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Opinião|Por que os russos ameaçam eleições brasileiras

Ministro Edson Fachin afirma que já há tentativa de interferência russa no processo eleitoral do País

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Atualização:
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, concede entrevista coletiva em Moscou, ao lado do premiê da Hungria, Viktor Órban, em 1º de fevereiro Foto: Yuri Kochetkov/Pool via Reuters

O ministro que assumirá a presidência do Tribunal Superior Eleitoral, Edson Fachin, afirma que já há tentativa de interferência russa no processo eleitoral brasileiro. De Moscou, o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro, se incomodou. Mas, quando ele se pôs no caminho para a viagem, não faltou quem temesse justamente isto: que Bolsonaro tivesse, entre as metas não ditas, a de encomendar ajuda dos hackers a serviço do Kremlin. O histórico de interferência é imenso.

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A primeira vez em que a Rússia de Vladimir Putin se intrometeu em campanhas eleitorais no Ocidente foi em 2014, no referendo escocês que, por 55% a 45%, definiu que o país seguiria como parte do Reino Unido. Os detalhes do que ocorreu não são conhecidos. O governo britânico reconhece oficialmente ter informação.

Em 2020, um comitê do Parlamento Britânico publicou um relatório sobre atividades russas em pleitos na ilha. Foi uma desancada no governo de Boris Johnson. É que também há comprovação de que agentes de Putin operaram pesado no plebiscito que decidiu o Brexit. O Partido Conservador, o relatório sugere, teme descobrir que desinformação bancada por interesses de um país estrangeiro é o que deu ao grupo no poder sua vitória.

Putin atua, também, na divisão para enfraquecer seus adversários. A Escócia fora do Reino Unido lhe interessa. O Reino Unido fora da União Europeia lhe interessa. Uma França em confusão política lhe interessa. O fortalecimento de líderes com propensões antidemocráticas. Entre Donald Trump e Hillary Clinton, com os EUA em convulsão social e um Partido Republicano cindido em dois, Putin não tem dúvida do que prefere.

O Facebook admitiu, embora tenha demorado, que houve compra de publicidade pró-Trump paga em dinheiro russo. Além disso, hackers do governo russo invadiram os servidores do Partido Democrata, roubaram e-mails e vazaram seu conteúdo para forjar um escândalo onde um não havia. Com a eleição americana e o plebiscito do Brexit, 2016 se mostrou o ano em que a ciberguerra eleitoral russa mostrou suas garras.

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Isto não quer dizer que a Rússia tenha o poder de determinar os resultados de qualquer pleito. E, em sua estratégia, isto é menos importante. Não são poucos os governos que denunciaram estas tentativas. França, Espanha, Bulgária, Itália, Holanda, República Checa. A lista é grande.

Bolsonaro não precisa pedir a Putin que interfira nas eleições brasileiras. Ter um presidente brasileiro que não se dá com Washington já lhe interessa de saída.

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