PUBLICIDADE

Primeiro-ministro britânico quer banir WhatsApp e Snapchat

Em pronunciamento, David Cameron disse que governo não deve permitir aplicativos que usam criptografia e impedem o acesso às informações

Por Murilo Roncolato
Atualização:
 

SÃO PAULO – O primeiro-ministro britânico David Cameron cogita banir serviços de mensagens encriptadas caso não sejam dado o acesso às agências de inteligência do Reino Unido.

PUBLICIDADE

A mensagem se soma à pressão de governos europeus a serviços de tecnologia como Google, Facebook e outros que poderiam ser usados para a comunicação de organizações terroristas. A tendência é de que, após os atentados em Paris, essa pressão só aumente.

Cameron disputa atualmente as eleições nacionais no Reino Unido. Desde maio, quando sua campanha teve início, o político já anuncia sua intenção de banir serviços online de comunicação protegida por criptografia se não cooperassem com as solicitações de dados pelo governo.

“Vamos permitir meios de comunicação que simplesmente não podemos ler?”, disse Cameron, em referência a apps como WhatsApp, Snapchat, Telegram e outros. “Minha resposta a essa pergunta é: não, nós não devemos permitir.”

“Os ataques em Paris demonstraram a escala dessa ameaça que enfrentamos e precisamos ter poderes mais robustos através das nossas agências de inteligência e segurança para manter nossa população em segurança”, disse.

Em 2011, enquanto vários atos de vandalismo varriam a Inglaterra, David Cameron sugeriu o bloqueio a serviços como Twitter e BBM (serviço criptografado da Blackberry) para inibir a organização dos ataques. “Estamos trabalhando com a polícia, os serviços de inteligência e a indústria para ver se seria correto interromper a comunicação das pessoas via websites e serviços quando soubermos que eles estão conspirando para a violência, desordem e criminalidade”, disse na época.

Um comunicado conjunto assinado por diversos ministros de Estados europeus afirma que os governos estão “preocupados com o uso cada vez mais frequente da internet para alimentar o ódio e a violência e sinalizamos aqui nossa determinação para garantir que a internet não seja abusada para este fim”.

Publicidade

O serviço de inteligência britânico, o GCHQ, e de segurança, MI5, foi apontado junto com a NSA (agência de segurança nacional americana) nos escandâlos vazados em 2013 pelo ex-técnico de inteligência do ex-técnico Edward Snowden, de invasão de privacidade, coleta, monitoramento e processamento de dados em massa. Apenas sobre a GCHQ, Snowden afirmou deter mais de 58 mil arquivos.

Após as evidências tornadas públicas por Snowden, o governo americano anunciou reformas na NSA para “recuperar a confian não apenas dos governos, mas, mais importante, dos cidadãos comuns”, disse Obama, em março do ano passado.

Em outubro 2013, em seu primeiro pronunciamento depois de o The Guardian começar a publicar algumas das evidências cedidas por Snowden, Cameron se pronunciou dizendo que o ato era danoso à segurança nacional. “O The Guardian admitiu, de certa maneira, isso ao concordarem, quando solicitados educadamente por meu secretário de segurança nacional para destruírem os arquivos que possuía. Eles foram em frente e destruíram tudo.”

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.