Rede 3G e 4G para a Copa pode sofrer com atrasos e ?buracos?

A menos de dois meses da competição, não há garantia de sinal bom em estádios e cidades-sede; operadoras correm contra o tempo para reforçar infraestrutura, mas instalação não depende apenas delas

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Por Redação Link
Atualização:
 

Renato Cruz

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Se a internet do seu celular já não funciona direito agora, imagina na Copa. As operadoras correm para reforçar a infraestrutura nos estádios e em locais que devem receber grande concentração de torcedores, mas nem tudo está saindo como deveria. Os principais desafios são o Itaquerão, em São Paulo, e a Arena da Baixada, em Curitiba. As obras de construção civil atrasaram nesses dois estádios, e as operadoras tiveram acesso a eles há poucos dias.

Cada estádio está recebendo cerca de 300 miniantenas, com as tecnologias de segunda, terceira e quarta geração (2G, 3G e 4G), compartilhadas pelas quatro ou cinco operadoras que atuam na cidade. O investimento total por arena está entre R$ 18 milhões e R$ 20 milhões, sendo R$ 12 milhões na infraestrutura compartilhada.

“Devido à concentração de pessoas, as células têm de ser muito pequenas”, explicou Eduardo Levy, diretor-executivo do SindiTelebrasil (sindicato das operadoras de telecomunicações).

A rede de telefonia celular funciona da seguinte forma: quanto mais antenas, maior a capacidade da rede, já que as mesmas frequências são usadas em cada uma delas. Aumentando o número de antenas, é como se a operadora multiplicasse as frequências disponíveis para ela.

Durante um jogo de futebol, o uso da rede celular é bastante concentrado em alguns momentos. As pessoas começam a chegar três horas antes, e a fazer fotografias para publicar na rede. O pico acontece quando os jogadores entram em campo. Durante o primeiro tempo, o tráfego cai, para subir de novo durante o intervalo. O uso do celular diminui de novo durante o segundo tempo, para subir quando o jogo acaba. “Cada foto enviada equivale a 20 pessoas falando ao mesmo tempo”, disse Levy, do SindiTelebrasil.

 

Reforço Além dos estádios, as operadoras trabalham para reforçar a cobertura nos locais em que as pessoas vão circular durante a Copa. Um dos grandes problemas, que já afeta a qualidade do serviço hoje, é a quantidade de antenas instaladas nas grandes cidades – não existem em número suficiente. Os turistas que virão ao País para ver o Mundial vão passar pelos mesmos problemas que qualquer usuário dos serviços de telefonia enfrenta hoje nas metrópoles brasileiras.

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Atualmente, as empresas de telefonia celular enfrentam dificuldade de conseguir licenças para instalar antenas novas, principalmente por leis restritivas nos municípios. Existe um projeto de lei na Câmara dos Deputados, conhecido como PL das Antenas (nº 5.013/2013), para resolver essa questão, mas que ainda aguarda votação.

O caso da 4G é ainda mais sério. A quarta geração funciona no Brasil na faixa dos 2.500 MHz. A terceira, em 850 MHz, 1.900 MHz e 2.100 MHz. Por questões físicas, quanto mais alta a faixa de frequência, menor a cobertura da antena. A rede 4G precisa de quatro vezes mais antenas para conseguir a mesma cobertura da 3G.

Além disso, quanto mais alta a frequência, maior a dificuldade de conexão em ambientes internos. Por isso a cobertura da 4G ainda é cheia de buracos. A maior parte das antenas 4G foi instalada nos mesmos lugares das antenas 3G, o que significa que a disponibilidade do sinal da 4G representa cerca de um quarto da 3G.

Wi-Fi Mas o celular vai funcionar bem nos estádios? “Na hora do intervalo, quando todos transmitem fotos, pode haver alguma degradação”, reconheceu Marco de Constanzo, diretor de rede móvel da operadora TIM. “Vai funcionar. A concentração de pessoas pode colocar o sistema em sobrecarga, mas vamos fazer todos os esforços para que isso não aconteça”, garante.

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Antenas Wi-Fi poderiam minimizar o problema. As operadoras conseguiram permissão das administradoras dos estádios para instalar Wi-Fi em seis arenas, também de uso compartilhado. Mas a FIFAainda não deu autorização para as empresas celulares oferecerem o serviço durante as partidas da Copa. Por isso, essa questão ainda está sendo negociada.

As operadoras estão reforçando a cobertura em volta dos estádios, nos hotéis e nas regiões das FIFA Fan Fests, onde serão realizadas exibições públicas de jogos, como o Vale do Anhangabaú, em São Paulo, e Copacabana, no Rio. Leonardo Capdeville, diretor de redes da Telefônica Vivo, afirmou, no entanto, que a situação dos aeroportos é mais preocupante.

“Tínhamos interesse de fazer nos aeroportos o mesmo que foi feito nos estádios”, disse Capdeville. A ideia era instalar miniantenas de uso compartilhado, mas as operadoras não conseguiram fechar acordo com as administradoras dos aeroportos. “Agora vamos ter de reforçar o sinal de fora para dentro”, explicou o executivo.

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