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Privacidade e Controle

‘É Mark Zuckerberg quem tem a palavra final’, diz o autor do livro ‘The Facebook Effect’

Por Carla Peralva
Atualização:

David Kirkpatrick é editor sênior de internet e tecnologia da revista Fortune. Ele escreve sobre o tema há 18 anos e, no últimos dois, escreveu o livro The Facebook Effect (O efeito Facebook), que deve ser lançado em duas semanas nos EUA.

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Como é sua relação com Mark Zuckerberg? Ele é meu amigo, o que não me impede de criticá-lo profissionalmente quando ele comete erros. Zuckerberg me respeita como jornalista e eu o respeito como empresário. Ele acha que sou um dos poucos jornalistas que realmente entende o que ele está fazendo e isso é bom para mim, porque significa que ele vai falar comigo.

Qual concepção dele sobre privacidade? A pergunta é: o Facebook dá aos usuários controle suficiente sobre suas informações pessoais? Isso não é exatamente um problema de privacidade, é uma questão de controle. Em segundo lugar: é verdade que o mundo está indo em direção a uma mentalidade que se preocupa menos em proteger dados ou em que cada um de nós geralmente se importa menos com a proteção de informações publicadas sobre nós? Mark acredita fortemente – e eu concordo com ele – que a resposta para a segunda pergunta é sim, as pessoas estão muito mais dispostas a deixar informações sobre essas fluírem livremente pelo mundo.

Preocupa a possibilidade de os aplicativos armazenarem nossas informações? Isso é um problema e o Facebook não tem todas as respostas para isso. Eu acho que a maioria dos usuários do Facebook não pensa muito antes de aceitar a instalação de um aplicativo ao seu perfil. Isso é responsabilidade do usuário. Se você quer usar tudo livremente sem pensar muito, o que é o caso, não há muito do que reclamar.

E sobre a confiança? Eu acho que esse problema vem do fato de que o Facebook trocou sua política e seu design muitas vezes e muito rapidamente. Mas se ele não fizesse isso, outra rede social iria surgir e tomar o seu lugar. E esse é um negócio que não pode ser estático, porque o jeito que todos nós lidamos com o Facebook muda muito velozmente.

Gostaria de saber mais sobre a a personalidade Zuckerberg. Zuckerberg tem um poder muito grande de centralização dentro da empresa. Ele tem a palavra final em qualquer decisão e ninguém o desafia. Quando coloca alguma coisa na cabeça, dificilmente alguém vai dissuadi-lo. Acho Mark bem racional, um visionário. Apesar de ter uma visão clara de para onde quer levar esse serviço e do impacto que isso tem no mundo, ele não liga muito para isso. Mark é um bom rapaz, um pouco tímido, mas não tem medo de expressar suas opiniões quando necessário. E é muito respeitado por seus funcionários: eles o veneram. Na quarta-feira, ele corrigiu um erro. Mas não há nenhuma estatística falando que os usuários vão sair do Facebook. Quem estava reclamando era a imprensa, os observatórios de privacidade e o governo. Mark os escutou, percebeu que havia se enganado e corrigiu as coisas. Ele poderia simplesmente não ter feito nada.

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