Para Buzz Aldrin; Marte é o próximo desafio
Formado pelo MIT e doutor em astronáutica, veterano americano diz que a nova geração deve investir em inovação
29/01/2013 | 16h41
Por Anna Carolina Papp - O Estado de S. Paulo
Formado pelo MIT e doutor em astronáutica, veterano americano diz que a nova geração deve investir em inovação
SÃO PAULO – “Deixe eu contar um pouco sobre a minha aventura”, disse Buzz Aldrin no palco principal da Campus Party às 13h desta terca-feira, 29. Ex-astronauta da Nasa e o segundo homem a pisar na Lua, Buzz falou sobre sua trajetória na Missão Apollo 11 e sobre os próximos desafios da humanidade; para ele, sem dúvidas a conquista de Marte.
—-
• Siga o ‘Link’ no Twitter, no Facebook, no Google+ no Tumblr e no Instagram
Depois de mostrar um filme a respeito da missão Apollo, Buzz subiu ao palco, ovacionado pelo público. Simpático e bem-humorado, contou um pouco de sua vida pessoal. Serviu como militar e foi piloto em combates, como na Guerra da Coreia. Se afastou das Forcas Armadas para seguir seus estudos no Massachusetts Institute of Technology (MIT), obtendo um doutorado em Astronáutica.
![]() |
Foto: Anna Carolina Papp/Estadão |
Em 1963, se integrou ao terceiro grupo de astronautas formado pela Nasa, agência espacial americana. Já havia tentando entrar anteriormente, mas, com a experiência como piloto, desta vez fora aceito. Em 11 de novembro de 1966, completou uma missão de quatro dias fora da Terra. Mas a que o tornou mito foi a missão Apollo 11, entre 16 e 24 de julho de 1969, que o consagrou como o primeiro piloto de um módulo de pouso na Lua e o segundo a nela pisar.
Magnífica desolacão.”Tínhamos que ir ou falhar: e ninguém estava interessado em falhar. Se o espaço era nossa fronteira, eu queria fazer parte disso!”, disse o astronauta. Buzz narrou o o itinerário em detalhes, e creditou grande parte do sucesso ao ex-presidente norte-americano John F. Kennedy, que, segundo ele, foi quem mais incentivou a jornada. “Em 1961, desafiado pela concorrência russa, o então presidente incentivou a América a se comprometer a levar o homem para o espaço até o final da década e trazê-lo com segurança”.
Buzz afirmou que, caso a missão falhasse, não haveria forma de resgatar os astronautas. “E foi aí que o meu trabalho e estudos no MIT me foram úteis”, afirmou. Com todo o planejamento e preparação, havia, segundo ele, 95 % de chance de a equipe voltar para casa sã e salva. “Estávamos felizes com essa porcentagem, podíamos encarar!”, brincou.
Ele contou as dificuldades para aterrissar, o que foi consumindo combustível. “Quando aterrissamos, tínhamos apenas 15 segundos de combustível de sobra!”, contou. E, sobre a frequente pergunta de por que Neil Armstrong foi o primeiro a pisar na superfície da Lua, ele brincou: “Pode sim ser porque ele era o líder da missão. Ou, talvez, porque ele era o que estava mais perto da porta! Nunca saberei o real motivo!”.
As primeiras palavras que lhe vieram a mente ao pisar na Lua? “Magnífica desolação”, disse ele. Magnífico pela grandeza do acontecido, pela emoção do momento e o que ele representava; mas desolação pelo vazio, pela ausência de vida, pelo silêncio, pela total escuridão.
Buzz contou que o momento em que sentira mais orgulho foi ao colocar a bandeira norte-americana. ”Nos sentimos o tempo todo conectados à Terra. Viemos em paz e em nome de toda humanidade”. E, sobre sua famosa foto de pé, ele falou: “Me perguntam o tempo todo: ‘Por que você gosta tanto dessa foto?’ Três palavras: localização, localização, localização!”, disse ele, arrancando risadas da plateia.
Para o ex-astronauta, o sucesso da missão deve-se ao grande trabalho em equipe; não só dos tripulantes, mas pelo encorajamento de todos os cidadãos. “Todo mundo na terra sentiu que fazia parte daquilo”, afirmou.”O difícil não foi ir à Lua, mas voltar à Terra depois de tudo”, afirmou. Afinal, havia atingindo o alvo da sua carreira, e era frustrante saber disso Buzz então comentou sobre seu problemas com bebidas alcoólicas durante esse período difícil e depressivo. Mas comemorou: “Hoje estou sóbrio há 34 anos”, sendo aplaudido pelos participantes da Campus Party.
![]() |
Foto: Paulo Liebert/Estadão |
Próxima parada. Buzz, que inspirou o personagem da série de animacões Toy Story, fez uma cobertura detalhada do passado, mas apontou para o futuro. Para ele, conquistar o planeta Marte, um sonho pessoal seu, é possível e está próximo de virar realidade. ”Sou apaixonado por Marte, e acredito que esse seja o próximo desafio da humanidade.”
Para ele, o homem precisa se esforçar não apenas para realizar uma missão a Marte, no singular, mas sim uma sucessão de missões. Buzz acredita que isso será alcançado entre meados de 2035 e 2040. “O nosso futuro espacial está no planeta vermelho”, afirmou ele, que mencionou a sonda Curiosity e seus estudos pessoais sobre Marte.
Mas por quê? “Indo ao espaço, melhoramos nossa vida aqui na Terra, criamos mais ciência e tecnologia”, afirmou. Para ele, o mundo precisa redescobrir sua paixão por programas espaciais, cujos investimentos trazem avanços para a humanidade de forma ímpar se comparada a outras áreas científicas.
Para isso, aposta nos jovens, na nova geraçao. Mas alerta: “Não basta ser apenas geek. A próxima geração precisa romper a barreira tecnológica e fazer inovações”, diz ele. Para Buzz, é preciso que a juventude estude mais ciência, matemática, engenharia.
“Está nas mãos de vocês”, desafiou. “A humanidade precisa se desafiar para romper barreiras como fizemos há 44 anos. Começamos com uma boa equipe e com um sonho, e podemos fazer isso de novo!”
Buzz avisou que lançará um livro com sua visão do planeta vermelho em maio deste ano, e convidou os participantes a acessarem seu site (http://buzzaldrin.com/) e o seguirem no Twitter (https://twitter.com/TheRealBuzz).
—
Acompanhe a cobertura do Link pelo Twitter e Instagram com a hashtag #CampusPartyEstadao.
Está na Campus Party? Mande uma foto para o Link no Twitter ou no Instagram com a hashtag #CampusPartyEstadao. Sua foto poderá ser publicada na próxima edição.
O segundo dia da Campus Party: