'O MIT nos ajudará a fazer melhor e rápido'

Reitor do ITA fala sobre a parceria que trará o Massachusetts Institute of Technology para o Brasil

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Por Anna Carolina Papp
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Reitor do ITA fala sobre a parceria que trará o Massachusetts Institute of Technology para o Brasil

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SÃO PAULO – Agora é oficial: depois de muitas negociações, visitas e discussões, o Massachusetts Institute of Technology (MIT) – melhor escola de engenharia do mundo e principal instituto de pesquisa em tecnologia – chegará ao Brasil, firmando colaborações com instituições do País e criando centros de inovação. Dois projetos serão realizados: uma parceria com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, e outra na cidade de Campinas.

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“O MIT está muito contente com a oportunidade de colaborar com o Brasil. Ambos os projetos, a parceria entre a escola de engenharia do MIT e o ITA, assim como uma potencial parceria em Campinas, têm sido amplamente discutidos há alguns meses. Continuamos em diálogo com representantes e líderes no Brasil”, disse ao Link Philip S. Khoury, reitor associado do MIT.

Em abril, a presidente Dilma Rouseff fez uma visita ao MIT, para estreitar laços com a instituição. Foi assinada uma carta entre a escola e o ITA, que trazia um acordo sobre uma possível colaboração, a ser estruturada ao longo de seis meses.

Depois disso, houve alguns“intercâmbios” entre os representantes das respectivas instituições. Em junho e julho, delegações do instituto norte-americano vieram ao Brasil para conhecer o ITA e visitar empresas, a fim de definir projetos que seriam de grande impacto para o País.

O processo então segue em andamento, no que chama de “fase zero”, como explica o reitor do ITA, Carlos Américo Pacheco: “Esse período vai até janeiro do ano que vem, e consiste basicamente em definir todo o escopo da cooperação, prazos, orçamento e o que vamos fazer em conjunto”.

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Pacheco afirma que, nesta semana, uma primeira versão da proposta será enviada ao MIT, com detalhamento das atividades a serem desenvolvidas nos próximos cinco anos.

Um grupo do ITA irá aos Estados Unidos em setembro; já em outubro, o projeto será apresentado ao governo brasileiro. A partir daí, haverá um período de negociações referente a questões jurídicas e de orçamento. Em janeiro, então, o acordo final será fechado.

Mudar o mundo. Embora não seja possível aos alunos obter dupla formação com a vinda do instituto, por questões de legislação, a parceria tem por objetivo auxiliar na reforma no ensino de engenharia, introduzir de componentes de liderança, propiciar intercâmbios e iniciativas conjuntas, como escolas de verão e agenda de pesquisa, além da criação de um centro de inovação.

“O centro de inovação é uma espécie de hub, um guarda-chuva que facilita nossa cooperação com empresas que achamos estratégicas, que nos ajudem a renovar a maneira como ensinamos engenharia”, explica Pacheco. “Para formar engenheiros melhores, gostaríamos de ter um conjunto de pesquisas de longo prazo com nossos principais parceiros na área industrial”.

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Para o reitor, o principal diferencial da escola norte-americana é o fato de conseguir aliar engenharia, ciência e tecnologia para criar projetos que tenham grande impacto. “Talvez a grande lição do MIT seja o fato de ser uma escola de engenharia cujo objetivo é mudar maneira como a sociedade vive. A ambição é não se conformar com as coisas que você tem, é mudar o mundo. Esse é o planejamento estratégico do MIT: problemas e desafios levam a escola para frente”.

Assim, esse seria um dos motivos que teriam tornado o Brasil atraente aos olhos do gigante. “Eles estão bastante entusiasmados, pois o Brasil é uma das maiores economias do mundo, tem um potencial de crescimento econômico muito grande e, sobretudo, grandes desafios de engenharia”, diz o reitor.

Pacheco aponta que a deficiência em setores intensivos de tecnologia, como o eletrônico e o farmacêutico, por exemplo, é um dos fatores que fazem com que ainda estejamos longe do ideal em termos de desenvolvimento; mas que é possível crescer: “Somos superavitários em aeronáutica, mas temos um longo caminho pela frente, e esse caminho passa por isto: por inovação tecnológica, por engenharia, por ciência. Não tem atalho”, diz.

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A parceria com o MIT vem ao encontro de uma remodelação do próprio ITA, que atualmente trabalha em projeto de duplicação de seu espaço, contratação de novos professores e reforma de infraestrutura. “O que o Brasil espera de nós, do ITA,é que façamos outras Embraer; projetos que tenham impacto na sociedade brasileira. Nossa parceria com o MIT nos ajudará a fazer melhor e mais rápido, mas teríamos que fazer de qualquer jeito, é nossa agenda obrigatória”, completa Pacheco.

Apesar do acordo da vinda do MIT para São José dos Campos ser recente, a parceria entre as duas escolas já é de longa data. O ITA foi fundado, em 1950, com a colaboração do MIT, sendo seu primeiro reitor o chefe do Departamento de Aeronáutica da escola de Massachusetts. Os quatro primeiros reitores do ITA foram americanos, e uma grande parte de seus alunos realiza intercâmbios de seis meses a um ano na instituição.

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