Sábado livre: os sons do Metrô

Agora, aos sábados, o 'Link' apresenta blogs que compartilham cultura de maneira inovadora. Nesta estreia, conheça o blog que mostra o que se ouve no metrô de São Paulo

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Por Tatiana Mello Dias
Atualização:

Sábado é o dia para ouvir, assistir e ler coisas bacanas. E não há lugar melhor para buscá-las do que na internet. O Link inaugura uma nova seção com pessoas que aproveitaram o espaço da rede para pesquisar, selecionar e publicar cultura — seja ela qual for. O “Sábado Livre” será uma seção semanal de entrevistas com pessoas comuns que assumem um papel de curadores e apresentam coisas que não estariam disponíveis de outra maneira.

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Para começar, escolhemos apresentar o Metrophones, blog novíssimo surgido nos subterrâneos de São Paulo. Seus criadores, Daniel Babalin, de 21 anos, e Rebecca Raia, de 20, percorrem o metrô para fazer uma coisa que a maioria das pessoas já quis fazer: perguntar aos passantes o que é que eles estão ouvindo nos fones.

O resultado é um recorte de pessoas e situações diferentes, mas que formam um mosaico interessante da cidade. E de quebra eles ainda postam um streaming para os leitores experimentarem o que está sendo escutado.

O Metrophones por enquanto tem a cara da Linha Verde do Metrô paulistano, mas as outras linhas já começam a ser percorridas. E, ao longo deste ano, os criadores prometem visitar outras cidades do País e do mundo — Londres e Nova York, por exemplo. Conversaos com os criadores para saber mais sobre o projeto:

A ideia é muito boa. De onde surgiu?Daniel: Surgiu meio do nada, vi um vídeo do Scott Schuman, o cara do The Sartorialist, falando sobre o projeto dele, sobre trabalhar com o que ele realmente ama. O invejei. Fiquei pensando que a vida dele deve ser bem legal e comecei a pensar na minha vida, nas coisas que eu gosto. Desde sempre gostei bastante de moda, arte e cultura em geral, mas minha paixão mesmo é a música, daí me veio direto na cabeça a ideia já quase pronta: focar na música, tirar fotos apenas de pessoas com fones de ouvido e começar sobretudo no metrô de São Paulo. Agreguei coisas que têm papel fundamental na minha vida. No mesmo dia falei com a Rebecca, ela já contribuiu com ideias próprias, nos empolgamos, ficamos até umas cinco da manhã fazendo planos. No dia seguinte já estávamos no metrô fazendo as fotos.

Como são escolhidas as pessoas que serão fotografadas?Daniel: Como são muitas pessoas, principalmente no metrô, ficamos o tempo todo de olho, escolhemos pessoas que aparentam ter uma personalidade marcante. A ideia, agora no começo pelo menos, é tentar retratar um pouco dessa mistura caótica que é São Paulo.

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Rebecca: Alguém comentou que todas as pessoas que foram fotografadas são atraentes, mas não escolhemos elas por isso. Eu realmente acredito que todo mundo é bonito de uma forma individual, e procuramos fotografar isso.

Como as pessoas reagem à abordagem de vocês?Daniel: Melhor do que eu esperava. Pensei que eu seria rechaçado direto e as pessoas falariam: “sai daqui cara barbudo estranho”, mas a recepção tem sido super positiva, pouquíssimas pessoas se recusaram. Geralmente o povo se interessa e acha legal a proposta do projeto. Tenho ido em muitas festas, baladas e shows, e divulgado o projeto no ‘boca-a-boca’, muito gratificante você falar sobre algo que criou e ver o povo interessado também.

Rebecca: Recentemente eu estive em uma cidade que não tem metrô como forma de transporte público, e parece que a recepção foi menos entusiasmada. Parece que as pessoas se animam com nosso projeto porque também tem a mesma curiosidade que a gente.

Aos poucos, o blog está criando uma cara de São Paulo — ainda que uma cara da linha verde. Esse era o plano?Daniel: Com certeza, o plano é bem esse, fazer um retrato sócio-cultural, comportamental da cidade. Pensar a música como indutor de estilo de personalidade e como a experiência de viver em São Paulo também influencia no comportamento e no estilo de cada pessoa.O legal é que são essas mesmas pessoas que fazem São Paulo ser o que é. É um ciclo, as pessoas moldam o perfil da cidade e a cidade acaba influenciando o jeito de viver de cada um de nós. Começamos na linha verde, pois, sendo a linha que passa pela Av. Paulista, acho que ela carrega muito disso, de ser o coração de São Paulo, onde tudo acontece.

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Além de ser um blog sobre a cidade, o Metrophones também é um blog de música. Há alguma curadoria?Daniel: Claro que existem coisas que gostamos mais e outras nem tanto. A proposta é tentar ser democrático, pegar pessoas de perfis diferentes. Pretendo talvez mais pra frente fazer uma outra seção, para falar mais detalhadamente sobre música, daí nesse caso escreveria sobre músicas que me agradam, uma coisa mais parcial mesmo.

Vocês pretendem levar o blog a outros metrôs?Daniel: Sim, a ideia é expandir. Faremos fotos nas outras linhas do metrô de SP. Não nos limitaremos somente aos metrôs, é o foco principal, mas não vamos deixar de fora pessoas nas ruas, aeroportos, parques, pistas de skate, etc. Meu pai é comandante na Azul Linhas Aéreas, então pretendo aproveitar o benefício de poder viajar pelo Brasil, para fazer fotos em outras cidades. Em abril vou para Londres passar uns meses lá. Em julho a Rebecca vai para Nova Iorque, Boston e Baltimore e em setembro para Madri e vamos continuar com o nosso projeto mundo afora. Também existe o pensamento de futuramente publicarmos fotos de pessoas que queiram contribuir mandando material de outras partes do mundo, já contactamos amigos gringos, vamos tomar o planeta.

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