'Quero que cada TV tenha um Chromecast', diz brasileiro que criou acessório do Google

Vice-presidente global de Chromecast, Mario Queiroz veio ao País para lançar novo modelo do dispositivo, capaz de conectar qualquer TV

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Por Bruno Capelas
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Em 2010, assistir um vídeo do YouTube ou uma série do Netflix em uma TV era uma tarefa complicada: era preciso conectar uma série de cabos para ligar um computador ao televisor, ou então tentar entender um dos muitos complexos sistemas de TVs conectadas existentes. Foi justamente pensando nesse problema que o brasileiro Mario Queiroz, na época trabalhando no departamento de Android do Google, desenvolveu o Chromecast. O dispositivo, que utiliza o sistema operacional ChromeOS, pode ser plugado a qualquer TV através de uma entrada HDMI e conecta o aparelho à internet.

Leia também:Novo Chromecast chega ao Brasil por R$ 399O futuro da televisão, segundo o Google

Até o momento, 20 milhões de unidades já foram vendidas em 31 países diferentes, Queiroz não se dá por satisfeito: “Queremos que cada televisão tenha um Chromecast”, diz o vice-presidente global de Chromecast, em visita à terra natal para lançar o segundo modelo do aparelho. Lançado nos Estados Unidos no ano passado por US$ 35, o novo modelo do dispositivo chegou ao mercado brasileiro nesta semana por R$ 399 – o dobro do cobrado pela bem-sucedida primeira versão do Chromecast, que chegou por aqui em 2014. Segundo o Google, o Brasil é o terceiro maior mercado para o aparelho, em número de usuários e em tempo gasto assistindo vídeos por meio da plataforma.

A nova versão do Chromecast chega ao mercado com um design arredondado – o primeiro modelo era bastante semelhante com um pen-drive. A empresa também lançou no Brasil o Chromecast Audio, dispositivo semelhante que se conectar a qualquer caixa de som através de um cabo mini-jack. Ele custa o mesmo preço da versão para TVs. “Lançamos um aparelho diferente justamente porque o Chromecast é muito usado para música. Quantos alto-falantes não estão conectados a uma televisão?”, justifica o brasileiro.

Na entrevista a seguir, Queiroz fala sobre o lançamento do novo Chromecast, conta bastidores da história do produto e revela caminhos para o aparelho nos próximos anos. O executivo também comenta a questão da franquia de dados na banda larga fixa, que pode afetar o crescimento do Chromecast por aqui. “Nós nos planejamos de acordo com a tendência a longo prazo, que é da banda larga ficar melhor e presente na casa de cada vez mais pessoas”, diz.

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Estado: Por que fazer um novo Chromecast?Mario Queiroz: Aprendemos muito nos últimos anos – especialmente em termos de conectividade. Mudamos o aparelho e não é só para ele ficar mais bonito. O primeiro Chromecast faz um trabalho muito bom com a transmissão de vídeos, mas ele tem problemas em alguns tipos de ambientes. Redesenhamos o aparelho para poder incluir três antenas em vez de uma: agora, o aparelho escolhe a “melhor” antena para captar o sinal de Wi-Fi.

Por que o brasileiro vai topar pagar R$ 150 a mais pelo novo Chromecast?Tivemos que elevar o custo por conta do câmbio. Em termos da funcionalidade e do benefício para o usuário, o Chromecast é um dispositivo melhor do que era há dois anos. Nós fazemos atualizações no software a cada seis semanas e a oferta de aplicativos agora é maior. Queremos que as pessoas tenham um Chromecast em cada televisão.

O Chromecast nasceu de uma ideia pequena e se tornou grande. Como foi essa história? Eu participei da ideia original, mas nunca uma ideia nasce sozinha. Sempre conversamos no Google sobre os problemas que os usuários têm. No caso do Chromecast, muita gente tinha dificuldades para aprender a usar os sistemas de TVs conectadas. É difícil digitar letras num controle remoto. Queríamos oferecer ao usuário algo que ele não precisasse aprender para poder ver um vídeo na TV. Essa foi a semente do produto: usar o celular como controle remoto. Ao usar o celular, também conseguimos ter um aparelho de baixo custo.

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O que diferencia o Chromecast Audio do Chromecast? Nós lançamos um aparelho diferente pela exata razão de que o Chromecast é muito usado para música. É comum ter alto-falantes que não estão conectados a uma televisão. Pensando assim, achamos que seria conveniente trazer o Chromecast Audio para o Brasil.

E como você vê os games no Chromecast? É uma área nascente no Chromecast, mas é uma área muito interessante. Um jogo requer um hardware mais potente e a nossa ideia para eles é a mesma com o que tivemos com vídeo. Não queremos que a tela rode o jogo, mas que ela seja apenas uma tela, com o jogo sendo rodado nos smartphones. Já há games no Chromecast, mas queremos ir adiante nesse setor. Afinal de contas, é um jeito fácil de colocar um jogo dentro da televisão.

Há uma forte discussão hoje sobre a franquia de dados no Brasil. Isso pode ser um entrave para o avanço do Chromecast no mercado brasileiro? Nós pensamos a estratégia de um produto em termos globais e nos planejamos de acordo com a tendência a longo prazo, que é da banda larga ficar melhor e mais presente na casa das pessoas. Quanto a política local, a curto prazo, de cada país, é melhor conversar com as pessoas localmente. Mas nós mantemos nosso planejamento.

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O Google lançou ontem uma incubadora para projetos dos funcionários, o Area 120. O Chromecast é um projeto que teria se encaixado nessa incubadora? O desenvolvimento do Chromecast foi um “área 120” não formal. Tivemos um apoio pequeno da empresa, com ajuda de engenheiros e pedi conselhos para outros executivos e engenheiros da companhia. Na Área 120, o empreendedor tem a oportunidade de ter um ambiente interessante, dentro da companhia, e ter um pouco de espaço físico e de tempo para criar protótipos para validar suas próprias ideias. Acredito que o Area 120 pode nos ajudar a criar outros Chromecasts.

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