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Sócio da Startse. Escreve mensalmente às terças

Opinião|Planejar-se executando é hábito indispensável no mundo de hoje

Estratégia é importante, mas agilidade não coexiste com planos rígidos

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Atualização:

Em dezembro de 2019, saí na capa da Revista Perfil. Fiquei muito honrado e feliz com o convite. Afinal, além do escritor Augusto Cury, do tenista Gustavo Kuerten e da empresária Luiza Helena Trajano, outras personalidades que tanto admiro já havia passado por lá. Uma das perguntas que me fizeram foi sobre o meu planejamento para 2020.

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Respondi exatamente assim: “Quem não falha não inova. Tenho medo de não ter medo. De não sentir frio na barriga. Conveniência é tudo que não pode existir em uma trajetória profissional. As falhas fazem parte do aprendizado. Quanto a 2020, não faço planos profissionais para anos, mas para trimestres. Esse é meu longo prazo.O risco de se planejar para os próximos 365 dias é enorme. Ninguém é capaz de afirmar o que acontecerá daqui a 12 meses. É por isso que o clássico planejamento estratégico de 5 anos está em desuso: investir esforço nisso virou exercício de futurologia.”

Bem, quando a OMS declarou a covid-19 uma pandemia, 3 meses depois dessa entrevista, a maioria da população precisou “rasgar” seus planos para 2020 (feitos no fim de 2019) e reconstruir suas vidas às pressas. Eventos como esse só reforçam o quão imprevisível o mundo é.

Negócios e profissões estão em constante mudança, exigindo que as pessoas sejam ágeis para mudar ao longo do tempo também Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Cada vez mais, a variável “mudança” precisa ser inserida na espinha dorsal de qualquer organização. Ano passado, por exemplo, assim como muitos negócios, a StartSe passou por períodos difíceis. Para você ter ideia, perdemos 98% da receita da noite para o dia. No entanto, o fato de priorizarmos as pessoas antes dos processos, de termos uma gestão por contexto e não por controle, de nos organizarmos mês a mês para definir as nossas atividades...

Isso torna a estrutura da empresa flexível e capaz de mudar rápido. Claro que temos metas para daqui a um ou dois anos. Mas o que fazemos para chegar lá não é cravado em um plano de negócios. É cravado em tempo real.

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Contudo, deixe-me ser claro. Sim, é preciso se planejar. Sim, estratégia é importante.

Mas as ferramentas evoluíram. No passado, companhias guiavam suas ações com planejamentos para 3, 5 e 10 anos. Trabalhadores ficavam no mesmo emprego a vida toda. Agora, negócios e profissões estão em constante mudança, exigindo que as pessoas sejam ágeis para mudar ao longo do tempo também.

Só que agilidade não coexiste com planos rígidos.

Preparar uma estratégia durante meses e executá-la durante anos deixou de funcionar nesse ambiente em que “botar no papel” e “botar em prática” precisam rodar em paralelo, e não mais em sequência como rodavam antes. Planejar-se executando virou um hábito indispensável no mundo atual.

*É SÓCIO DA PLATAFORMA PARA STARTUPS STARTSE

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Opinião por Maurício Benvenutti
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