O Volt recarrega minhas baterias

Um teste de um carro movido a eletricidade

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Por Redação Link
Atualização:
 

Fiquei fascinado pelo Chevy Volt desde o dia em que ouvi sobre o conceito.

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Que é o seguinte: trata-se de um carro elétrico sem o pequeno alcance dos carros elétricos.

Geralmente, quando a bateria de seu carro elétrico acaba, você fica na estrada. Não tem outra opção senão rebocá-lo, ou esperar horas para ele recarregar.

O conceito da General Motors é equipar o Volt com um pequeno gerador movido a gasolina que pode acionar o motor elétrico depois que a bateria descarrega. É um pouco como um Toyota Prius invertido: em vez de ter um carro à gasolina auxiliado por uma bateria, é um carro elétrico auxiliado por gasolina.

Trata-se de uma aposta imensa e um enorme desafio. Há três anos, entrevistei Bob Lutz, vice-presidente de desenvolvimento de produtos da General Motors sobre as dificuldades do projeto Volt. Especialmente o de desenvolver uma bateria capaz de durar dez anos (ela é garantida para oito), de trabalhar num calor abrasador e num frio congelante e com capacidade suficiente para rodar por 40 milhas (64 quilômetros) por dia com base apenas na eletricidade. (Isso, diz a GM, cobre as necessidades de circulação de 82% dos americanos.)

As previsões de preço róseas de Lutz (“lindamente abaixo de US$ 30 mil”) não se confirmaram plenamente — o modelo básico do carro final custa de fato US$ 41 mil, e extras como assentos de couro e câmera de marcha a ré podem elevar o preço a US$ 44.500 ou mais. (A companhia me sugeriu que o preço poderá cair depois que os primeiros fãs tiverem abocanhado os primeiros lotes. Além disso, pode-se obter um incentivo fiscal para carro híbrido de US$ 7.500.)

Afora isso, porém, a visão de Lutz de 2007 permanece em grande parte intacta — incluindo a parte sobre lançar o carro antes do fim de 2010. A GM espera entregar os primeiros pedidos em dezembro a pessoas que vivem em sete áreas afortunadas: Califórnia, Washington D. C., Michigan, Nova York, New Jersey, Connecticut e Austin, Texas. Nos próximos 18 meses, ela expandirá a disponibilidade para o resto do país.

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No último fim de semana, passei três horas dirigindo o Volt por Nova York e Connecticut. A experiência envolveu de tudo, dos rosnados no caos do trânsito causado pela Maratona de Nova York, a pisar fundo na autoestrada, a ruas secundárias de subúrbio.

O carro é um compacto de boa aparência, embora tenha um visual muito mais convencional que os primeiros protótipos. Por dentro, contudo, ele é bastante radical. O painel central é de plástico duro, com palavras sensíveis ao toque como Time (tempo), Config (configuração)  e Back (ré). Ele é muito tecnológico (e muito confuso).

A bateria é enorme, 300 libras (136 quilogramas), uma coisa em forma de T embaixo do piso. Ela é ocultada por consoles de  armazenamento centrais, mas vai até o fundo do carro, chegando a separar os assentos traseiros. Em outras palavras, este carro acomoda quatro pessoas, não cinco.

O painel de instrumentos é uma tela de LCD, completa com uma bola de folhas verdes que sobe ou desce a depender da eficiência da condução do veículo. Freie ou acelere muito forte e o pequeno globo abandona sua confortável zona no centro. A tela também ilustra claramente quantas milhas lhe restam na carga de bateria e depois, quando esta descarregar, no gerador a gasolina.

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Quando você chega em casa, é claro, vão querer plugar o carro durante a noite para recarregar. Por US$ 500, mais instalação, você compra um conjunto de recarga de 240 volts instalado em sua garagem; ele recarrega a bateria em cerca de quatro horas. Ou então, você pode plugar o carro numa tomada normal, que leva 8 a 10 horas. O cabo para recarga especial tem uma lanterna embutida que ajuda a ver quando você o pluga na tomada logo acima da porta do motorista.

Não vou enganá-los: é um carro divertido e fascinante de dirigir. Não é bem que você chamaria um “dragster” (tipo de carro com motor extremamente potente usados em provas de arrancada — “drag”); o Volt vai de 0 a 60 milhas (96 km) por hora em 9 segundos. Mas, ele é incrivelmente silencioso, mesmo quando o motor a gasolina é acionado. E como ocorre com qualquer elétrico, acelerar é o máximo. O torque é completamente diferente de um carro a gasolina. O empurrão contra o encosto do banco é imediato.

 

Quando esgotei a bateria, o motor a gasolina entrou em ação. O curioso é que se pode ouvir o som suave do motor a gasolina funcionando mesmo depois que se tirou o pé do acelerador. Isso porque o motor gira para produzir eletricidade, não para girar as rodas do carro. É uma pequena usina de eletricidade que opera independentemente de sua aceleração.

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O Volt recarrega sua própria bateria quando você freia, graças a uma tecnologia regenerativa que transforma o impulso do carro em eletricidade quando você desacelera. Num Prius, esse tipo de freio não parece diferente de um normal; no Volt, pude sentir uma diferença quando a regeneração estava ocorrendo. Havia uma sensação levemente diferente quando os freios de fricção regulares operam, o que ocorre quando você pisa fundo no freio.

Alguns outros toques bacanas: no centro superior do painel há um indicador luminoso que acende com luz verde  quando o carro está carregando, e pisca quando a carga está completa. Ele está colocado ali para que você possa espiar pela janela ou porta da garagem e saber, só de olhar pelo para-brisa, a situação da recarga.

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Isso é bacana, também: você pode monitorar o carregamento do carro num aplicativo de iPhone. Pode até aquecer a cabine usando o aplicativo, por controle remoto, para que ela fique quentinha nos dias de inverno quando você tiver de sair. (Um botão no controle de trava sem chave também pode acionar o aquecimento). Como isso funciona? O Volt se conecta à rede celular. Ele vem com cinco anos de OnStar grátis, o serviço que conecta seu carro a operadores da GM  para a assistência em acostamento de estradas e coisas como destravamento remoto de porta.

Não tenho ideia de se o Volt vai decolar e se tornar popular. Se isso ocorrer, levará anos — tanto por causa do preço  inicial como pela baixa produção (10 mil carros em 2011). Também não tenho ideia de qual seja a verdadeira classificação (de consumo) de milhas por galão (mpg) do Volt. Ele é tão diferente dos carros normais, e mesmo dos  híbridos, que a Agência de Proteção Ambiental ainda não imaginou como medi-lo. (Na eletricidade da bateria, o mpg é quase infinito. Na gasolina, é em torno de 35. Na média, é o quê, 75? 150?).

Mas, eu adoro o conceito, adoro que seja a velha e pesada General Motors quem esteja enveredando nessa direção e adoro que ela tenha finalmente trazido essa coisa ao mercado. Imagino que vocês poderiam dizer que o carro elétrico Volt me energizou.

/ Tradução de Celso M. Paciornik

* Texto originalmente publicado em 11/11/2010.

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