect deve começar na sala de estar, ganhando espaço pela casa, escritório e garagem ao longo do tempo, nos aparelhos da Microsoft ou de parceiros. As pessoas poderão acenar para o computador e pedir que comece uma videoconferência ou escolher uma música para tocar no aparelho de som.

“Eu quero um Kinect em cada cômodo da minha casa, me observando e ouvindo tudo que eu falo”, afirma Joel Johnson, um dos editores do site Gizmodo. “É tão ficção científica que seria absolutamente fantástico.”

Decadência. O lançamento de produtos espetaculares dentro do prazo tem se tornado uma ocorrência rara na Microsoft, fato que não é ignorado por investidores ou diretores da empresa. A companhia continua a depender de suas franquias de software – como Windows, Office e ferramentas para empresas – para garantir seus US$ 62,5 bilhões em lucros anuais. A Microsoft sempre esteve em setores de grande crescimento, como telefones e tablets, mas viu a Apple crescer e engolir a maior parte dos lucros.

Com tantos sucessos, a Apple acabou tomando o lugar da Microsoft como empresa de tecnologia mais valiosa do mundo, e já abriu mais de US$ 62 bilhões de distância. O conselho de diretores da Microsoft deu a Ballmer o equivalente fiscal de um castigo ao restringir seu bônus devido ao fraco desempenho em tecnologia móvel e à morte da inovação. E se o Kinect será capaz de revitalizar a imagem da Microsoft como inovadora ainda é a grande questão.

Os críticos reclamam que os jogos para o Kinect são fáceis demais e que a tecnologia de reconhecimento de gestos ainda possui falhas irritantes. Eles também afirmam que a Microsoft tem um hábito nada saudável de reprimir seus motores criativos com burocracia.

“Eles sempre se perdem em brigas entre todas aquelas divisões”, diz Johnson. “No momento em que algo se torna destaque, os setores intermediários desaceleram o processo.” Mas a Microsoft tem agido corretamente com os consumidores do Xbox e disparou na frente. Já foram vendidos 42 milhões de consoles, e 25 milhões de usuários estão cadastrados na rede Xbox Live. Só em setembro os sistemas Xbox registraram mais de um bilhão de horas jogadas.

Há muito tempo a Microsoft sonha com a chance de controlar a sala de estar e se tornar uma potência do entretenimento. O Kinect pode ser a melhor aposta para transformar essa visão em realidade. Mas Ballmer ainda avisa, cauteloso, que “há muito trabalho a ser feito”.

Fazer tecnologias tão complexas e que sejam fáceis de usar era quase impossível três anos atrás, quando um pequeno grupo de funcionários da Microsoft se reuniu para tramar o futuro do Kinect. Diversas empresas passaram décadas refinando a tecnologia de reconhecimento de voz e gestos. No entanto, ela funciona melhor em ambientes controlados. Câmeras e sensores de movimento costumam exigir fontes abundantes de luz, enquanto a tecnologia de voz costuma se basear na ideia de que o microfone está próximo à boca do usuário.

Os engenheiros da Microsoft sabiam que não teriam o luxo de ambientes controlados com o Kinect – ele deveria funcionar tão bem num pequeno cômodo de um apartamento no Japão quanto em uma espaçosa sala ao estilo texano. E teria de se ajustar a condições variadas de luz e à comoção de pessoas a diferentes distâncias de seus sensores.

“Ninguém tinha tentado resolver esses problemas do lado do consumidor”, diz Don Mattrick, presidente do segmento de entretenimento interativo da Microsoft. Fazer que a coisa funcione exigiu especialistas em inteligência artificial e milhares de cobaias. A Microsoft encontrou pessoas de diversas formas e tamanhos e monitorou 48 pontos em seus corpos para registrar como elas se movimentam. Com o passar do tempo, os algoritmos que digerem esses dados foram ficando cada vez melhores, permitindo que o sistema funcione com mulheres grávidas e crianças em roupas largas da mesma forma que com adultos de bermuda e camiseta.

Familiar. O cérebro do Kinect é reconfigurado diariamente pela Microsoft, que pode enviar atualizações pela internet quando necessário. O Kinect reconhece alguém que já tenha visto antes pelo formato do corpo, eliminando a necessidade de login a cada nova partida. Ele sabe a diferença entre sua mão esquerda e direita e pode distinguir dois jogadores até mesmo quando seus caminhos se cruzam.

Para comandos de voz, o aparelho utiliza quatro microfones em configuração assimétrica, separando a pessoa que envia comandos do som ambiente ou o que sai da própria TV. “Se estamos falando sério em reverter toda a indústria da computação para esse mundo onde os aparelhos podem compreendê-lo, então a tecnologia precisa ser robusta”, afirma Alex Kipman, diretor de incubação para o Xbox. “Do contrário, é só muito barulho por nada.”

A primeira safra de jogos para o Kinect foge das sagas violentas que têm comandado as vendas para Xbox. São, em sua maioria, jogos de festa, como os do Wii, em que famílias e crianças podem ficar pulando e se mexendo.

Para Ballmer, o Kinect é bem mais que uma oportunidade de negócios ou uma diversão agradável. Ele oferece uma chance de provar aos investidores e diretores da empresa que a Microsoft ainda é capaz de criar um momento revolucionário como a Apple tem feito. “Estou empolgado por estarmos na frente”, diz. “E quero pisar no acelerador.”

//ASHLEY VANCE, DO THE NEW YORK TIMES

    Tags:

  • Microsoft
  • Steve Ballmer

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