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O novo destino dos Papéis do Pentágono

Como seriam divulgados hoje os documentos que revelaram segredos da Guerra do Vietnã

02/05/2010 | 20h12

  •      

 Por Redação Link - O Estado de S. Paulo

Vazamento. Se fosse hoje, Daniel Ellsberg não esperaria a imprensa publicar o relatório

Noam Cohen, The New York Times

Há duas semanas, o Wikileaks.org divulgou um vídeo sigiloso que mostrava militares a bordo de um helicóptero americano Apache matando 12 civis em Bagdá. A reação foi tão rápida e poderosa – uma versão editada havia sido vista seis milhões de vezes do You Tube – que o episódio provocou muitos questionamentos sobre como esse tipo de material é agora divulgado.

Se alguém hoje tivesse os Papéis do Pentágono, ou o seu equivalente moderno, ainda recorreria à imprensa, como Daniel Ellsberg fez há 40 anos e esperaria para que os documentos fossem analisados e, somente então, publicados? Ou essa pessoa simplesmente publicaria os documentos online imediatamente?

Ellsberg sabe sua resposta. “Hoje, eu não esperaria por tanto tempo”, disse em uma entrevista. “Eu pegaria um scanner e colocaria tudo na internet.”

Vietnã. No início de 1971, Ellsberg, um analista da RAND Corporation, passou a um repórter do New York Times uma cópia de um relatório ultrassecreto lançando dúvidas sobre a Guerra no Vietnã, os chamados Papéis do Pentágono. O documento, preparado pelo Departamento de Defesa, tinha 14 mil páginas e revelava detalhes sobre a atuação militar americana no Vietnã entre 1945 e 1967 – e mostrava ataques que não haviam sido divulgados pelo governo americano. Por meses, diz, Ellsberg esperou, incerto de que o New York Times publicaria o documento.

Quando a administração Nixon impediu o jornal de publicar o relatório na íntegra, Ellsberd deu cópias ao The Washingon Post e a outros jornais.

Hoje, ele diz, há algo sedutor em se tornar independente – longe do capricho de editores ou do governo de controlar a divulgação. “O governo não teria tentado impedir a publicação se eu tivesse divulgado tudo de uma só vez”, ele disse. “Tivemos esse duelo entre jornais e governo”.

Mas ele admite que algo poderia ter sido perdido se o Wikileaks existisse em 1971. “Eu não acredito que isso teria tido o mesmo impacto, na época ou hoje, quanto teve publicado no Times”, diz. A tentativa do governo de bloquear a publicação – algo finalizado pela Suprema Corte – foi a melhor publicidade, conta.

Mas a disputa do governo contra os jornais, e dos jornais contra si mesmos, não se compara ao poder da internet. “A competição foi útil”, diz Ellsberg. “Mas a internet tem o seu aspecto viral. As pessoas enviam o link umas às outras. E tudo atinge uma audiência maior”.

Em toda sua estratégia para conseguir atenção sobre o material que vazou, Ellsberg poderia soar como Julian Assange, o chefe do Wikileaks, que ousou dizer que uma das principais obrigações de seu grupo é “conseguir o máximo impacto político – para dar justiça ao nosso material”.

Assange está em uma turnê publicitária que incluiu uma parada pelo programa Colbert Report, do Comedy Central. Em entrevista, na semana passada, foi rápido para dizer como Ellsberg deveria agir hoje em dia.

Solução mista. Segundo ele, alguém conectado como Ellsberg deveria mesmo procurar uma saída mainstream, como a publicação no jornal, para atingir o máximo de publicidade. mas, de qualquer forma, deveria usar o Wikileaks para abrigar o acervo completo de documentos.

Ele também reconheceu que escolheu o dia 5 de abril, data da divulgação do vídeo do Apache, por ser um dia fraco de notícias. Porém, um desastre de mineração em West Virgínia no mesmo dia acabou ofuscando o vídeo.

Assange tem sido criticado por criar uma versão editada daquele vídeo (ele também publicou uma versão mais longa, sem edição), e por concluir que as mortes foram assassinatos.

O exército dos EUA disse que o protocolo militar foi seguido no incidente. E o Secretário da Defesa norte-americano, Robert M. Gates, afirmou na semana passada que o vídeo do Apache era enganador e fora de contexto – o equivalente a ver a guerra “através de um canudinho de refrigerante”.

Mas atrás dos questionamentos se o uso da força mortal foi justificado, Assange afirma que os vídeos não necessários para revelar a realidade da guerra.

“Algumas pessoas dizem que guerra é guerra e que nós devemos esperar esse tipo de estrago”, disse Assange. “Mas esses tipos de argumentos são supérfluos se o público não sabe como a guerra é.”

Uma das consequências da publicidade em torno do vídeo é que talvez agora militares manterão menos imagens desse tipo e não as circularão com liberdade, diz Fred Burton, vice-presidente de inteligência da Stratfor, uma agência de inteligência global, que escreveu sobre sua experiência como um agente anti-terror para o governo.

“É o mesmo tipo de argumentação que as pessoas costumam usar com seus filhos”, diz Burton. “Seja cuidadoso com o que posta no Facebook, porque isso irá assombrar você quando estiver na hora de fazer uma entrevista de emprego.”

O momento não poderia ser pior. “Definitivamente, isso atrapalha a operação da inteligência americana porque dificulta os esforços para aumentar a comunicação entre as agências”.

Segundo Burton, o Wikileaks tentou o recrutar como consultor, mas ele estava cético. Para ele, parecia uma forma de as autoridades monitorarem vazamentos. “Eu não acreditava que a tecnologia poderia mantê-los afastados”, disse. “Mas a raiva do governo sobre esse vazamento sugere que eles foram bem sucedidos até agora.”

O senhor Ellsberg disse que fez uma doação ao Wikileaks depois de assistir ao vídeo do Apache. Dada a vigilância a que ele foi submetido nos últimos 40 anos, ele duvida que a contribuição levantou as sombrancelhas em círculos governamentais. “Eu estou certo de que eu não estarei em nenhuma nova lista ao fazer uma contribuição”, diz.

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