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'P2P é para países emergentes'

Em visita ao País, co-criador do BitTorrent diz que compartilhamento tem mais espaço em países como o Brasil

Por Murilo Roncolato
Atualização:

O BitTorrent nasceu em 2003 pelas mãos dos estadunidenses Bram Cohen e Ashwin Navin. O protocolo de rede acendeu um elemento básico da cultura digital: a do compartilhamento. Navin esteve nesta terça-feira, 9, no Brasil em um evento promovido pelo Bric Chamber e o Centro de Empreendedorismo da Fundação Getúlio Vargas, e disse em entrevista ao Link que ainda acredita na cultura P2P e que, para países emergentes, o peer-to-peer é a melhor e, às vezes, única opção de se ter acesso a conteúdos.

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“A tecnologia P2P possibilita que as coisas se tornem disponíveis”, afirmou o co-fundador e ex-presidente do Bit Torrent. O compartilhamento de arquivos via internet funciona muito melhor, segundo ele, em países de economia em desenvolvimento e cita, como exemplo, Índia, China e Brasil.

“Em países onde o custo para infraestrutura é alto, onde há mais impostos, o compartilhamento se faz necessário. Porque, do contrário, sai mais caro para o consumidor”, disse. Navin cita como exemplo o Skype, que faz o mesmo serviço que um telefone comum, mas sem demandar a infraestrutura de telefonia tradicional.

 

Enquanto em muitas partes do mundo cresce a prática do download de arquivos, no seu país, os Estados Unidos, a tendência é o oposto, segundo ele.

“As empresas estão oferecendo mais conteúdo e os tornando cada vez mais disponíveis”, explica Navin. O site de vídeos Hulu (joint venture entre NBC, Fox e ABC), que exibe vídeos, séries de TV e clipes por streaming sustentados por propagandas, é um dos exemplos.

Ashwin falou sobre projetos inovadores em palestra organizada pelo Bric Chamber, uma organização criada este ano por dois brasileiros, Rodrigo Veloso, CEO de uma empresa na Califórnia, e José Augusto Correa, professor da FGV-SP. O objetivo do grupo é passar por países (principalmente com foco nos emergentes, daí o ‘Bric’: Brasil, Rússia, Índia e China) como México, Turquia, Tailândia, Filipinas, Indonésia e Taiwan, incentivando o empreendedorismo, a inovação e a criação de novos negócios.

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Além de Navin, estavam presentes Aber Whitcomb, co-fundador e ex-CTO do MySpace; Jawed Karim, co-fundador do YouTube; Paul Bragiel, um dos fundadores do fundo de investimentos I/O Ventures e o brasileiro Reinaldo Normand, criador do videogame de plataforma educativa Zeebo.

Pirataria Em setembro deste ano os criadores do The Pirate Bay, um dos maiores sites de compartilhamento de arquivos, voltaram ao tribunal para responder contra a acusação de violação de direitos autorais. A pirataria está sempre associada a esses sites, por não impedirem a troca de nenhum tipo de arquivo em específico. Tudo ali é livre.

Ashwin acredita que o ambiente, apesar de favorável, não é composto apenas de “piratas”. “Há mensalmente 70 milhões de usuários no BitTorrent, eu te garanto que 99,9% deles não são criminosos”. Para ele, se a intenção é coibir a pirataria há uma medida bem simples que é: ofereça melhores produtos a preços razoáveis.

Mais uma vez, o empresário cita o Hulu, e conta que “o site só existe porque três empresas quiseram diminuir a pirataria e passaram a oferecer conteúdo de graça”, afirma. O Netflix faz o mesmo por assinatura e é bem-sucedido. “A experiência é ótima, e é por isso que dão certo”, diz.

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A empresa que disponibiliza conteúdo online gratuito hoje, pode criar uma cobrança para produtos com qualidade maior no ano que vem; no ano seguinte, pode fazer um pacote para assinantes; “e assim vai”, ensina Navin. A receita se comporia de assinaturas e propaganda.

O ex-BitTorrent rejeita a ideia de soluções vindas do poder público sobre a pirataria. Para ele, o melhor que o governo pode fazer é investir em educação e criar incentivos para as empresas de tecnologia, criando valor para esse setor.

“Diminuindo impostos para equipamentos tecnológicos, computadores, celulares”, diz. “Isso é a chave, a tecnologia é a chave. A tecnologia pode melhorar a vida das pessoas”.

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Fora da BitTorrent desde agosto de 2008, Ashwin hoje administra seu próprio negócio, o Flingo, software que possibilita ver e “puxar” vídeos de computadores ou da internet.

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