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Pedro Doria

O Terça Livre é só o começo

A mentira erodiu a democracia americana e ela está erodindo a nossa

04/02/2021 | 16h54

  •      

 Por Pedro Doria - O Estado de S.Paulo

Canal Terça Livre, de Allan dos Santos, foi encerrado na noite de quarta-feira pelo Youtube

Gabriela Biló/Estadão

Canal Terça Livre, de Allan dos Santos, foi encerrado na noite de quarta-feira pelo Youtube

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O cerco contra a desinformação está se fechando — e esta é uma boa notícia para as democracias. Se o que marcou a semana no Brasil foi a guinada ao poder do Centrão, talvez em alguns meses venhamos a perceber que, para o bolsonarismo, a notícia de maior impacto para seu futuro por esses dias foi outra. O banimento definitivo do canal Terça Livre do YouTube.

A plataforma de vídeos do Google explicou num email aos administradores que havia identificado “violações graves ou repetidas das diretrizes da comunidade”. De sua parte, os responsáveis pelo canal seguiram o roteiro habitual da extrema-direita no mundo: gritaram que houve censura. Mas é importante ver que violações são estas que a rede identificou. Entre as mais gritantes estão a de mentir a respeito do processo eleitoral americano, dizer que o pleito foi fraudado e que o presidente Joe Biden não foi eleito.

Para o YouTube, mentir a respeito do processo democrático é falta grave. Está correto.

Há algumas semanas, o historiador Timothy Snyder, da Universidade Yale, escreveu um longo ensaio no New York Times lembrando qual a base das piores tiranias: é a mentira. Os nazistas falavam de judeus que misteriosamente controlam o mundo e eram os responsáveis pelo colapso econômico alemão. Stalin negava a fome que matou pelo menos sete milhões na Ucrânia. Por tempo demais pusemos nosso foco nas fake news. O problema é maior.

O problema não está em cada notícia falsa individualmente, mas no conjunto. Na criação de toda uma realidade paralela. É o que Donald Trump criou, é o que o governo Jair Bolsonaro cria — e o Terça Livre é uma das principais ferramentas. Constroem toda uma realidade paralela nas quais as peças se encaixam com surrealismo — o Foro de São Paulo tem um projeto comunista para a América Latina, de alguma forma refletido por proposta semelhante do Foro Econômico Mundial; a China ameaça o cristianismo e as vacinas carregam chips desenvolvidos ou por Bill Gates, ou por Pequim, e tudo tem algo a ver com o 5G. Dali para pregar o fim do casamento via ensino de sexualidade na escola pública é um pulo.

Uma pesquisa realizada no início de dezembro para NPR e PBS, nos EUA, revelou que 60% dos americanos acreditavam que Joe Biden havia sido eleito presidente. Outra pesquisa, do instituto Morning Consult, tomada na última semana de janeiro, indicava que 65% dos americanos confiavam na eleição. São números de uma sociedade que não acredita ser democrática. São os Estados Unidos.

A mentira erodiu a democracia americana. Está erodindo a nossa.

O método que dá origem à tirania não é secreto, pelo contrário. É conhecido e antigo. Cria-se uma realidade paralela e, quando gente o suficiente troca o mundo real por um fantasioso, um no qual há sempre um inimigo poderoso e secreto à espreita, aquele que deseja por fim à democracia se oferece como o dono de uma solução simples. Vamos exterminar os vermelhos, por exemplo.

É fundamental compreender que todos aqueles que alavancam na construção desta realidade paralela são tão responsáveis quanto os que contam a mentira. E é onde entram as plataformas digitais. Custou a elas descobrir que as forças da história não ficam paradas nas páginas dos livros. São vivas e se repetem. Estão se repetindo. Em geral, quando uma rede bane um destes grupos extremistas, as outras seguem. Possivelmente acontecerá com o Terça Livre e, depois, outros grupos bolsonaristas. Para as redes, a escolha é simples. Ser conivente ou não.

    Tags:

  • Allan Lopes dos Santos
  • Youtube
  • rede social
  • fake news [notícia falsa]
  • democracia

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