Produção profissional de vídeos ao alcance de todos

Apps e aparelhos realizam em poucos segundos o que antes poderia levar meses

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Por Camilo Rocha
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SÃO PAULO – Em 1983, o filme Koyaanisqatsi causou sensação com suas imagens de paisagens onde o tempo passava acelerado. Cidades, nuvens, pessoas na rua. O filme trazia uma série de sequências filmadas usando a técnica do time-lapse, em que imagens captadas por um longo período são condensadas em poucos minutos.

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Koyaanisqatsi demorou anos para ser produzido, esgotou seu orçamento algumas vezes e o diretor de fotografia Ron Fricke teve de criar métodos diversos com equipamentos diferentes para conseguir as imagens. Com aplicativos como o Hyperlapse, lançado recentemente pelo Instagram, ou com o mais antigo Lapse It, tudo isso ficou ridiculamente simples e acessível.

“Hoje, daria para produzir um Koyaanisqatsi por semana”, brinca o fotógrafo Rui Mendes. “Antes, você tinha que ter uma filmadora que fizesse quadro a quadro, temporizador acoplado na câmera e muito filme para expor. Tinha que revelar rolos e rolos de filme.”

Mendes, conhecido por seu trabalho de registro do rock brasileiro, conta que já fez muito trabalho em time-lapse “analógico”. “Hoje, tudo fica pronto muito mais rápido por causa do processamento das imagens, que é quase instantâneo. E sumiu o maior problema, que era o custo”, compara.

“O Hyperlapse é um dos meus últimos downloads e também é um vício”, confessa o VJ Spetto, que já projetou imagens para shows de Roberto Carlos e no prédio da Fiesp, na capital paulista. “Você filma grandes planos-sequência e o aplicativo estabiliza a câmera, fazendo um ‘travelling’ bem legal”, explica, fazendo referência ao movimento de câmera que registra uma sequência sem estar parado no mesmo ponto.

O time-lapse é um bom exemplo de como aplicativos e dispositivos móveis tornaram acessíveis a qualquer um técnicas e recursos antes restritos a profissionais de filmagem. Para Spetto, embora ainda não seja possível que os aparelhos substituam as capacidades de uma lente profissional, este é um dos poucos pontos negativos em sua opinião. “Acho que é bem provável que os celulares mais modernos sejam cada vez mais incorporados na produção de vídeo profissional”, acredita.

Para o trabalho de VJ, Spetto menciona o aplicativo específico TouchViz. Em apresentações, esse tipo de profissional passa horas manipulando filmagens, criando efeitos em tempo real e sobrepondo imagens. Segundo ele, com o TouchViz, “em vez de levar laptop, mochila, cabos e tudo mais, você vai com um iPad Mini, dois cabos – um para bateria e outro para ligar no projetor –, e isso é o suficiente para a noite inteira”.

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HardwareAntes dos aplicativos, porém, vieram os celulares. De uns anos para cá, modelos que filmam em HD 720p ou Full HD 1080p se tornaram cada vez mais comuns e com preços que caem a cada ano. Hoje, com bem menos que R$ 1.000 é possível comprar um smartphone que capta em alta definição.

Aliada a uma boa conexão em 3G (ou melhor ainda, de 4G) é possível transmitir em tempo real as imagens de melhor qualidade. Ou seja, os tempos em que “imagens de celular” significavam material de qualidade inferior estão definitivamente no passado.

O diretor sul-coreano Chan-wook Park (conhecido por Old Boy) deve lançar em breve seu Paranmanjang, todo filmado em um celular. Clipes de música também já foram captados exclusivamente em smartphone, caso de “How Long Will I Love You”, de Ellie Goulding,

Além dos celulares, a fabricante de câmeras GoPro comanda sua própria revolução. Sua pequena máquina Hero virou obrigatória para o registro de sequências de esportes de ação.

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A GoPro nasceu analógica, filmando em 35 mm. Dois anos depois, chegava a GoPro Digital. Hoje, a empresa tem uma linha maior, que inclui a HD Hero, com sensor de 5 megapixels e capacidade de filmar em Full HD, e a HERO3+ Black Edition, que tem câmera de 12 megapixels e filma em 4K.

De uns tempos para cá, sugiram muitos filmes feitos por uma GoPro acoplada a um drone. Recentemente, um guia turístico de Miami subiu no YouTube uma filmagem de golfinhos e baleias em alto mar feita com essa combinação de equipamentos. O vídeo teve 9 milhões de visualizações.

“Existem também programas que permitem monitorar a filmagem de uma GoPro. Você pode por as câmeras em pontos estratégicos e controlar a partir de um iPhone”, lembra Spetto.

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