Projeto quer rastrear lendas urbanas e boatos das redes

Iniciativa europeia quer analisar a confiabilidade de grandes quantidades de informações, ajudando jornalistas e médicos

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Por Camilo Rocha
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LOGIN | Rob Procter, pesquisador do projeto PHEME

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Algum evento em especial motivou o projeto PHEME?O projeto vem do trabalho que fiz do uso do Twitter nos distúrbios que aconteceram no Reino Unido em 2011. Examinei tweets do período, incluindo boatos como o de que a roda gigante de Londres, a London Eye, tinha sido incendiada e que os animais do zoológico da cidade tinham sido soltos. Checar tudo isso leva tempo e jornalistas não têm esse tempo. Muitas vezes veículos tradicionais publicam esse tipo de informação sem checagem e depois têm que fazer errata. Isso mina a credibilidade da imprensa.

Como funcionam as ferramentas do projeto? Nossos métodos lembram muitos os dos jornalistas, mas com velocidade e em escala. Buscamos estabelecer a confiabilidade da fonte, o que podemos aprender de postagens anteriores, que tipo de pessoa é, se é jornalista, testemunha ocular, onde estão localizadas, etc. Através de inteligência artificial, podemos extrair padrões de dados, rastrear redes sociais, fazer buscas e analisar a credibilidade da informação. Entre nossos parceiros, estão a BBC e o jornal The Guardian, com quem testaremos um protótipo daqui a uns seis meses.

Onde mais vê essas ferramentas sendo usadas? Estamos olhando a utilidade da ferramenta na medicina, especificamente na área de uso recreacional de drogas, procurando localizar falsas afirmações, reequilibrar a discussão e chamar a atenção para possíveis riscos, lendas urbanas e versões leigas que podem levar as pessoas a informações erradas. Setores do governo poderão utilizar essas ferramentas. Anos atrás, houve uma ameaça de greve dos motoristas de caminhão-tanque e surgiram boatos de falta de combustível nos postos. Se o governo tivesse monitorado esses boatos na época, poderia ter produzido uma resposta nas redes sociais.

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