O mais caro

iPad 2 é custa mais no Brasil do que em qualquer outro lugar do mundo. A causa: impostos.

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Por Redação Link
Atualização:

Por Silvio Guedes Crespo

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Que tal trabalhar por um mês, sem gastar um tostão, e mesmo assim não ter dinheiro para comprar o iPad 2 mais simples? Essa é a realidade do brasileiro médio. E já que comer é preciso, o tablet da Apple deve demorar para se popularizar no Brasil. O salário médio no País, de R$ 1.577, é menor do que o preço do mais barato iPad 2, lançado no País na última sexta, 26: R$ 1.649. Quem ganha o salário mínimo, então, compra só um terço do produto se não gastar nada em um mês.

Os dados foram levantados pelo professor de economia Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios, a pedido do Link e do blog Radar Econômico. Leite comparou o preço do iPad 2 em 12 países, assim como os salários mínimos e médios de cada localidade – veja o levantamento completo no blog Radar Econômico. No Brasil, o preço do produto lidera esse ranking. E, para piorar, a renda da população é baixa em comparação com a da maior parte dos países em que a Apple vende seu tablet.

Os EUA, maior economia do mundo, são o país onde o produto é mais acessível. Além de o salário médio ser alto (R$ 6.200 em Estados como Nova York, apesar da crise), o preço dele é baixo: R$ 805. O americano médio compra quase oito iPads com um mês de trabalho.

Os impostos são fator fundamental para explicar o alto preço do iPad aqui. A carga tributária corresponde a 54,7% do preço do tablet, segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário). Só IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados, federal) e ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços, estadual) equivalem a 38% do produto em São Paulo (veja gráfico ao lado).

Quando surgiram, os tablets não tinham os benefícios tributários da chamada Lei do Bem, de 2005, que incentiva inovações tecnológicas e vale apenas para produtos fabricados no Brasil.

Na segunda passada, 23, o governo publicou a Medida Provisória que inclui os tablets na Lei do Bem. Com isso, o PIS e o Cofins (que somavam 9,25%) foram zerados e o IPI caiu de 20% para 15%. A redução de ICMS depende de cada Estado. A decisão não vale para o iPad, que é importado. A Foxconn, empresa que monta os tablets da Apple, disse que fabricará o produto no Brasil até o final do ano. A Apple não confirma.

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Veja no blog Radar Econômico o levantamento comparando o preço do iPad com o poder de compra da população (salários médio e mínimo de 12 países) Valor total com impostos: R$1650. Valor total sem impostos: R$907. IPI: 20%, ICMS: 18%, COFINS: 7%, PIS: 1,6%, Outros: 7,4% *Errata: o valor do aparelho, deduzidos os 54% de impostos, cai para R$ 759 e não R$ 907 como publicado na versão impressa.

—-Leia mais:Nada custa poucoLink no Papel – 30/05/2011

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