Precursor francês da internet é desativado

Lançado em 82, sistema Minitel permitia serviços como banco, compras e chat e teria influenciado Steve Jobs

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Por Redação Link
Atualização:

Lançado em 82, sistema Minitel permitia serviços como banco, compras e chat e teria influenciado Steve Jobs

 

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SÃO PAULO – Um serviço que conectava terminais no país inteiro e através do qual podia-se mandar mensagens, conhecer gente, fazer operações bancárias, reservar voos e até participar de salas de chat sexual. Este era o Minitel, uma proto-internet francesa lançada em 1982 e que foi encerrada nesta segunda-feira, 30.

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Num país onde é forte a resistência a tudo que é “anglo-saxão”, o Minitel despertava orgulho do progesso tecnológico francês e desgosto pelo fato do país não ter conseguido capitalizar em cima da pioneira rede comercial online.

Durante seu auge, o fim dos anos 90, cerca de 25 milhões de pessoas na França usavam os 26 mil serviços do Minitel, que iam de previsão meterológica à compra de roupas e passagens de trem.

“Com o Minitel, inventamos muito da tecnologia de hoje”, diz Jean-Paul Maury, ex-diretor do Minitel na France Telecom. “Um terminal localizado no fim do mundo acessando um serviço, isso nasceu com o Minitel. É a internet e todas as redes online”.

Quando a internet se popularizou, a partir de meados dos anos 90, o sistema Minitel ficou ultrapassado. Foi o começo de seu declínio.

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Ironicamente, fãs da antiga rede tomaram a internet para lamentar o fim do Minitel. Grupos apareceram no Facebook para prestar tributo proclamando: “Não ao fim do Minitel”.

A France Telecom estima que 670 mil terminais ainda estejam em circulação, a maior parte usados por fazendeiros para trocar informação sobre gado ou por médicos para transmitir detalhes de pacientes ao sistema nacional de saúde.

Para muitos franceses, o Minitel é um símbolo de quando seu país – muito criticado por sufocar a inovação comercial – estava na vanguarda da modernidade. Os anos 80 eram o tempo do TGV (trem em alta velocidade) e do Concorde.

Mas a inovação nunca conseguiu ser exportada. Uma expansão na Irlanda fracassou comercialmente porque os usuários tinha que pagar pelos terminais (na França, boa parte foi subsidiada pelo governo).

“Pessoas de fora vinham ver como funcionava e ficavam impressionadas. Mas você tinha que poder desenvolver os terminais a custo baixo e construir os serviços e outros países não queriam fazer isso”, disse Maury.

Um estrangeiro que ficou especialmente interessado no sistema foi Steve Jobs. Ele teria se inspirado em características do sistema na hora de projetar alguns de seus aparelhos.

“Ele comprou e desmontou um para ver como funcionava,” disse Gerard Thery, um dos responsáveis pelo lançamento do sistema em 1982, ao jornal Economie Matin.

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/ com Reuters

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