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Para crianças; faltam aplicativos elaborados

Editoras de livros educacionais evitam se arriscar no formato

Por Redação Link
Atualização:

Editoras de livros educacionais evitam se arriscar no formato

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Análise de Aryane Cararo, editora do Estadinho 

SÃO PAULO – Meus dedos estão frustrados. Se o mercado de aplicativos para adultos tem variedade e qualidade, o das crianças em fase de alfabetização ainda não deslizou a contento. Justo os delas, que dedilham tão facilmente pela tela. Quando o iPad foi lançado, em abril de 2010, uma corrida pelo ouro começou entre as editoras. Ou você estava dentro ou ficava de fora, era o sentimento de muitos.

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A editora Globo se adiantou e, na Bienal do Livro do mesmo ano, já lançava a primeira versão gratuita do livro A Menina do Narizinho Arrebitado. Euforia. Em 2011, a Companhia das Letrinhas trouxe o premiado Quem Soltou o Pum? – menção honrosa na Feira de Bolonha. Wow! E parecia que o Brasil estava prestes a ter uma explosão de bons aplicativos. Mas o que se viu é que os ruins tomaram a dianteira – e não estou falando de jogos, e-books ou apps aplicativos para crianças pequenas.

As boas editoras esperaram para ver e reduziram o ritmo. O valor elevado do projeto, a baixa média de leitura das crianças brasileiras, a possibilidade de driblar o sistema e baixar aplicativos sem pagar podem explicar o resfriamento dos ânimos. E os bons exemplos ficaram perdidos na avalanche de ruindades – de livros com textos dispensáveis, como muitas releituras malfeitas dos clássicos, a músicas grudentas como A Galinha Pintadinha.

No ano passado, a Moderna/Salamandra lançou 13 bons livros, de autores como Ana Maria Machado, Ruth Rocha e Pedro Bandeira, evitando o congelamento total dos dedos. É bom lembrar que a Moderna está envolvida com a produção de material didático para tablets e creio que está aí, na demanda escolar, o caminho que vai levar ao barateamento dos custos e à popularização da leitura digital. Colégios como o Dante Alighieri, por exemplo, que já usam a tecnologia no ensino médio, precipitaram muitas ações das editoras que, logo, poderão se estender para os paradidáticos. O Dante usou até Angry Birds para estudar lançamento oblíquo nas aulas de Física e Mindjet para os alunos se organizarem melhor para estudar.

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Mas não basta colocar som e animação. Isso é uma forma ainda antiga de ver os tablets. A graça é, justamente, que o aplicativo ofereça interatividade, seja na leitura de livros ou em outras propostas educacionais. E não estou falando em ter jogos de memória, pintura ou quebra-cabeças. Isso é uma brincadeira. Divertida, mas brincadeira. É ter interação que ajude a construir uma história. É ter formas diferentes de apresentação, como bem faz a Timbuktu, a primeira revista infantil para tablet – não posso deixar de citá-la, embora seja em inglês. A Timbuktu trabalha também a leitura na vertical, num casamento bom entre design, ilustração e conteúdo, e faz uma mistura interessante de histórias, jogos matemáticos, paper toys, atividades e entrevistas. Ainda estamos em busca de uma ou mais fórmulas perfeitas. Enquanto isso, meus dedos tentam farejar bons aplicativos. Mas está difícil, viu?

*Aryane Cararo pesquisa sobre o tema em um mestrado na Universidade de São Paulo (USP) 

—-Leia mais:• Escola digital • Link no papel – 28/01/2013

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