O ouro do século 21

Usados para fabricar desde iPads até caças militares, minerais raros já são estratégicos para EUA e China

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Por Rafael Cabral
Atualização:

Usados para fabricar desde iPads até caças militares, minerais raros já são estratégicos para EUA e China

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A expansão da tecnologia depende hoje alguns minerais estruturalmente parecidos, com nomes estranhos e espalhados desigualmente pelo mundo. Alguns são encontrados no Brasil, como o tântalo, com uma mina em Presidente Figueiredo (AM), e o nióbio, explorado nas cidades de Ouvidor e Catalão (GO) e Araxá (MG). O primeiro é componente vital em baterias de celular e o responsável pela expansão da sua carga. O segundo vai na liga metálica de motores de foguete e está sendo pesquisado para funcionar como um dos mais modernos tipos de supercondutor.

Não é a toa que os EUA consideram as cidades brasileiras citadas “pontos estratégicos” sob sua influência, como mostrou um documento vazado no Cablegate do Wikileaks no final do ano passado, que enumera locais “cuja perda poderia impactar criticamente a saúde pública, a segurança econômica ou a segurança interna” do país. Além de necessários para a indústria de tecnologia pessoal, os minerais raros já são vistos como importantes armas militares e econômicas, o ouro do século 21.

Os chineses detêm praticamente o monopólio desses minérios. Com cerca de dois terços das reservas conhecidas em suas próprias terras e donos de grande parte das minas em outros países, são responsáveis por 97% da exportação de terras raras. Enxergando esse domínio estrategicamente, o país nacionalizou 11 minas em janeiro e limitou as exportação em 30 toneladas por ano, forçando um aumento de 1.000% no preço e, por consequência, uma corrida por fontes alternativas em outros países .

“A medida da China cria um grande problema econômico, pois os países que têm essas terras irão escondê-las para o preço aumentar ainda mais”, opina o geólogo Ideval Costa, do Instituto de Geociências da USP.

A Vale anunciou intenções de entrar na exploração no Brasil, que têm apenas 30% do seu território mapeado. Porém, pesquisas independentes de mineradoras já descobriram várias jazidas em cidades do Amazonas e Roraima, aumentando a especulação e conflitos nessas terras, como a da terra indígena da Raposa do Sol (RR), rica não só em diamantes mas também em nióbio.

Não há, por enquanto, o risco do esgotamento. Usado em telas touchscreen, o ítrio até estava ameaçado de acabar, mas foi salvo por pesquisadores japoneses que no mês passado descobriram uma jazida de terras raras embaixo do mar, entre o Havaí e a Polinésia Francesa, garantindo mais alguns anos de iPads, telas LED e mísseis teleguiados.

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—- Leia mais: Link no papel – 15/08/2011

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