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Investidora e presidente da G2 Capital, uma boutique de investimento em startups. Escreve mensalmente às terças

Opinião|Para 2022, mais vitalidade e menos esgotamento

Segundo a OMS, a síndrome de burnout passa a ser considerada uma doença ocupacional

Atualização:
Ano novo traz a oportunidade de refletir sobre rotina de trabalho Foto: Wilton Junior/Estadão

É curioso como as mudanças nos invadem de repente. Eu estava lendo o livro Sociedade do Cansaço, do Byung-Chul Han, e me deparei com um trecho curioso, e que ilustra muito essa mudança que vivemos.

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“Apesar do medo imenso que temos hoje de uma pandemia gripal, não vivemos uma época viral. Visto a partir da perspectiva patológica, o começo do século 21 não é definido como bacteriológico, nem viral, mas neuronal, a partir de doenças como depressão, transtorno de déficit de atenção e burnout”.

O livro foi escrito em 2010, pelo professor de Filosofia e Estudos Culturais na Universidade de Berlim. Pois não foi justamente uma pandemia gripal, a da covid-19, que desde 2020 abalou as estruturas de países, das empresas e, essencialmente, das pessoas?

Agora, quando Byung-Chul Han fala das questões mentais, ele não poderia ter sido mais certeiro. E isso se tornou ainda mais sério, justamente, com a pandemia. Lidar com isolamento, insegurança financeira, perdas e medo da doença, e ainda manter a produtividade não foi fácil – e segundo especialistas, as consequências disso na saúde mental das pessoas perdurarão. 

Precisamos nos preparar para um mundo cada vez mais volátil e para o desafio de lidar com mudanças de forma humanizada. Mas, apenas 43% dos funcionários afirmam que sua organização é competente em gerenciar mudanças, aponta pesquisa realizada pela consultoria Willis Towers Watson.

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Isso tudo tem consequências. Um deles é o movimento que especialistas já estão chamando de ‘a grande renúncia’. Milhões de pessoas estão se desligando de empresas no mundo todo por entenderem que não conseguem mais lidar com o aumento das demandas do trabalho e da família. 

Esse assunto terá que ser tratado de forma ainda mais cuidadosa pelas corporações, já que pela nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a síndrome de burnout, caracterizada pela exaustão física e mental, passa a ser considerada uma doença ocupacional, resultante exclusivamente do estresse crônico no local de trabalho.

Eu mesma vivenciei isso recentemente, até entender que era preciso equilibrar melhor vida pessoal com o trabalho. Reduzir a carga é algo que precisamos fazer por nós. E é o que as empresas precisam estimular nos seus talentos. As doenças causadas pelo excesso de estresse custam mais de US$ 300 bilhões por ano ao sistema de saúde.

Mais vitalidade e menos esgotamento. Isso é o que devemos buscar nesse novo ano. 

Opinião por Camila Farani
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